Saint Seiya – Crônica das Guerras Mitológicas (versão estendida)

Saint Seiya – Crônica das Guerras Mitológicas
Capítulo 1: Coração

O presente. Ano: 1999.
A imensa biblioteca possui arquitetura antiga, no estilo coríntio com imensas colunas preenchidas por caneluras em todo seu entorno e em cada uma das quatro faces laterais do capitel colocados ao centro, um elemento circular decorativo, a flor do ábaco. O piso em mármore branco, intensamente brilhante que reflete as luzes das piras fixadas ao longo de toda a sala e a pintura feita no teto, pintura esta que representa as inúmeras batalhas travadas ao longo dos séculos entre Athena e os diversos Deuses que ansiavam pelo domínio da Terra. As dezenas de estantes esculpidas em carvalho estão repletas de livros, manuscritos e pergaminhos tão antigos quanto à própria biblioteca.

Anexo à biblioteca há um auditório, não menos imponente que ela. Sentada a frente no púlpito, há mulher de longos cabelos castanhos claros, trajando uma túnica inteiramente branca que lhe cobre inteiramente o braço esquerdo e deixa a mostra o braço direito. Pulseiras douradas e um cinto lhe moldam a túnica ao corpo e sandálias de couro com tiras amarradas pouco acima do tornozelo. Em volta dela, dezenas de jovens estão sentados, todos trajando roupas esfarrapadas, ideais para a vida de treinamentos que levam. Homens e mulheres ansiosos por ouvir seus relatos. Todos sabem que a máscara que lhe cobre o rosto lhe confere o título de amazona.

“Todos vocês que estão aqui hoje anseiam por fazer parte da Confraria dos Sagrados Cavaleiros de Athena e tenho certeza que todos farão um dia. Com muito treinamento, é claro.” Sua voz é firme e serena ao mesmo tempo e transmite uma sensação de conforto a todos. “Mas treinar não é tudo. Vocês precisam também conhecer toda a história de nossa Confraria. É por isso que estou aqui. Seus mestres lhes ensinaram as técnicas de combate dos cavaleiros, mas eu lhes ensinarei a história dos cavaleiros. Meu nome é Yulij, Amazona de Bronze de Sextante, e a partir de hoje serei sua mestra também.”

“Uma Amazona de Bronze? Nossa mestra? Eu esperava que alguém mais forte estaria nos instruindo e não uma reles amazona de bronze.” O jovem aprendiz debocha descaradamente de Yulij. Todos riem junto com ele.

“Vejo que você é o que mais tem a aprender aqui garoto. Se não sabe qual é a função de quem usa a Armadura de Sextante, então você não serve nem mesmo para ser um simples guarda do Santuário de Athena.” Todos param de rir e o garoto se sente acuado enquanto Yulij se aproxima e para entre os aprendizes. Seu Cosmo começa a se intensificar e a Armadura de Bronze de Sextante começa a se formar sobre seu corpo, deixando todos impressionados. “Quem usa esta armadura tem como função principal registrar a história e nossa Confraria e apenas em último caso entrar em um combate físico. É por isso que mesmo os Cavaleiros mais poderosos se referem a mim como Mestra, pois sou a detentora de todo o conhecimento do Santuário.” Ela se vira e se dirige novamente ao púlpito, se desfazendo de sua armadura que volta a forma de uma simples túnica. “Talvez um dia um de vocês venha a se tornar meu discípulo, mas, por enquanto, todos aqui irão aprender comigo. A cada nova geração de aprendizes, o detentor da Armadura de Sextante os reúne aqui para lhes contar como nasceu a Confraria dos Sagrados Cavaleiros de Athena, que teve início da seguinte forma.”

O passado. Ano: 1506 a.C. Vale do Rio Narmada, entre as Colinas de Satpura e as Colinas de Vindhya ao norte do Planalto de Deccan em Sapta Sindhuna, atual Índia.

A floresta aqui é o lar de diversas espécies de animais e aves e uma enorme variedade de plantas. Um lugar de beleza sem igual alimentada belas águas do Rio Narmada. Mas suas águas não trazem apenas vida. Elas também transportam o terrível sabor da morte.

Uma jovem apresentando vários hematomas nos braços e no rosto se arrasta para fora das águas. Seu nome é Zaniah. Ela anda cambaleante por alguns metros, respiração acelerada, sua visão começa a ficar turva e por fim ela cai exausta na areia. Seu sari branco está muito rasgado e trás marcas de sangue.

Zaniah abre lentamente os olhos. Nuvens ocultam o brilho da lua. Está muito escuro e ela não faz idéia de por quanto tempo ficou desacordada. O frio que percorre seu corpo e a dor intensa não deixa a menor dúvida de que, apesar de tudo ela ainda está viva. Mas ela não sabe por quanto tempo. Ela tosse muito. A dor lhe impede de se mover e ela fica com o sangue misturado a outras secreções escorrendo pela lateral da boca, banhando a lateral de seu rosto e tingindo a terra.

A dor lhe faz recordar a cada instante da violência que sofrera. Ela fecha os olhos e sua mente lhe mostra lampejos daquele terrível momento. Cada golpe que levou estava marcado em seu corpo. O sangue em suas roupas são a prova da inocência que lhe foi roubada. O frio que sente por ter sido lançada às águas do rio, semimorta para então morrer.

“Lorde Brâma, por que me mantém viva? É o meu karma sofrer tanto assim antes de morrer? Será que devo ser devorada por alguma fera?” De olhos fechados, ela se perde em seus próprios pensamentos. Eis que ouve um ruído vindo das moitas próximas. Seus olhos se abrem assustados. Seu coração dispara e a respiração se torna ofegante. Ela tenta mover seu rosto para o lado aonde veio o barulho, mas a escuridão não lhe permite ver nada.

“Pobre criança… Violentada… Humilhada… Esperando pela morte que jamais chega…” A foz feminina está a poucos metros dela, mas os passos na areia não deixam dúvida de, quem quer que seja está se aproximando. Então, diante de seus olhos ela vê os pés de alguém.

“Ajude-me, por favor…” – ela suplica enquanto tenta se virar para ver que está ali. As nuvens começam a se mover e aos poucos a luz do luar revela a faça daquela pessoa. Era uma mulher muito bonita, com cabelos castanhos presos com adornos dourados. Trajava um sari todo branco com detalhes dourados.

“Não criança. Eu não estou aqui para ajudá-la.” A mulher cruza os braços levando sua mão direita ao queixo.

“Por favor…” Zaniah está deita de lado. Braço direito caído sobre a barriga, sangue escorrendo pela boca e lágrimas de seus olhos.

“Criança, se eu ajudá-la, o que fará? Voltará a sua vila para ser violentada novamente? Irá para outra vila para viver de esmolas? Não seria melhor morrer aqui e encerrar seu sofrimento?”

Com muito esforço Zaniah se coloca sentada de lado, apoiada sobre os dois barcos. Seus longos cabelos negros caem pelos dois lados de sua face. Nuvens encobrem a Lua novamente, deixando tudo escuro por um tempo.

“Seria preferível morrer a viver me lembrando da humilhação que sofri. Mas, não é meu desejo morrer aqui. Não desta forma.”

“E o que você deseja criança? Vingança? Justiça? Quem irá vingá-la? Quem lhe fará justiça?”

Zaniah não entende por que a estranha lhe chama de criança, mas entende claramente as palavras que ela diz. Ninguém a viu ser atacada. Se ela não aparecer, pensaram que foi atacada por uma fera. Se fizer acusações, como conseguirá prová-las? Ela cerra os olhos que derramam lagrimas e abaixa a cabeça. Seu coração e sua alma clamam por justiça.

“Eu posso oferecer a seu coração a justiça pela qual clama. Posso lhe oferecer a chance de punir seus agressores. Mas minha ajuda terá um preço.”

Os olhos de Zaniah se abrem e ela se vira para olhar esta misteriosa mulher. As nuvens que encobriam a Lua se vão permitindo que ela a veja novamente.

“O que você quer de mim? Não tenho nada para lhe oferecer?”

“O que eu quero você saberá no seu devido tempo. Uma vez que seu coração já aceitou minha oferta, você não tem mais como desistir.”

De fato, Zaniah não precisava dizer que aceitava, pois, no fundo de seu coração ela desejava punir seus agressores.

“Você deve seguir nesta direção.” – a mulher aponta para a floresta. “Lá você encontrará o que deseja.”

Zaniah se volta para a floresta na direção indicada pela mulher imaginando o que poderia haver ali que iria ajudá-la. Quando se vira novamente, a mulher já não está mais ali. Desapareceu. Zaniah se levanta com dificuldade e olha ao redor em busca dela sem sucesso. Terá sido algum tipo de visão? Ela não sabe, mas sente que, de alguma forma, a dor que açoitava seu corpo diminuiu. Por um instante ela aproxima as duas mãos de seu peito e abaixa a cabeça como que se estivesse fazendo uma prece e então se lança em direção à floresta.

  • Primeira Geração de Cavaleiros

Herse – primeiro avatar humano da Deusa Athena. Uma das três filhas do Rei Cecrops I.
Aglaurus – primeiro avatar humano da Deusa Nike. Uma das três filhas do Rei Cecrops I.

Cavaleiros de Ouro
Hydria, Amazona de Aquário – significa “jarro de água”.
Cecrops, Cavaleiro de Capricórnio – primeiro Rei Mítico de Atenas.
Ankaa, Amazona de Libra – nome da estrela Sigma da constelação.
Simmah, Amazona de Peixes – nome da estrela Gama da constelação.
Sargas, Cavaleiro de Escorpião – nome da estrela Theta da constelação.
Zaniah, Amazona de Virgem – nome da estrela Eta da constelação.
Seshat, Amazona de Virgem – nome da Deusa Egipcia da Escrita.

Cavaleiros de Prata
Altair, Cavaleiro de Águia – nome da estrela Alfa da constelação.
Karnot, Cavaleiro de Altar – nome da estrela Beta da constelação.
Alderamin, Cavaleiro de Cefeu – nome da estrela Alfa da constelação.
Thani, Amazona de Cetus – nome da estrela Beta da constelação.
Arianna, Amazona de Coroa Boreal – O nome da ninfa Ariadne em latin
Gienah, Amazona de Corvo – nome da estrela Gama da constelação.
Alkes, Cavaleiro de Cálice – nome da estrela Alfa da constelação.
Rigil, Cavaleiro de Órion – nome da estrela Beta da constelação.
Alcheb, Cavaleiro de Perseu – nome da estrela Alfa da constelação.
Pandrosus, Amazona de Serpente – Uma das três filhas do Rei Cecrops I.
Metallah, Amazona de Triângulo – nome da estrela Alfa da constelação.

