Japão Pop no Brasil: documentário é exibido pela tv Cultura!

O documentário produzido pela cineasta Laura Faerman mostra o universo brasileiro de jovens que se vestem (cosplayers) como seus personagens de animações (animes) e quadrinhos japoneses (mangás), lolitas e cantores de bandas J-rock. As gravações começaram em 2007 e foram finalizadas em 2009.

O documentário é um dos vídeos selecionados no edital promovido pelo Governo do Estado de São Paulo, via Secretaria de Estado da Cultura, Fundação Padre Anchieta e o SESCTV, fazendo parte do projeto Janela Brasil.

Japão Pop no Brasil se utiliza de uma linguagem de videoclipe. “O documentário não tem diálogos, eu tentei resgatar aquele sistema de cartelas, típicos do cinema mudo. E os entrevistados não falam de si, eles mostram o que fazem de melhor: que é atuar, como no caso dos cosplayers, ou cantar, no caso das bandas”, revela Laura ao site Made In Japan.

Japão Pop no Brasil

Fenômeno recente entre as manifestações da cultura urbana no Brasil, o culto ao universo da cultura pop japonesa tem mobilizado milhares de jovens de diferentes idades e classes sociais em todo o país. Com o crescente sucesso dessa cultura, nasceu e evoluiu rapidamente uma ativa e fiel comunidade de fãs sediados não apenas em metrópoles como São Paulo, Rio de Janeiro, Natal e Fortaleza, mas também em pequenas cidades por todo o Brasil. A capital paulista, maior colônia japonesa no mundo, tornou-se o centro irradiador deste movimento para outras regiões do Brasil.

“Japão Pop no Brasil” mostra a riqueza e contemporaneidade do intercâmbio proporcionado pelo encontro das duas culturas em uma vertente totalmente atual – a da cultura pop.

O documentário mergulha no universo dos jovens que absorvem a cultura pop japonesa e criam uma subcultura que mistura referências brasileiras com elementos da cultura pop japonesa. O resultado é expresso de diversas maneiras: leitura e confecção de histórias em quadrinho (mangás), prática do cosplay (elaboração de fantasias, maquiagem e performances de personagens dos animês e mangás), musical de animekês (karaokês com músicas das animações japonesas) e games.

A disseminação da cultura pop japonesa entre jovens brasileiros nos põe diante de uma manifestação que, apesar de contar com milhares de participantes, ainda não foi descoberta e incorporada pela indústria cultural de massa.

Teaser

Entrevista – Laura Faerman


(extraída do site Made in Japan)

“Eu acho muito fascinante como as pessoas constróem outro mundo”, diz a diretora Laura Faerman.

Qual foi o primeiro impacto que você teve quando visitou uma feira de anime pela primeira vez?
Eu não sabia nada sobre cultura pop japonesa. Um amigo meu me convidou e eu fui porque eu sempre gostei desses temas ligados à cultura jovem. Depois que eu descobri esse tema dos otakus (admiradores da cultura pop japonesa) fiquei totalmente enlouquecida para fazer um filme sobre isso. Achei muito visual, muito ligado à moda, quadrinhos, cinema… É super-visual.

Você mexeu muito no roteiro inicial?
No começo, a minha ideia era megalomaníaca. Eu queria viajar pelo Brasil inteiro, ir para até para a Amazônia (no fim, o filme foi gravado em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro). Mas depois eu vi que eu não ia ter dinheiro para isso (risos). No começo, era para ser um filme com menos efeitos, uma linguagem mais normal, que a gente está acostumada a ver em documentário.

Agora, o filme está bem esquisito no sentido de narrativa e visual. Eu acho que o Japão Pop no Brasil é a tentativa de abordar esse tema de uma outra forma. Comecei a conhecer uns cosplayers e vi que o forte deles não era entrevista.

Eles sempre diziam: “Gosto de me fantasiar”, “via rede Manchete, quando era criança”. Daí, eu vi que entrevistas eles davam para a televisão, eu quis fazer algo diferente. É meio pedante dizer isto, mas eu acho que o filme tem com uma cara mais autoral. Porque como eu ia mostrar um tema de fantasia com entrevistas?

Como você documenta a experiência de um cosplay? Ele tem que atuar. Como você documenta a experiência de uma lolita? O modo que eu encontrei foi mostrar um ensaio de moda, porque lolita é moda. Elas marcam isso o tempo inteiro: “a gente não é cosplay”.

Mas é isso: o documentário assume um ponto de vista de quem está deslumbrado com o tema. Eu não sou imparcial nisso.

Você lê mangás?
Comecei a me aproximar dos mangás lendo O Lobo Solitário, de Kazuo Koike, Astro Boy, do Osamu Tezuka, e Cinderalla, da artista Junko Mizuno. Mais tarde fiquei fascinada com o Battle Royale e com os Murakamis (o artista e o escritor). Para dirigir o filme li alguns mangás bem populares agora: InuYashaAngel SanctuaryDeath Note. Pesquisei também as soluções visuais dos filmes de tokusatsus. Adoro os efeitos dos filmes doSpectreman, do Jaspion e do Changeman. São criativos, mecânicos e bem acabados.

Tem algo que te surpreendeu durante as filmagens?
Várias coisas me surpreenderam, tipo: de onde as pessoas vinham. Eu não sabia que muita gente vinha da periferia. Eu acho muito fascinante como as pessoas constróem outro mundo. E fui descobrindo como esse movimento de cosplayers é enorme. É tudo na vida dessas pessoas.

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