Cavaleiros de Bronze
Alpheratz, Cavaleiro de Andrômeda – nome da estrela Alfa da constelação.
Procyon, Cavaleiro de Cão Menor – nome da estrela Alfa da constelação.
Marj, Amazona de Cassiopéia – nome da estrela Gama da constelação.
Alfekka, Amazona de Coroa Austral – nome da estrela Alfa da constelação.
Rotanen, Cavaleiro de Golfinho – nome da estrela Beta da constelação.
Kitel, Cavaleiro de Cavalo – nome da estrela Alfa da constelação.
Dhalim, Cavaleiro de Eridano – nome da estrela Beta da constelação.
Arneb, Cavaleiro de Lebre – nome da estrela Alfa da constelação.
Kakkab, Cavaleiro de Lobo – nome da estrela Alfa da constelação.
Enifs, Cavaleiro de Pégaso – nome da estrela Epsilon da constelação.
Difda, Amazona de Peixe Austral – nome da estrela Alfa da constelação.

  • Inimigos

Perséfone – Rainha do Submundo

Guarda Pessoal de Perséfone – Sins (Pecados)
Lucrécia de Lechery (Luxúria) – ref. Lucrécia Bórgia, por razões obvias
Aken de Nimis (Gula) – ref. Jeroen Anthoniszoon van Aken, pintor holandês
Evelyn de Greed (Avareza) – ref. Evelyn De Morgan, pintora
Isaac de Pigritia (Preguiça) – ref. Isaac Watts
Giotto de Wrath (Ira) – ref. pintor italiano
Covar de Envy (Inveja) – ref. pintor espanhol
Augustine de Pride (Soberba)

Marinas de Poseidon

Yakros de Triton – filho de Poseidon

Sereias
Thetys de Mermaid
Parthenope – Rainha das Sereias
Thelxiope – Cantora que enfeitiça
Psinoe – Controladora de Mentes
Ligeia – Doce Sonoridade

Generais Marinas
Bian de Cavalo Marinho -Pacífico Norte
Io de Scylla – Pacífico Sul
Sorento de Siren – Atlântico Sul
Kanon de Dragão Marinho – Atlântico Norte
Isaak de Kraken – Glacial Ártico
Kasa de Lymnades – Glacial Antártico
Krishina de Krysaor – Índico

Tenentes
Isaiah de Leviathan – o Profeta Bíblico e o monstro-marinho do Velho Testamento
Lahmu de Tiamat – o filho de Tiamat e a Deusa Babilônica do Mar
Klarrman de Chessie – sobrenome de um dos pescadores que teria visto o monstro-marino da Baia Chesapeake, EUA
Kain de Galeocerdo (tubarão-tigre) – o personagem bíblico
Augustine de Lusca – região da Flórida, EUA, e o monstro -marinho do caribe
Margate de Trunko – região da África do Sul onde este monstro (Trunko) teria sido visto
Derleth de Cthulhu – pessoa que trocava correspondência com H.P. Lovecraft e o monstro destrico por Lovecraft em seus pemas
Homer de Charybdis – o herói grego e o redemoinho tenebroso

Capítulo 2: Templo

As nuvens, que antes eram poucas, agora são muitas. Os pingos, antes esparsos, caem agora com a força de uma tempestade, tão densa e poderosa que, junto com a escuridão da noite tornam ainda mais difícil caminhar pelo meio da floresta. A única luz vem dos relâmpagos que riscam o céu enquanto que o ruído dos trovões reverbera por toda parte.

Zaniah caminha pela densa floresta há tanto tempo que nem sabe dizer quanto. Faminta e cansada, ela segue em frente apenas movida pela sua força de vontade. Ela se recosta numa árvore para descansar por um instante e lança seu olhar para o céu.

“Lorde Brâma, para onde está me enviando? Era aquela mulher um de seus avatares?” – ela abaixa a cabeça e solta um breve suspiro. “Não sei o que ela fez, mas, sinto que meu corpo não dói mais.”

Zaniah se afasta da árvore, se apoiando apenas com a mão esquerda, deixando seu braço esticado. Num momento de hesitação, ao olhar para a árvore no momento em que ocorre um relâmpago, se assusta e cai ao chão, afastando-se ligeiramente. O que ela achou ser uma árvore se revela pelos claros como outra coisa.

“Uma estátua…” – sussurra. Ela se levanta e percebe que estava recosta em uma estátua e não numa árvore. Mas não uma estátua qualquer. “Lorde Murugan…” Ela reconhece facilmente a estátua do Deus da Guerra. Ela começa a olhar a sua volta. Uma estátua jamais estaria perdida ali no meio da floresta. Então um clarão faz por revelar a verdade. Perdido em meio à floresta um imenso templo construído em estilo Hoysala.

“Aum Asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyormā amṛtam gamaya
Aum śānti śānti śānti “

Alguém entoa um mantra. Zaniah caminha em direção à entrada principal do templo, caminhando por entre a vegetação e pedaços de paredes que jazem ao chão. Subindo um lance de escada com cerca de dez degraus, ela observa que o templo se estende por várias dezenas de metros à esquerda e à direita. Ela procura por quem entoava o mantra, olhando tudo o redor.

“Aum Asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyormā amṛtam gamaya
Aum śānti śānti śānti “

Agora o som do mantra está mais forte. Ela vem na entrada do templo um monge que se dirigindo para seu interior e junto com ele dezenas de vultos de pessoas.

“Por favor, monge. Preciso de ajuda.”

Não há resposta. Zaniah se aproxima do templo e observa a sua frente à enorme porta. Acima dela o lintel apresenta uma makaratorana, uma figura em alto relevo de Murugan e acima a shikara, a cúpula do templo. Ela não liga mais para a chuva. O clarão dos relâmpagos cessa momentaneamente e então Zaniah pode perceber uma tênue luz vinda de dentro do templo que a faz avançar lentamente para lá.

Cruzando a porta, Zaniah se encontra na primeira mantapa, o lugar onde as pessoas fazem suas orações, completamente deserto.

“Para onde foram todos? Vi que entraram aqui.”

O clarão dos relâmpagos ilumina o lugar, permitindo que detalhes do lugar se mostrem para ela. As colunas apresentam desenhos que representam animais míticos, deuses e flores.

“Aum Asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyormā amṛtam gamaya
Aum śānti śānti śānti “

Novamente o mantra. Voltando-se para sua esquerda, lá está o monge caminhando por entre as colunas.

“Por favor, monge. Preciso de ajuda.” – chama pelo monge, mas não é ouvida. Não há ninguém ali.

“Aum Asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyormā amṛtam gamaya
Aum śānti śānti śānti “

Agora o mantra vem da entrada do templo e o monge aparece entrando em uma sala localizada do outro lado mantapa, em frente à entrada do templo. Zaniah para novamente na entrada do templo. A frente ela vê a entrada da garbha griha, a câmara onde fica a imagem do Deus a quem o templo pertence, e onde somente os sacerdotes podem entrar. Dali vem a tênue luz que ela havia visto anteriormente e dali é entoado o mantra.

Ela se aproxima da entrada da garbha griha e para na porta. No meio do salão ela vê uma estátua e em volta dela pequenas velas acesas parcialmente consumidas pelo fogo. Atrás dela os relâmpagos clareiam a mantapa.

“Monge? Tem alguém aí? Preciso de ajuda…”

Ninguém respondeu. Ela entrada na garbha griha, se aproximando cuidadosamente com sua atenção voltada para a estátua não prestando atenção aos odores exalados pelo lugar. Ela reconhece a estátua. É Murugan, Deus da Guerra. Enquanto fita a estátua ela olha em volta procurando por alguém. O som do mantra ecoa por toda a sala. Um passo atrás, um tropeço e ela cai ao chão.

“Ah…”

Novo susto. Ao seu lado o corpo de alguém morto há muito tempo. Ela se afasta do corpo e se choca contra outro, sofrendo um corte em sua mão direita. Ela se levanta assustada, se ponde em frente á estátua e então se dá conta. Sob ao clarão de um relâmpago ela vê o salão repleto de corpos. Ela estava tão concentrada na estátua que não percebeu antes. Dentre os corpos é possível observar a presença de velhos, homens e mulheres. Alguns pareciam ter morrido há muito tempo e outros há poucos dias. Dentre os corpos ela reconhece um. Um monge que ela conhecerá anos antes e aquém ela tinha uma profunda admiração.

“Monge, por que veio morrer aqui?” Ela se aproxima do corpo e percebe que era o mesmo monge que havia visto antes andando pelo templo. “Como isso é possível?” Atrás dela, a estátua começa a brilhar.

“Aum Asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyormā amṛtam gamaya
Aum śānti śānti śānti “

Zaniah se vira, assustada. Ela senta como se uma voz a chamasse e se aproximando da estátua, tocando-a com sua mão direita. A estátua começa a brilhar mais forte e Zaniah se afasta, fechando seus olhos e virando seu rosto para se proteger da intensa luz.

A luz cessa. Zaniah se volta novamente para a estátua, que já não é mais de Murugan. Agora a estátua tem a forma de uma pessoa sentada em posição de lótus.

“O que aconteceu? A estátua se modificou.”

“Aum Asato mā sad gamaya
Tamaso mā jyotir gamaya
Mṛtyormā amṛtam gamaya
Aum śānti śānti śānti “

O mantra parece ser entoado pela própria estátua. Ela sente uma paz profunda em seu coração e novamente se aproxima e toca a estátua que brilha novamente. O brilho dourado envolve seu corpo enquanto a estátua dourada se desfaz na forma de uma névoa dourada e toma o corpo de Zaniah.

“Ahh….”

Zaniah sente como se seu corpo inteiro estivesse queimando. O salão todo é preenchido pelo brilho dourado. A chuva cessa e as nuvens se dispersão revelando a Lua. O brilho dourado desaparece. Ela cai de joelhos se apoiando nas duas mãos, tossindo muito e expelindo sangue pela boca. A dor é quase insuportável. Ela então se põe de joelhos.

“O que aconteceu?” Seu corpo está coberto por uma armadura dourada cintilante.

  • Perfil de Yulij

Nome: Yulij Taneyev
Classificação: Amazona de Bronze
Constelação Protetora: Sextante
Nascimento: 12 de Maio de 1982 (17 anos)
Signo: Áries
Local de nascimento: Moscou, Rússia
Local de treinamento: Ilha Ven, Estreito de Oresund, entre a Dinamarca e a Suécia
Cabelos: Castanhos
Olhos: Azuis
Pele: Clara
Altura: 1m74cm

Curiosidades:
• Yulij é um nome russo que, traduzido para o português, significa Júlia. O nome é uma homenagem ao violinista e compositor russo Yúlij Eduárdovič Konyús.
• Taneyev é uma homenagem ao violinista, compositor e professor russo Sergei Ivanovich Taneyev e entre seus alunos se destacam Sergei Rachmaninoff e Yúlij Eduárdovič Konyús.
• Seu local de treinamento é uma homenagem a Tycho Brahe, astrônomo dinamarquês que construiu dois observatórios, Uranienborg (Castelo de Urania, a Musa da Astronomia) e Stjerneborg (Castelo da Estrela), nesta ilha. Neste local ele utilizou o sextante para medir a posição de diversas estrelas.

História:
Nascida em uma família cheia abastada, Yulij Taneyev cresceu cercada de todo o conforto que uma criança poderia querer e cresceu cercada por livros. Aos 7 anos de idade já demonstrava interesse por história e ciências. Nesta época, sua família recebeu a visita de um emissário do Santuário, o Cavaleiro de Ouro Kamus de Aquário, que veio buscá-la para se torna uma amazona para servir à Athena. Ele a levou até a Ilha de Ven para aprender sobre o Cosmo e a ler as estrelas com Benj, o até então Cavaleiro de Sextante, e regularmente o próprio Kamus viria até ali para lhe instruir.

Passados 12 anos do início de sua instrução e sabendo que deixaria este mundo em breve, Benj preparou um teste para sua pupila para determinar se ela seria ou não digna de receber a vestimenta sagrada.

Yulij recebeu a armadura de Sextante de Kamus e depois foi levada por ele para o Santuário para ser apresentada ao Grande Mestre Shion.

Função:
O cavaleiro ou amazona que utiliza esta armadura tem como função principal registrar a história da Confraria dos Sagrados Cavaleiros de Athena, mantendo-a sempre um registro preciso de tudo que ocorre com qualquer cavaleiro. Apenas em último caso entra em um confronto físico e se reporta diretamente ao Grande Mestre e à Athena.

Por sua posição estratégica, até mesmo os Cavaleiros de Ouro tratam o cavaleiro ou amazona de sextante como Mestre e ninguém a não ser o Grande Mestre ou a própria Athena pode questionar suas ordens.

Capítulo 3: Preço

O sol se encontra alto no céu. A pequena vila aos pés das Colinas de Vindhya está em silêncio. Ouve-se apenas o som do vento e da floresta. Seus habitantes jazem ao chão. Imóvel no meio da vila, a jovem trajando sua armadura dourada está quieta. Seus longos cabelos negros, assim como o manto que lhe cobre parte da armadura balançam com o vento. Seu rosto está oculto por uma máscara com desenhos tribais nas laterais que permite ver apenas a parte inferior do rosto e os olhos, olhos que não demonstram nenhum remorso.

A noite anterior.
Zaniah se levanta cambaleante e com dificuldades. A sensação de estar sendo queimada se dissipa lentamente e agora sente uma energia indescritível fluir por todo seu corpo.

“Como se sente criança? Qual a sensação de sentir o Cosmo fluindo através de cada fibra do seu corpo?”

Zaniah se vira. Ali, sentada no beiral de uma janela está novamente a mulher misteriosa de antes.

“Cosmo?” – ela pergunta.

“Cosmo, Zaniah, é a essência de tudo que é vivo neste mundo. A maioria das pessoas não se dá conta da sua existência e morre sem jamais ter experimentado essa sensação. Mas a aqueles, como você, que conseguem manifestá-lo.”

“Como isso é possível? Como posso liberar algo que jamais havia ouvido falar antes.”

“Não conscientemente. Foi a manifestação inconsciente de seu Cosmo que a manteve viva. Ou você pensa mesmo que teria sobrevivido tanto tempo dentro daquele rio?”

Zaniah reclina sua cabeça e pensa. Quanto tempo ela teria ficado dentro do rio até sair naquele banco de areia?

“Cinco dias.” – responde a mulher. “Você ficou cinco dias dentro do rio. Inconsciente. Foi sua vontade viver que a fez manifestar seu Cosmo inconscientemente.”

“Foi por isso que você veio até mim?” – pergunta.

“Sim. A Deusa a quem sirvo necessita de guerreiros que tenham um Cosmo poderoso ao seu lado. Guerreiros como você.”

“Não sou uma guerreira.”

“Você é uma guerreira sim. Apenas não descobriu isso ainda.”- a mulher se aproxima e começa a rodeá-la.”Sua vida tem sido de luta até hoje. Você lutou contra aqueles que a agrediram. Contra a morte nas águas do rio. Para chegar até este local. Para suportar o Cosmo que foi liberado pelo seu corpo e, acima de tudo, luta pela própria vida e continuará sendo até o fim de seus dias.”

Zaniah abaixa a cabeça novamente. Pensativa. E então sorri maliciosamente.

“A sensação é maravilhosa. É como se esta armadura falasse comigo.”

A mulher sorri.

“E ela fala mesmo. Esta armadura nasceu do sacrifício de uma alma humana. Ouça o que a armadura lhe diz. Você irá aprender muito se ouvi-la.”

“Athena… quem é ela? Por que a armadura fica sussurrando este nome para mim?”

“Athena é a Deusa a quem sirvo desde tempos imemoriais. E a quem você serve também. Ela recebe a todos que desejam servi-la de com todo seu amor mas, das mulheres ela pede algo em troca. Ela cobra um preço como prova de sua lealdade.”

“Preço?” Zaniah se lembra. A mulher disse que iria oferecer ajuda, mas que haveria um preço a ser pago. “Que preço é esse?”

“Sua vida como mulher. Esse é o preço. Ao aceitar servir Athena você deve abrir mão de sua feminilidade e passará a receber o mesmo tratamento que Ela dá aos seus outros Cavaleiros.”

“Como posso abrir mão de algo que faz parte de mim?”

“Seu rosto. Deste dia em diante deverá ocultá-lo de todos. Ninguém jamais verá seu rosto novamente.”

A mulher se agacha e pega uma pequena máscara rústica de madeira no chão e entrega-a para Zaniah. Ao tocá-la, uma névoa dourada se forma em sua mão e transforma a máscara, dando a ela uma aparência mais refinada.

“Seu rosto ficará até o fim de seus dias oculto sob está máscara. Seu corpo ficará sempre guardado por sua armadura. Nenhum homem jamais poderá vê-la novamente como mulher. Apenas como uma mulher cavaleira, uma Amazona.”

Zaniah fita contemplativa a máscara.

“O que a armadura diz é verdade?” pergunta

A mulher solta um breve suspiro.

“Eventualmente, se acontecer, você é quem deverá decidir.”

“E Athena?” ela pergunta.

“Eventualmente você irá se encontrar com Ela.”

Zaniah vira a máscara e a coloca sobre seu rosto. Antes uma peça inteiriça de metal branco, agora ela toma a forma e os contornos do rosto de Zaniah, deixando amostra apenas seus olhos e a parte inferior de seu rosto. Desenhos tribais de cor negra surgem nas laterais da máscara.

“Vá e realize tudo aquilo que deseja, Zaniah, Amazona da Constelação de Virgem. Quando tudo estiver concluído, ouça sua armadura e ela dirá para onde ir.”

O presente. Ano: 2009.
Auditório anexo á biblioteca do Santuário.
“Mestra Yulij, Virgem foi o primeiro cavaleiro, ou melhor, amazona escolhida por Athena?”

“Não jovem aprendiz. Ela não foi a primeira mas teve sua importância dentro da história de nossa confraria. Tenham calma e deixem-me continuar minha história.”

O passado.
Zaniah se virá e parte em silêncio, desaparecendo na noite.

“Ela é muito bonita. Será um belo presente.” – Das sombras aparece uma mulher de longos cabelos loiros, trajando um manto negro e vermelho. Seus olhos têm um brilho azul cintilante e em pequeno adorno dourado prende seu cabelo do lado direito.

“Resta saber quanto tempo ela irá durar. Você viu como seu corpo reagiu ao ser tocado pela armadura.”
“Sim. Eu a tenho observado das sombras desde o momento em que você a encontrou. Sua determinação é algo admirável, pena que não valerá nada.” A mulher de cabelos dourados some nas sombras novamente.

Amanhecer. À medida que o sol desponta no horizonte do Planalto de Deccan, a sombra da morte paira sobre uma pequena vila.

Capítulo 4: Aprendiz

Cosmo. A energia que move o Universo e que existe em todas as coisas e seres vivos. Manifesta-se de forma especial nos seres humanos que, em sua maioria desconhecem sua existência, mas, a aqueles que conseguem manifestá-lo. Quão poderosa será a manifestação dependerá apenas da força de vontade da pessoa. Os limites para a manifestação plena do Cosmo são impostos pelo corpo e pela mente, mas, existem certos gatilhos que, quando disparados, rompem estes limites e a expansão do Cosmo pode chegar ao infinito por uma ínfima fração de tempo. Esses gatilhos estão associados às emoções humanas. Emoções como a raiva.

A raiva que Zaniah sente foi tamanha que fez seu Cosmo expandir de forma assustadora, gerando uma poderosa explosão que destruiu tudo que estava próximo, ceifando a vida de tudo e de todos ali presentes. Até mesmo as águas do rio deixando correr por um instante. Mas, o que teria gerado tanta raiva.

O Sol começa a despontar por entre as montanhas anunciando o nascer de um novo dia. Raios de luz penetram a densa floresta enquanto Zaniah se desloca por entre as árvores à grande velocidade. Ela para alguns metros de uma estrada que segue ao longo do rio. Do alto de uma árvore, sua capa tremula ao vento fresco da manhã. Dali ela observa a distância a vila onde nasceu.

“Isso é incrível! Fui capaz de percorrer em poucas horas uma distância que teria levado dias.”

Uma carroça puxada por um boi passa logo abaixo, conduzida por dois homens. Eles a deixam numa cocheira metros à frente, descarregam a pouca carga e cruzam a ponte rumo à vila. Zaniah desce ao solo e se aproxima da cocheira. Ali, vários animais descansam. Enquanto passa uma de suas mãos na crina de um dos cavalos, vozes à distância fazem-na se esconder, colocando-se atrás dos cochos. Duas mulheres estão ás margens do rio lavando roupas.

“Não podem me ver dessa forma. Não ainda.”

Enquanto observa, algo acontece. Sem que ela queira, a armadura se modifica, assumindo a forma de roupas comuns, um sári. A única coisa que permanece intacta é sua máscara.

“Assim eu posso ir até a vila.” Ela pensa enquanto deixa a cocheira e segue rumo à ponte que liga os dois lados. Muito pequena para a passagem de carroças, o que levou a construírem a cocheira do outro lado. Presa por cordas dos dois lados e tendo nomeio uma grande árvore que a segmenta em duas partes.

Ao passar pelas mulheres, a conversa lhe chama a atenção, deixando-a muito aflita.

“Isso não pode ser verdade. Preciso saber se isso é verdade.”

Ela segue mais determinada rumo à vila. No caminho passa por alguns soldados que a olham com olhares desejosos. Foram homens como esses que a violentaram. Eles param, se entreolham e resolvem segui-la à distância.

Próximo à entrada da vila ela vê aquilo que jamais desejou ver. Seu pai, morto e amarrado à estacas à beira da estrada.

“Por que fizeram isso com você? Não bastava o que fizeram comigo?” Lágrimas lhe escorrem sob a máscara.

“Veja, ela está chorando por aquele inútil do Adil.” Os soldados que a seguiam se aproximam e riem muito. “Esse imprestável não merece as lágrimas de ninguém.”
“Qual foi crime deste homem?” Zaniah se volta para os soldados que se surpreende ao perceber a máscara sobre seu rosto. “O que ele fez para merecer tal castigo?”

“Ele vendeu a filha para o Comandante Shandar, mas ela não o quis e o agrediu. Ele não teve outra opção senão matá-la”. Disse um dos soldados.

“Mas não sem se divertir com ela um pouco.” Falou o segundo. “Pena que não estávamos aqui. Os outros disseram que ela era linda.” E começam a rir novamente.

Aquelas palavras atingem-na como a estocada de uma lança no peito e sem pensar duas vezes ataca um dos soldados que, devido à intensidade do Cosmo que ela concentrou no punho é rasgado ao meio, tingindo o chão com seu sangue. O segundo soldado se assusta e tenta atingi-la com sua lança que é facilmente destruída. Seu Cosmo brilha intensamente.

“Você é um Ashura?” O soldado cai ao chão. Trêmulo, tentando se afastar dela.

Zaniah agarra-o pelo pescoço e o ergue facilmente do chão. “Não sou um Ashura. Sou algo pior. E você dirá isso a Shandar.” E o joga ao chão a metros de distância, sobre uma moita. Ele se levanta e correr tropeçando nas próprias pernas rumo à vila.

Em instantes os soldados que fazem guarda na vila se reúnem no centro dela junto a seu comandante, Shandar.

“Você me diz que uma mulher rasgou um soldado ao meio com um único soco e que ela irá fazer o mesmo comigo? É isso?”

“Sim senhor.” O soldado ainda está trêmulo. Seu comandante é um homem conhecido por sua crueldade. “Você está brincando comigo?”

“Não senhor. Ela ficou parada em frente ao corpo de Adil e … veja, ali vem ela.”

O soldado aponta em direção à entrada da vila por onde Zaniah se aproxima. Não há nenhuma manifestação de Cosmo ao seu redor, mas todos sentem algo ruim a sua volta. As pessoas se afastam para lhe dar passagem. Os soldados, num total de dez estão em volta de Shandar. Ela para frente dele.

“Essa é a mulher que veio me matar soldado? Essa criatura pequena e insignificante?” De fato, perto de Shandar e seus 2,10 metros de altura ela parecia ser insignificante. “Soldados, façam o que quiserem com ela e depois dêem sua carcaça de comer aos tigres.” Os soldados a cercam, Shandar se vira e vai embora. Um vento forte sopra e os soldados são lançados longe.

“Pretende fugir assim seu covarde?” Shandar se vira e vê todos seus soldados caídos ao chão e sobre as cabanas.

“Mate-o.” sussurra a armadura em sua mente.

“Como? Como fez isso? Você é um Ashura”

“Você não tem que se preocupar com quem ou o que eu sou. Você viverá apenas para me contar por que matou meu pai.”

“Seu pai? Não pode ser? Você morreu.”

“Deveria ter morrido mesmo, mas não foi este o desejo dos Deuses.” Suas roupas mudam para sua forma original e revelam a armadura dourada novamente. “Por que matou meu pai, diga.”
“Elimine-o. Ele merece pelo que fez.” sussurra a armadura em sua mente.

Zaniah faz seu Cosmo se expandir e Shandar cai ao chão.

“Você quer saber, eu vou contar.” Shandar começa a se levantar. “Seu pai era um inútil miserável que não sabia fazer nada, a não ser vender os próprios filhos. Ele me vendeu você para que fosse minha esposa, mas você, além de me rejeitar ainda me agrediu, marcando meu rosto.” Ele mostra a cicatriz no lado esquerdo da face. “Então, depois de eu meus homens nos refestelarmos com você, a jogamos morta no rio. Mas você não morreu. Ao que parece nem os Deuses querem uma rameira como você junto a eles.”

“Elimine-o. Ele merece pelo sofrimento que lhe causou.” sussurra a armadura em sua mente.

“Ela deve ter se vendido as Ashuras para continuar viva.” Disse uma mulher.

“Não dava atenção a ninguém. Merecia mesmo morrer.” Disse outro.

“Acabe com todos que te humilham.” sussurra a armadura em sua mente.

As pessoas começaram a lhe proferir diversas ofensas, que a deixavam mais e mais nervosa.

“Vê como você era querida aqui, rameira? Deveria ter permanecido morta para não ouvir isso.” Shandar ri, zombando dela.

Até mesmo as crianças riam e zombavam. Menos uma. Dhalim observava tudo. Imóvel.

“Ninguém aqui é inocente.” sussurra a armadura em sua mente.

“Tome garoto. Proteja-se com isso e não retire por nenhum motivo.” Uma mulher estranha cobre-o com um manto branco. Sem entender o porquê, ele cobre-se por completo, deixando apenas seu rosto a mostra.

“Chega!” Berra Zaniah. Seu Cosmo começa a brilhar intensamente, envolvendo seu corpo. E explode num imenso clarão que desintegra a todos e chega até o rio, vitimando também as mulheres ali estavam. Sua raiva a levou a ultrapassar seus limites. Quando a explosão de seu Cosmo cessa, ela cai de joelhos ao chão e cospe muito sangue, desmaiando em seguida.

As horas passam e a noite chega. Zaniah desperta ao lado de uma fogueira.

“Quem está aí?” Ela se levanta ainda sentindo alguma dor e vê uma figura conhecida do lado da fogueira.

“Então, você me ajudou novamente?” Ela dirige suas palavras à mulher misteriosa de antes, que está ali, sentada, atiçando as chamas da fogueira.

“Não. Não fui eu. Foi ele.” Ela aponta para Dhalim que se aproxima trazendo mais lenha para a fogueira. Zaniah o reconhece, mas não diz nada. Ele apenas se aproxima e joga o que trouxe no fogo.

“Se sente feliz agora? A justiça foi feita? – pergunta a mulher.

“Não.” – Zaniah está de cabeça baixa e olhos fechados. “Jamais pensei que as pessoas daqui me queriam tão mal.”

A mulher nada diz. Apenas esboça um sorriso.

“Senti tanta raiva, tanto ódio que me deixei levar pelo que a armadura me dizia e liberei todo o poder dela. Eliminei todo o mal que havia aqui.”

“Sim. Mas não havia apenas o mal neste lugar.” – Ela se vira de lado, olhando diretamente para Dhalim. Zaniah faz o mesmo.

“Você o poupou, não foi? Por que”

“Não era seu destino morrer aqui. Assim como você e eu, ele deve servir aos Deuses. Consegue sentir isso?”

“Entendo. Agora que você disse, consigo sim. Posso sentir o Cosmo dentro dele.”

“Leve-o com você e ensine-o a usar esse Cosmo. A armadura lhe mostrará como.”

“Garoto vá dormir. Você irá embora comigo ao amanhecer.”

Ele obedece à ordem dada e mesmo estando ainda assustado, adormece. Zaniah faz o mesmo, enquanto observa seu irmão.

O Sol irrompe no horizonte anunciando um novo dia. Zaniah, se sentando em um pedaço de madeira. Dhalim desperta, mas não vê a outra mulher em lugar nenhum.

“Garoto venha aqui.”

Dhalim se levanta e se aproxima lentamente dela. Ele tenta dizer algo, mas as palavras não saem.

“Arrume-me algo para arrumar meus cabelos.”

Ele se vira e corre até o que restou de uma casa e volta trazendo algumas tiras de tecido vermelho.

“Sabe fazer tranças garoto?”

“S..Si..Siiimm..Eu ajudava minha irmã…”

“Então faça.”

Dhalim se coloca atrás de Zaniah e começa a arrumar seus cabelos para fazer a trança. Estranhamente ele não está mais assustado. Mas permanece calado todo o tempo.

“Não tem medo do que fiz garoto? Não tem medo de mim?”

Silêncio. “Não. Não sei explicar, mas, não sinto medo de você.” – ele termina a trança e Zaniah se levanta.

“Garoto, você se chama Dhalim, estou certa?”

Ele não percebeu se tratar de sua irmã e se assusta por ela conhecer seu nome, mas mesmo assim responde positivamente acenando com a cabeça.

“Dhalim, recolha o que puder de comida e o que mais puder carregar para que possamos partir.”

“Sim, senhora.”

“Dhalim, a partir de hoje me chame de Mestra.”

Depois de algum tempo, ele já recolheu bastante comida e pós em duas bolsas que coloca em seus ombros.

“Para onde iremos Mestra?”

“Para longe, para onde a Armadura está indicando.”

Capítulo 5: Interlúdio

1536 a.C. Ática.
Cecrops, o jovem líder de uma das doze tribos que habitam a região, se reúne à mesa com os líderes das demais tribos. O local escolhido é sua própria casa, construída em pedra e madeira. Maior que a maioria das habitações da região. Seu interior em tem o piso de terra batida e as paredes escuras. As únicas luzes provem das janelas e das tochas presas às paredes.

“Diga-nos Cecrops, por que nos trazes aqui? Teu mensageiro disse que tinhas algo importante a nos propor.”

Um dos líderes deseja saber o motivo de serem chamados para aquela reunião e as especulações tomavam a todos os presentes à mesa. Cecrops, sentado à ponta da mesa, toma a palavra.

“Irmãos, todos sabem que sofremos constantemente com os ataques dos bárbaros vindos do norte. Sozinhos somos incapazes de repeli-los permanentemente.”

“Isso todos sabemos. Diga logo o que deseja Cecrops.”

“Eu lhes proponho nos unirmos para formar uma nova cidade bem aqui onde nos encontramos hoje. Uma nova e mais forte cidade, capaz de enfrentar todo e qualquer invasor.”

“A idéia parece boa, mas, quem irá governar esta cidade?”

“Eu governarei com o apoio de todos vocês aqui presentes.”

“Isso é um absurdo! Espera mesmo que nós aceitemos isso. Cada um de nós é tão capaz quanto você de fazê-lo.”

E a discussão tomou conta da sala e aprecia não ter fim, pois cada um dos líderes desejava ser esse novo rei. Foi então que ventos fortes irromperam pelas portas e janelas, apagando as tochas e assustando a todos. Do lado de fora, em meio às águas do mar surgiu Poseidon, o Deus dos Mares e, em meio a um brilho dourado surgiu Athena, a Deusa da Guerra.

“Mortais, fala o Deus dos Mares. A cidade que desejam aqui florescerá e sob o meu padroado será a mais poderosa de todas na face da Terra.”

“Pois eu, Athena, a Deusa da Guerra, também desejo que está cidade seja erguida em minha honra, para assim se tornar a mais poderosa de todas. Digam mortais, a qual de nós desejam honrar?”

Todos os ali presentes ficaram calados. Não sabiam o que dizer, pois não queriam desagradar a nenhum dos Deuses. Cecrops dirigiu-se a eles.

“Lorde Poseidon. Lady Athena. Honraremos a ambos em nossa cidade erguendo templos em sua honra.”

“Impossível.”

Bradou Poseidon.

“A apenas um de nós deve se feita tal honraria. Descida qual mortal.”

“Não desejo desagradá-los e por isso lhes pergunto o que tens a nos oferecer?”

“És muito corajoso ao exigir algo dos Deuses mortal. Mas também demonstra muita sabedora ao fazê-lo.”

Com a concordância de Athena, Poseidon se vê obrigado a também concordar e lhes oferece o seu presente. Tocando a rocha com seu tridente, dela faz brota uma nascente de águas salgadas.

“Lorde Poseidon, seu presente para nós de nada servirá e por isso o rejeitamos.”

Athena toca a rocha com seu báculo e dela nasceu uma oliveira.

“Lady Athena, seu presente nos fornecerá madeira, alimento e óleo e por isso somos honrados em aceitá-lo.”

Poseidon desaparece, permanecendo apenas Athena. Todos os presentes se curvam perante ela.

“Athena, em sua honra dou a nossa cidade o nome de Atenas.”

“Sois muito sábio Cecrops. Que sua sabedoria guie seu povo como seu rei.”

1506 a.C. Atenas.
Muito tempo se passou desde aquele dia e Cecrops se lembra com se tivesse acabado de ocorrer. Enquanto adentra o salão principal do palácio de Atenas, o homem pouco mais de 60 anos de idade, com longos cabelos brancos, trajando uma armadura dourada com os ombros e o peito cobertos por um manto branco, relembra do passado não tão distante. Naquele dia seu palácio não era mais do que uma casa grande. Agora uma construção em pedra muito maior, localizada no meio de uma fortificação. A porta principal oferece acesso a uma sala pequena de onde saem alguns corredores, um dos quais leva a sala do trono. Todo o piso foi feito em pedra e tochas fornecem a pouca iluminação que o local possui.

Ele passa pelo trono vazio onde, desde aquele dia ele não se senta nele. O trono tem sido ocupado por Ela. Um pequeno corredor iluminado atrás do trono leva-o a uma pequena escada que leva a um balcão. Ele transpõe as cortinas e se coloca de joelhos e de cabeça baixa em forma de respeito. Ele jamais havia imaginado um dia se curvar perante sua própria filha.

“Eis-me aqui, Athena.”

A jovem, de cabelos castanhos curtos e trajando um quitão branco, está de costa, contemplando o céu estrelado. Ao seu lado está uma da amazonas de sua ordem, Pandrosus de Serpente. De cabelos castanhos cumpridos, uma máscara com uma marca rubra em forma de raio do lado direito, cobre-lhe o lado direito da face e parcialmente o lado esquerdo, a partir do buço, deixando aparecer apenas sua boca e olhos. A armadura que lhe cobre o corpo, também na cor rubra, lhe dá o status de Amazona de Prata.

“Deixe-nos a sós, Serpente.”

A amazona nada diz e se retira, passando ao lado daquele que outrora ela chamou de pai. Agora, como representantes da Ordem dos Sagrados Cavaleiros de Athena, este vínculo na existe mais. Cecrops permanece imóvel.

“Aproxime-se Cecrops. Observe as estrelas comigo e me diga o que vê.”

Ele para ao lado dela e observa o céu até onde os olhos lhe permitiam. Cecrops aprendeu com a própria Athena a ler as estrelas.

“Com o suceder dos dias, mais e mais estrelas tem seu brilho intensificado, para honrar a presença de Athena nesta terra.”

“Sim. Mas nem todas brilham intensamente. Algumas apresentam apenas um brilho pálido, sem vida.”

“Entendo. Nem todas as armaduras nasceram ainda.”

A Deusa sorri.

“Os homens demonstram um conhecimento simplista sobre o Universo. Eles vêem o desenho de animais, pessoas e objetos nas estrelas e as nomeiam conforme a sua forma.”

Ela aponta para um conjunto de estrelas de brilho intenso.

“Ali os homens enxergaram uma serpente e assim a denominaram.”

“E dali nasceu a Armadura de Prata da Serpente.” – completa Cecrops.

A Deusa continua.

“Sim. Mas estas estrelas a quem chamaram de serpente estão distantes entre si. Apenas os homens e sua mente simplista são capazes de tal proeza.”

“Mas esta mente simplista é capaz de produzir maravilhas. Isso se chama criatividade.”

A Deusa apenas sorri e continua.

“O nascimento de uma armadura depende exclusivamente da minha vontade, mas sua forma depende da ‘mente criativa’ da humanidade. Quando os homens nomeiam as estrelas, possibilitam o nascimento das armaduras.”

Um pequeno período de silêncio se segue.

“Triângulo já determinou onde as armaduras nasceram?” – pergunta a Deusa.

“Não completamente. Ela ainda precisa treinar mais para aprimorar e expandir seu Cosmo para que possa localizá-las. É muito difícil para ela localizar aquelas que ainda não nasceram. Apenas sabemos quais são.” – explica Cecrops.

“Ordene que ela intensifique seu treinamento e localize logo as armaduras.”

“Como quiser Athena.”

Cecrops se retira. Ao passar pelas cortinas ele não percebeu a presença de outra mulher que surge das sombras. Ela está também está trajando um quitão branco, se aproxima e faz uma reverência a Athena.

“Quantos foram Nike?” – pergunta a Athena.

“Demorou um tempo, mas, finalmente a armadura aceitou seu novo avatar. Foram 72 no templo e mais 35 na vila.” – responde Nike, Deusa da Vitória e serva fiel de Athena.

“Resta apenas o avatar, então?”

“Sim. Um preço pequeno a se pagar.”

“Nenhum preço é pequeno para Ele. Ele sabia que eu precisava dela, tomou sua alma antes e depois me pediu em troca 108 almas. Ele é muito astuto. Certamente está planejando algo.”

“Todos estão.” – responde Nike.

“Só nós resta saber quem agirá primeiro.”

Capítulo 6: Peregrinação

O presente. Ano: 1999.
“Mestra Yulij!” – um dos aprendizes chama pela Amazona de Bronze que lhes conta a história da Confraria dos Sagrados Cavaleiros de Athena.

“O que deseja? Deve ser algo importante para me interromper.”

“Todos os escolhidos para serem os primeiros cavaleiros de nossa ordem tiveram seu Cosmo desperto por Athena ou alguns deles tiveram de passar por algum tipo de treinamento como nós?”

“Apesar de terem seu Cosmo desperto por Athena ao receberem as armaduras, estes cavaleiros e amazonas, ainda sim, tiveram de treinar para se aprimorarem, pois seus corpos precisavam se adaptar a sua nova condição. É claro que alguns tiveram de ser treinados desde o início, como vocês.”

O passado. Ano: 1506. Vale do Rio Narmada, atual Índia.
Já fazem vários desde que partiram da vila e, desde então, Zaniah tem instruído Dhalim, lhe ensinando tudo o que aprende com a armadura. Dhalim, por sua vez, se esforça para assimilar este conhecimento e alcançar suas expectativas. O treinamento tem sido extenuante, pois ele tem que fazê-lo enquanto caminha e carregando as bolsas com suprimentos que recolheu na vila.

“O Cosmo é a essência de tudo no Universo. Você primeiro deve encontrar seu Cosmo interior. Deve senti-lo em cada parte de seu corpo. Quando fizer isso, você deve tentar concentrá-lo para que aumente e cresça. Fazendo isso conseguirá destruir qualquer coisa.” – Ela disse isso e lhe colocou uma pedra na palma da mão. Ele vem tentando isso desde então.

Zaniah segue um pouco a frente, sua armadura deu lugar a um sari. A única coisa que lembra sua condição é a máscara que lhe cobre a face. Ela se detém frente ao paredão de rochas que se ergue a sua frente. A trilha a qual seguiam termina ai. Um deslizamento bloqueia o caminho.

“Você pode quebrar estas rochas mestra?”

Zaniah fica em silêncio ouvindo o que a armadura tem a lhe dizer.

“Eu posso, mas quero que você o faça. É para isso que você vem treinando.”

Zaniah se afasta um pouco e senta sob a sombra de uma árvore. Dhalim coloca as bolsas no chão e se põem em frente às rochas. Ele as fita seriamente e olha para as próprias mãos que tremem. Abrindo os braços, ele se concentra. Zaniah o observa atentamente.

“Arrgh…!”

Dhalim sente seu corpo arder inteiramente e então desfere um soco nas pedras. Um pouco de sangue tinge as pedras e sua mão. A dor intensa faz lágrimas correrem por sua face. Sentada à sombra da árvore Zaniah suspira decepcionada.

“Faça novamente. Faça quantas vezes for necessário até que consiga.”

O Sol se movimenta lentamente indo do nascente ao poente e as primeiras estrelas da noite começam a surgir no céu noturno. Há várias marcas de sangue nas rochas e as mãos de Dhalim estão machucadas.

“Basta por hoje. Venha descansar e cuidar de seus ferimentos.” – Zaniah está sentada ao lado da fogueira. Dhalim se senta e ela faz curativos em suas mãos. Em seguida ambos dormem.

Dhalim desperta sentindo ainda a dor em suas mãos. Zaniah não está mais deitada. Olhando ao redor ele a vê em frente às rochas que bloqueiam a estrada. Um brilho dourado envolve todo o corpo dela. Colocando sua mão sobre as rochas, uma explosão ocorre e vários fragmentos de rocha se espelham pelo chão. O Caminho está livre novamente.

“Com o tempo talvez você consiga fazer isso. Agora seguiremos viagem agora.”

Seguem viagem novamente e logo chegam a uma vila a beira mar. Maior que a de onde vieram, é aqui quem encontraram transporte para seu próximo destino.

Em outra parte da vila, um grupo 10 homens cobertos por mantos leva consigo uma carroça e dentro dela vários jarros. Uma chama azulada de fogo-fátuo segue junto ao homem que vai a frente. Eles a estão seguindo. As demais pessoas não conseguem vê-la apenas estes homens. De repente, a chama de fogo-fátuo se detém e indica algo a esquerda, em outra parte da vila.

“Servos de Athena aqui? Será que sabem de nossa missão?” – fala o líder do grupo enquanto observa Zaniah e Dhalim a distância. Ele sente a Cosmo Energia de ambos.

“A chama de fogo-fátuo avança em direção aos dois que não a percebem, entra pelo corpo de Zaniah que cai ao chão, e depois sai.

“O que houve mestra?”

“Não sei. Senti como se a própria morte tivesse me tocado.”

Zaniah sente sua armadura inquieta. Ela abandona seu disfarce de roupas comuns e assume sua forma verdadeira. Ela sentiu que, o que quer que tenha tocado Zaniah era maligno. Ela olha em redor, mas não vêem nada nem ninguém suspeito e não sentem nenhum Cosmo próximo. As pessoas se assustam e se escondem.

A chama retorna ao grupo que a estava acompanhando e rodeia seu líder. Ela diz algo a ele através de seu Cosmo.

“Entendo. Então não devemos nos preocupar com ela.” – diz o líder. “Vamos em frente então.”

Eles partem em direção ao uma área afastada da aldeia a beira mar. Chegando ali, a chama de fogo-fátuo rodeia uma área sobre as águas.

“Então é aqui que está. Mergulhem e tragam o que encontrarem até aqui.”

Dada a ordem, mergulham nas águas em busca de algo que a chama indicou.

Na vila, Zaniah e Dhalim conseguem um barco que irá levá-los à Pérsia. Por hora irão esquecer o que aconteceu na vila.

O Sol começa a se por. A bordo do barco, Zaniah e Dhalim estão as vislumbrar o horizonte, imaginando o que lhes aguarda. Em terra, os homens que mergulharam retornam trazem consigo vários ossos que encontraram sob as águas.

“Coloquem todos num dos jarros.” – ordena seu chefe.

Tão logo são colocados num dos jarros, a chama de fogo-fátuo entra no jarro escolhido que produz uma luz intensa que depois diminui.

“Muito bem. Agora apenas devemos esperar. Você, leve este jarro de volta a templo e aguarde.” – diz apontando para um dos homens, que pega o jarro e mergulha no mar, desaparecendo em seguida. “Ainda temos que encontrar os outros.”

Outra chama de fogo-fátuo deixa um dos jarros e passa a rodear o líder.

Capítulo 7: Tigres

O passado. Ano 1506 a.C. Norte da África. Ao sul de Chellah, Marrocos.
Ele vaga pelo deserto há vários dias. O homem trajado com roupas típicas dos povos do deserto do Saara iniciou sua jornada em companhia de outros. Apenas ele sobreviveu. O calor, a sede e a fome o afligem, mas ele não pode desistir. O destino de sua filha depende do resultado de sua busca. Fatigado pelo cansaço, segue por sobre as imensas dunas. Um passo em falso e cai, rolando duna abaixo, caindo inconsciente.

Muito tempo se passou, mas finalmente é possível avistar o porto de Al-Basrah.

“Veja mestra, o porto.” – empolga-se o jovem, apoiando-se no parapeito do barco.

Durante toda a viagem Zaniah treinou para adaptar melhor seu corpo e controlar melhor seu Cosmo. Mesmo tendo um Cosmo poderoso, envergar a Armadura Dourado aumentou incrivelmente este e seu corpo não estava pronto para isso. Dhalim passou toda a viagem também treinando seu corpo e sua mente para intensificar seu Cosmo afinal, ele não quer mais decepcionar sua mestra novamente. Não após falhar na tentativa de destruir as rochas que bloqueavam o caminho.

O barco atraca e os dois desembarcam para seguir sua viagem. Eles deixam a cidade e, após passarem por um pequeno morro que os deixa fora de vista de qualquer um, Zaniah para.

“O que foi mestra?”

“Dhalim me siga.”

Dizendo isso ela desaparece. Uma nuvem de poeira se levanta. Usando seu Cosmo dispara em alta velocidade levantando uma nuvem de poeira.

“Dessa vez não vou falhar.” Dhalim se concentrar para liberar seu Cosmo e parte logo atrás dela.

Ao longo do deserto, duas colunas de poeira se formam. Uma cena incrível e assustadora para quem a vê.

Após um longo caminho percorrido, Zaniah para próximo ao rio Indigna, numa parte com morros e poucas árvores.

“O que aconteceu mestra? Por que paramos?”

Zaniah sorri.

“Se não parecemos agora, nossos corpos não iriam suportar por mais tempo a velocidade em que estávamos. Precisamos descansar um pouco.”

“Como você sabe disso?”

“A Armadura me diz tudo o que preciso saber sobre o Cosmo. Por isso paramos aqui. Você não conseguiu sentir?

Ele fica um instante em silêncio.

“A algo aqui, mas não sei dizer o que.”

Zaniah apenas sorri.
“Há um Cosmo emanando deste lugar. É hora de você conquistar sua Armadura.”

“É mesmo. E onde ela está?”

Zaniah aponta para o rio.

“O rio é sua Armadura. Você precisa fazê-la nascer do rio da mesma forma que a fiz nascer da estátua de Murugan.”

Dhalim se lança às águas e nada até um grupo de pedras no meio do rio e ali se põem em pé.

“Que faço agora?”

“Concentre-se. Ouça a voz da Armadura vindo do rio.”

Dhalim fecha os olhos e se concentra. Ele ouve o barulho das águas que atingem as rochas. A aura azulada do Cosmo envolve seu corpo lentamente e, aos poucos, tudo fica em silêncio. Um Cosmo suave começa a tocar o Cosmo de Dhalim. As águas do rio sobrem em forma de uma coluna em espiral e se aderem ao corpo do jovem que começa a brilhar intensamente. Quando a coluna de água se desfaz, resta apenas Dhalim sobre as rochas, vestido com sua Armadura de cor azul.

“Mestra é incrível. Consigo sentir claramente o Cosmo que emana da Armadura. Inclusive o seu e também…”

“Dhalim saia daí.”

Ele salta em direção à margem quando uma imensa coluna de água se levanta no local onde ele estava destruindo as rochas.

“Insolente. Como aquela desgraçada teve a ousadia de fazer nascer uma armadura das águas, o domínio do Deus dos Mares.”

A voz agressiva vinha da coluna de água, que se abre e revela sobre as rochas um homem de cabelos negros curtos, com um corte que lembram desenhos tribais e pele clara. Seu corpo está coberto por uma armadura em tons de cinza.

“Quem é você e o que deseja?”

Zaniah já está trajando sua Armadura, que assumiu sua verdadeira forma assim que sentiu o Cosmo agressivo, e a seu lado, agachado está Dhalim.

“Quem sou eu? Quer mesmo saber mulher?” – o homem usa um tom arrogante para falar com Zaniah.

“Sou Kain de Galeocerdo e sirvo como um dos soldados de Sua Majestade, o Imperador dos Mares, Poseidon.”

“O que Poseidon quer conosco?”

“Sua insignificante. O Deus dos Mares, querendo algo com vocês? Não seja ingênua. Vocês não representam nada para ele. Estou aqui por minha vontade. Vim aqui para acabar com vocês.”

“Como? Acabar conosco?”

“Isso mesmo.”

Horas antes. Atlântida.
Localizado sob as águas dos oceanos, o reino do Deus dos Mares apresenta extrema riqueza vegetal e mineral, com depósitos de ouro, prata, cobre, ferro e oricalco, um metal que brilhava como fogo.

Nas montanhas ao centro estava o Palácio de Poseidon circundado por uma barreira constituída por uma série de muralhas de água e fossos aqüíferos. O restante do reino era dividido em sete áreas circulares, as quais eram guardadas pelos seus mais leais servos.

Em cada uma dessas áreas havia inúmeras pontes, canais e passagens fortificadas entre os seus cinturões de terra, cada um protegido com muros revestidos de bronze no exterior e estanho pelo interior, entre estes brilhavam edifícios construídos de pedras brancas, pretas e vermelhas.

Um dos soldados passa pelas construções que formam os setes círculos rumo ao Templo trazendo consigo uma urna nas mãos. No templo é recebido por um dos soberanos da Atlântida designados por Poseidon.

“Então, eis o primeiro deles?” Kain surge por detrás de uma coluna.

O soldado se ajoelha, colocando a urna no chão. Kain se aproxima do soldado como que examinando a urna.

“Não sei o que o Imperador espera conseguir buscando estes montes de ossos. Nós, que somos seus mais poderosos guerreiros, somos imbatíveis.”

O soldado permanece calado e nada diz.

“Algo mais a relatar soldado?”

“Bem, senhor, avistamos os servos de Athena em uma vila…”

Kain avança rapidamente sobre o soldado, agarrando-o e interrompendo sua explicação.

“Servos de Athena?”

“Sim senhor. Mas Mestre Yakros não quis confrontá-los. A chama disse para não fazer nada.”

“E ele ouviu o que aquele foginho disse? Onde foi isso?”

De volta à margem do rio Indigna, Zaniah e Dhalim observam atentos ao inimigo que surgiu em sua frente.

“Aquele Yakros idiota! Sendo ele quem é deixar vocês irem embora sem confrontá-los? É um tolo mesmo.”

“Do que você está falando? Quem é esse Yakros? Não encontramos ninguém com esse nome?”

“Para sorte de vocês.” – novamente falando de forma arrogante. “Caso contrário estariam mortos agora.”

“Como!?”

“Mas vou remediar isso. GALEOCERDO´S VORTEX.”

Colunas de água em espiral se formam e se lançam contra os dois cavaleiros nas margens do rio, atingindo-os em cheio.

“Tão fácil assim? Esperava mais dificuldade.” – Kain gargalha enquanto as espirais golpeiam as margens do rio, destruindo tudo.

Capítulo 8: Pandora

Pensando ter eliminado seus alvos, Kain faz as colunas de água geradas pelo seu Cosmo se dissiparem. Para sua surpresa, ambos estão intactos. Não por terem resistido à sua técnico, mas sim pela interferência da mulher parada à sua frente.

“O que você faz aqui? Por que me atrapalha?”

A mulher verga uma armadura em tons de vermelho que mais parece ter sido feita de sangue puro de tão viva que se mostra e que cria um belo contraste com seus longos cabelos de tons rosados. Com seu Cosmo ela bloqueou o ataque.

“Estou aqui para impedir que você desobedeça às ordens e acabe sendo punido por isso.”

“Não preciso que se preocupe comigo Augustine.”

“Pois deveria. Se o Senhor Yakros descobrir o que você está fazendo, você não sairá sem punição.”

“E por que ele se preocupa tanto com os guerreiros de Athena? Eles são nossos inimigos e devem ser destruídos.”

Kain faz seu Cosmo explodir de forma desafiadora gerando o vórtice em volta de si. Augustine faz o mesmo, mas seu Cosmo se mostra mais amistoso que o dele, porém igualmente ou mais poderoso. Zaniah e Dhalim permanecem alguns metros atrás dela, apenas observando a tudo.

“Onde e quando combateremos os guerreiros de Athena será determinado pelo Senhor Yakros. Até lá devemos esperar.”

“Pois eu estou farto de esperar!”

Prestes a atacar novamente, Kain se sente preso por alguma coisa.

“O que!?”

“Acha mesmo que você seria capaz de lutar comigo? Você que é o mais fracos de nós?”

Kain cessa a expansão de seu Cosmo. Augustine faz o mesmo.

“Isso não ficará assim.”

Em seguida ele parte, desaparecendo nas águas do rio.

“Idiota.”

Augustine olha por sobre seus ombros para os dois atrás dela e desaparece em seguida nas águas sem nada dizer.

Dhalim solta um suspiro de alívio e se apóia com as mãos nos joelhos.

“Na minha atual condição qualquer um dos dois tinha poder para nos eliminar. Se eu não estive assim…”

Zaniah não consegue terminar seu raciocínio. Tossindo de forma intensa ela cai de joelhos ao chão, apoiando as duas mãos também. Uma possa de sangue se forma.

“Mestra, o que aconteceu?”

Zaniah cai de lado, desmaiada.

Algumas horas se passam e cai a noite. Dhalim fez uma fogueira e se aquece ao lado dela quando vê Zaniah despertar.

“Mestra.”

“Dhalim, ouça-me, pois não tenho muito tempo.”

“Como assim mestra?”

“Eu estou doente. Encontrar a armadura e expandir meu Cosmo de forma tão abrupta apenas piorou tudo. Achava que poderia controlar minha doença, mas infelizmente, meu corpo não estava preparado para suportar o aumento do Cosmo proporcionado pela armadura e minha doença se agravou.”

“Que doença é essa mestra?”

“Yaksma. (*)” – ela sussurra. Sua voz está muito fraca. “Você consegue sentir, não? O poderoso Cosmo que está distante daqui?”

“Sim.”

“Você deve continuar seguindo em direção a este grandioso Cosmo pois ele pertence a Athena. Quando encontrá-la, entregue-lhe isso.”

Zaniah estende sua mão. Uma chama dourada sai de seu corpo para as mãos de Dhalim e assume a forma de uma pequena estátua na forma de um anjo. Lágrimas correm de seus olhos.

“Lhe entregue isso e diga que lamento por não tê-la encontrado.”

Sua mão, então, cai ao chão e seus olhos se fecham. As roupas de Zaniah voltam a ter a aparência que possuíam antes de encontrar a armadura. Dhalim chora a morte de sua mestra. A máscara cai do rosto dela.

“Adeus, minha irmã.”

Algumas horas depois, com o Sol surgindo no horizonte, às margens do rio Indigna há uma sepultura marcada com uma pedra com um nome marcado: “ZANIAH”. Marcas de pegadas rumam em direção ao deserto e à distância se vê um vulto que desaparece no horizonte.

Após fechar seus olhos, ela sentiu como mergulhando em um vazio sem fim onde havia o mais profundo silêncio e reinavam apenas as trevas. Por um instante sentiu se corpo ficar imóvel e uma brisa suave toca seu rosto. Zaniah abre os olhos e se senta.
“Que lugar é esse?”

Olhando ao seu redor ela vê um lindo campo florido e árvores frondosas. Ela usa quitão branco longo com manga apenas do lado direito.

“Eu morri. Tenho certeza. Será este lugar o Nirvana?”

E se levanta e olha ao redor e percebe que está sozinha. Uma suave melodia vinda de um ponto distante chama a sua atenção. Enquanto caminha na direção de onde vem a melodia se vê rodeada por pássaros e algumas borboletas.

Subitamente chamas surgem por todo lado, calcinando todo o campo. Os pássaros caem mortos ao chão. Desesperada, tenta fugir das chamas, mas não consegue. Suas roupas se incendeiam e também seu próprio corpo. O campo florido dá lugar uma vastidão desértica em chamas. O cheiro das flores dá lugar ao de enxofre e no meio das chamas ela vê aqueles que moravam em sua antiga vila.

Ela corre e se debate em vão tentando apagar as chamas que consomem seu corpo e por fim se lança às águas de um rio que surge à sua frente. Nas águas ela percebe que há outros ali que tentam se ficar para fora das águas à custa de outros. Eles não querem se afogar.

“Não…”

Uma daquelas pessoas a agarra e a puxa para baixo. Com muito custo ela se livra e consegue chegar à margem. Seu corpo, outrora belo, agora se apresenta em carne viva, queimado. Uma melodia suave toma conta do lugar novamente.

Ao longe surge uma pequena construção circular formada por várias colunas e rodeada por flores. Em seu interior, uma mulher de longos cabelos loiros, trajando um manto negro e vermelho. Seus olhos têm um brilho azul cintilante e um pequeno adorno dourado prende seu cabelo do lado direito. Ela está admirando a melodia que vem da harpa do homem de cabelos loiros e com uma estrela dourada na testa e da flauta tocada por um homem de cabelos prateados e com uma lua na testa.

A mulher se levanta e ambos param de tocar. Ela se aproxima de Zaniah.

“Pobre criança…”

“Alguém me chamava assim. Mas não lembro quem era. Por quê?

“Você mergulhou nas águas do Rio de Esquecimento. Quem nele se banha esquece tudo sobre sua vida passada para então iniciar sua nova vida.”

“Você sabe quem eu sou?”

“Quem você era não importa mais. Tudo o que importa é quem você continuará sendo, uma serva dos deuses.”

“Eu servia aos deuses?”

“Sim criança. E em sua nova vida o fará novamente, mas desta vez servirá ao Imperador do Submundo, Hades.”

“Como posso servir a um Deus estando morta?”

“Você ganhará uma nova vida. Veja.”

Ela toca Zaniah e seu corpo começa a assumir novamente a aparência de um ser humano, porém sua aparência agora é diferente de antes. Ela agora possui longos cabelos negros que chegam a tocar o chão e olhos negros como a morte. Seu corpo está nu e encoberto pelo próprio cabelo.

“Você ganhará vida novamente através do corpo de um vivo que nasceu sem alma, morto. Viverá entre os homens sabendo que um dia trará a morte a todo o mundo.”

A mulher outrora chamada Zaniah se põe de joelhos perante a mulher.

“Se este é o desejo do Imperador Hades, eu o tornarei realidade e juro que serei sua serva mais leal.”

Dito isso ela se torna uma chama de fogo-fátuo e desaparece. A mulher retorna para onde estava e abre uma porta que até então não estava ali e sai em um salão onde se aproxima da mesa de mármore que está no meio do salão e sobre ela uma linda caixa dourada repousa.

Olha fixamente para a caixa, admirando sua beleza ímpar e a pega, deixando para trás a sala vazia. Seguindo por um corredor escuro, ela deixa o sombrio castelo para trás. À medida que caminha, nascem grama e flores em seu caminho. O único sinal de vida nesta ilha morta, onde rios de lava brotam de um vulcão que expele fumaça negra e cinzas para o céu completamente escuro. No único ponto de praia da ilha, um homem encapuzado espera pela mulher num pequeno barco. Ela se senta no meio do barco, acomodando a caixa dourada em seu colo. O barco se distancia aos poucos da ilha e desaparece.

Cidade Ephyra, capital da região da Thesprotia.
Uma família que antes chorava a perda da filha que havia nascido morta agora entoa cânticos em honra aos Deuses que lhes proporcionou um milagre. A criança que nasceu morta começou há chorar assim que fora tocada por um estranho brilho. Eles consideraram aquilo uma dádiva dos Deuses.

“Esta criança é uma maldição para todos à sua volta.”

Uma velha surge à porta.

“O que está dizendo velha? Minha filha voltou à vida por obra dos Deuses. Como isso pode ser uma maldição?”

“Uma criança que nasce morta, nasce sem alma. Sem espírito. O espírito que há nela agora é o de um ser maligno que trará o mal para o mundo.”

Dizendo isso ela parte.

Na praia próxima, um pequeno barco ocupado por uma mulher de cabelos loiros encosta. Ela desce e segue em direção à cidade, surgindo na porta e trazendo consigo uma caixa dourada.

“Quem é você.”

A mulher nada diz e deixa sobre uma mesa a caixa dourada para então se dirigir À criança.

“Pequena criança. Pequena Pandora, quão glorioso é seu destino, ao ser escolhida para servir ao meu querido Imperador. Esta caixa é um presente para esta você e não deve ser aperta por ninguém. Apenas quando chegar a hora você a abrirá.”

Ela se dirige novamente para a porta.

“Espere. Quem é você? O que quer com nossa filha?”

“Esta criança não lhes pertence mais. Pertence ao meu Imperador.”

Dizendo isso, desaparece na noite.

(*) yaksma (Balasa) – palavra hindu para tuberculose, conforme descrito nos Vedas, os Livros Sagrados do Hinduísmo

Capítulo 9: Jogos de Guerra

O presente. Ano: 1999.
Campo de treinamento das amazonas nos arredores do Santuário. Neste local em particular ficam as mulheres que aspiram à oportunidade de servir a Athena como uma amazona. Neste local onde somente as mulheres podem adentrar nem mesmo o Grande Mestre ou qualquer outro homem pode entrar. Uma barreira criada pela própria Athena garante esta condição.

Aqui as aspirantes e aquelas sagradas como amazonas possuem um lugar onde podem ficar mais a vontade quando não estão treinando, o balneário. Apesar do intenso calor que faz nesta época do ano nesta região, apenas duas amazonas estão se banhando ali.

Uma delas é Marin, Amazona de Prata de Águia, e Yulij, Amazona de Bronze de Sextante. Apesar de parecer que não estão dando a devida atenção às suas tarefas, existe outro motivo para que apenas as duas estejam ali.

“Você vê Yulij? Apesar do calor que faz hoje, elas se recusam a entrar neste lugar enquanto estou aqui.”

Marin volta sua face em direção à entrada do balneário. Ali, algumas aspirantes olham curiosas, e ao mesmo tempo resignadas para o interior.

“Apesar de ter se passado tanto tempo. Apesar de o próprio Grande Mestre Shion ter isentado você de qualquer culpa pelo que ‘ele’ fez ainda sim ela a olha com desconfiança, não é mesmo?”

“A culpa do crime hediondo cometido pelo meu mestre recai sobre mim, como se eu tivesse culpa também.”

“Não sei deixe abater por isso. Apenas siga em frente e cumpra com seus deveres como amazona.”

A conversa das duas é interrompida pela entrada de uma aspirante que deixa no chão, próximo a Marin, um pergaminho.

“O que é isso?”

A aspirante nada responde e deixa o local. Marin pega o pergaminho e, após lê-lo, se levante.

“O que diz ai Marin?”

“É uma convocação oficial emitida pelo próprio Grande Mestre Shion.”

“Bem, neste caso também vou me retirar. Está quase na hora da instrução diária dos aspirantes. Conte-me depois o motivo da convocação.”

Ambas vestem suas vestes. Yulij sua túnica branca e Marin sua roupa de treino que depois dá lugar à Sagrada Armadura de Prata da Constelação da Águia, pois todo aquele convocado oficialmente pelo Grande Mestre deve se apresentar perante ele trajando sua armadura.

Tão logo deixam o balneário, as aspirantes entram. Na saída do campo de treinamento se separam. Yulij segue rumo à biblioteca enquanto Marin segue rumo à Sala do Grande Mestre, passando pelas Doze Casas, lar dos Cavaleiros de Ouro e seus servos e aprendizes.

Durante a longa caminhada ela se detém em frente à Nona Casa Zodiacal, Sagitário, o lar que abandonou há sete anos.
Na biblioteca Yulij inicia a instrução aos jovens aspirantes.

O passado. Ano: 1506 a.C. Norte da África. Ao sul de Chellah, Marrocos.
Caído em meio às areias do escaldante deserto, Sargas abre lentamente os olhos. Vira-se lentamente e vê ao seu redor ruínas, talvez de uma antiga cidade. Com suas forças quase no fim, levanta-se vagarosamente e se apóia em uma coluna com seu braço direito. Sua respiração está ofegante. A cabeça baixa. Ele cai novamente de joelhos, com as mãos apoiadas no chão. Levanta sua cabeça lentamente e vê metros a sua frente, água. Um oasis. Desesperado, lança-se em sua direção, arrastando-se com todas as suas forças. Ele sorve o precioso liquido como se este fosse o último oasis no mundo. Mergulha sua cabeça nas águas e depois a tira para fora, aliviado. Respira aliviado e, ao olhar em volta, vê a marca do escorpião-rei em uma das colunas das ruínas. Sua busca está perto do fim.

O presente. Ano: 1999.
Yulij interrompe sua instrução ao ver na entrada do auditório Marin e junto a ela um garoto com cerca de sete anos de idade.

“Marin, quem é o garoto?”

“Este é Seiya, fui designada pelo Grande Mestre para treiná-lo.”

O som do murmurinho entre os aspirantes toma o ambiente. Yulij levanta-se e deixa o púlpito onde estava para se aproximar de sua amiga.

“Quando cheguei ao Salão do Grande Mestre havia lá outros cavaleiros de Prata e de Ouro também. Todos surpresos em me ver ali. E também contrários a minha indicação como mestra de um aspirante.”

“Mas o fato de o Grande Mestre lhe conceder tal tarefa significa que ele realmente confia em você, a despeito do que todos pensam.”

“Sim. De fato.”

“Marin, o que eu vou fazer aqui?”

O pequeno Seiya interrompe a conversa das amazonas.

“Aqui você aprenderá sobre a história da Confraria dos Sagrados Cavaleiros de Athena. Quando não estiver fazendo isso está comigo no campo de treinamento.”

Seiya olha tudo a sua volta, admirado pela grandiosidade do lugar. Algo na sala ao lado lhe chama atenção.

“Quem são as pessoas nesta sala?”

Ele se aproxima da entrada da sala e aponta para as estátuas que ali estão.

“Estas, aspirantes, são as estátuas daqueles que um dia servirá Athena.”

“Então um dia eu terei uma estátua ai também?”

Todos os aspirantes e começam a rir. Menos Marin que permanece compenetrada. Yulij esboça um leve sorriso e se aproxima de Seiya.

“Se você conseguir se tornar um Cavaleiro de Ouro.”

“Huh?”

“Apenas os Cavaleiros de Ouro têm estátuas aqui. Os demais cavaleiros recebem placas com seus nomes, sua hierarquia e sua constelação protetora.”

Ela aponta para outro lado da sala onde havia centenas de placas. Seiya examina as placas com a curiosidade que é peculiar às crianças de sua idade, detendo-se em frente a uma.

“PANDROSUS – PRATA – SERPENTE”

“Uma amazona destratou Marin quando fui apresentado a ela. Ela disse que se chamava Shaina de Serpente. Elas têm alguma ligação?”

“Não Seiya. A única relação entre elas é apenas sua constelação protetora. Mas foi interessante você perguntar sobre ela, pois é exatamente sobre ela que iria falar.”

Yulij conduz Seiya de volta ao auditório onde ele se junta aos demais aspirantes. Sentada novamente no púlpito, volta a contar a história da Confraria.

O passado. Ano: 1506 a.C. Atenas. Ática.
A noite cai lentamente sobre a cidade. Um vento quente e úmido sobra balançando as árvores. Athena, a Deusa encarnada banha-se tranquilamente numa banheira de águas quentes localizada no jardim do palácio real. Serviçais lavam-lhe o corpo e lhe servem uvas frescas enquanto que, fora da banheira, Nike está repousando em um móvel saboreando uvas. Ambas as Deusas estão sob o olhar vigilante de Pandrosus de Serpente. O local é rodeado por 13 colunas que formam um círculo, cobertas por trepadeiras e flores.

As primeiras estrelas surgem no céu. Athena lança seu olhar pra os céus e depois baixa a cabeça.

“Virgem se foi. Minha parte do acordo foi cumprida.” – Athena olha para Nike.

“Mesmo sabendo que seria inevitável, foi realmente uma pena. Você gostaria de conhecê-la Athena.” – Nike suspira se recosta no móvel e come outra uva.

Um vento quente sobra balançando suavemente as folhas das trepadeiras. Uma flor cai na água em frente à Athena.

“Serviçais! Serpente! Deixe-nos a sós.” – ordena Athena.

As serviçais retiram-se do lugar, deixando as bandejas com as uvas sobre uma pequena mesa enquanto Pandrosus entra no palácio.

No jardim, as cores das flores e das plantas se tornam mais vivas e as frutas mais saborosas. Parada ao lado de uma das colunas está uma mulher de longos cabelos loiros trajando um manto preto e vermelho. Athena olha de canto de olho para ela.

“Seja bem-vinda Perséfone. Há muito tempo não nos vemos.”

“O mesmo digo eu Athena.” – Perséfone, Rainha do Submundo se aproxima e senta no móvel de onde Nike se levantou. Esta, por sua vez, oferece-lhe uvas.

“A que devo a honra de sua visita?”
Athena se levanta da banheira. Nike lhe entrega um manto branco para que vista.

“Vim agradecer por cumprir sua parte no acordo. Ficamos muito satisfeitos.”

“Imagino que sim. Tem algo mais a me dizer?”

Athena pega uma das uvas. Quando se vira, Perséfone já não se encontra mais ali.

“Muito bem então. Nike chame Pandrosus e envie-a até Ephyra. Quero traga algo para mim.”

Horas depois Pandrosus segue em alta velocidade até Ephyra para cumprir com as ordens de Athena.

“Encontre a criança e traga-a para mim.”

Estas foram as ordens de Athena.

Chegando próxima da entrada da cidade, sua armadura toma a forma de roupas normais, uma capa sobre o corpo, capuz sobre a cabeça e a máscara, a única coisa que a difere dos demais habitantes. Ela vasculha a cidade a procura da criança que, graças ao Cosmo que emana, foi facilmente localizada. Ela para em frente a uma casa.

“É aqui.”

Entrando na casa, se encontravam ali os pais da criança.

“Quem é você? O que deseja?”

O pai da criança se põe em sua frente, tentando impedi-la de entrar.

“Onde ela está? Onde está a criança?”

A mãe da criança a toma em seus braços querendo protegê-la.

“O que quer de minha filha?”

“Entreguem-na agora.”

As vestes de Pandrosus tomam novamente as formas da Armadura de Serpente, fazendo emanar um brilho em tons de roxo de seu corpo. Ela caminha em direção a mãe.

“Entreguem-na agora. Vocês não sabem com o que estão lidando. A Vontade Divina não deve ser negada.”

O pai tenta impedi-la, agarrando-a pelas costas. Sem nenhum esforço é arremessado contra a parede.

“Tolo. Pensa que pode me impedir?”

“Afaste-se! Deixe-nos em paz.”
Grita a mãe antes de receber um golpe com as costas da mão direita de Pandrosus que lhe derruba. Pandrosus apanha a criança do colo da mãe caída.

“Athena é uma tola. Ela achava mesmo que conseguiria impedir nos impedir levando a criança?”

Na porta, atrás de Pandrosus, surge Perséfone.

“Deixe a criança e parta e talvez eu poupe sua vida.”

Pandrosus sabe que não tem como confrontar um Cosmo tão poderoso e se joga por uma janela. Lá fora, duas figuras envoltas em mantos negros bloqueiam seu caminho enquanto Perséfone surge atrás dela.

“Tola. Você pagará pela ousadia de Athena.”

Em volta de Perséfone as sombras se levantam, tomando a forma humana.

  • Perfil de Marin

Nome: Marin Inoue
Classificação: Amazona de Prata
Constelação Protetora: Águia
Nascimento: 18 de Março de 1984 (15 anos)
Signo: Peixes
Local de nascimento: Kyoto, Japão
Local de treinamento: Lago Stymphalia, Corinto, Grécia
Cabelos: Ruivos
Olhos: Azuis
Pele: Clara
Altura: 1m67cm

História:
Os fatos referentes ao seu nascimento são completamente desconhecidos por ela ou por qualquer um no Santuário. Ainda bebê fora abandonada às portas de um orfanato onde viveu até os seus seis anos de idade quando um emissário do Santuário, o Cavaleiro de Ouro Aiolos de Sagitário, veio buscá-la para se torna uma amazona para servir à Athena. Ele a levou até o Lago Stymphalia e ali passou a instruí-la sobre o Cosmo e sobre as técnicas de combate dos Cavaleiros.

Durante seu treinamento criou laços muitos fortes com seu mestre a quem respeitava como a um pai, tanto pelo seu caráter quanto pela sua força como Cavaleiro. Passados seis de treinamento, durante uma ida ao Santuário com ele, o impensável aconteceu. Saindo durante a noite sem dizer-lhe para onde ia, Aiolos foi acusado de tentar assassinar a recém-nascida Athena.

Passou os anos seguintes isolada no seu local de treinamento disposta a completar seu treinamento e conquistar uma armadura. Quando retornou ao Santuário para participar das disputas pelas armaduras foi destratada por todos pelo ato cometido por seu mestre e apenas com a intervenção do Grande Mestre Shion pode participar das competições, pois ele não concordava em condená-la pelos crimes cometidos por seu mestre.

Durante as competições, conheceu aquela que se tornaria sua maior rival, Shaina. Lutando bravamente, Marin recebeu a armadura de Águia do próprio Grande Mestre. Mesmo tornando-se uma Amazona de Prata e com as bênçãos do Grande Mestre, Marin continuou sendo destratada por todos, exceto por uma jovem amazona, Yulij.

Algum tempo depois de se sagrar uma amazona, foi incumbida pela Grande Mestre de treinar um jovem aspirante a cavaleiro vindo do Japão, Seiya.

  • Perfil de Zaniah de Virgem

Nome: Zaniah
Classificação: Amazona de Ouro
Constelação Protetora: Virgem
Nascimento: 15 de Março de 1524 a.C (18 anos)
Signo: Peixes
Local de nascimento: Vale do Rio Narmada, Sapta Sindhu (atual Índia)
Local de treinamento: Não houve
Cabelos: Pretos
Olhos: Pretos
Pele: Morena Clara
Altura: 1m74cm

Curiosidades:
• Zaniah é o nome da estrela Eta da Constelação de Virgem e, em árabe, significa canto.
• No Zodíaco Hindu, a 12ª Casa é Vyaya e tem como características a viagem, a peregrinação e o aprisionamento

História:
Zaniah nasceu em uma vila no vale do rio Narmada, em Sapta Sindhu, atual Índia. Um dia, foi atacada quando voltava com água do rio por um grupo de homens, que a violentaram, agrediram brutalmente e depois a jogaram no rio ainda inconsciente. Salva milagrosamente graças a seu Cosmo ainda latente encontrou uma mulher que lhe disse para seguir em direção à floresta. Lá encontrou um templo onde encontrou e recebeu a Armadura de Ouro da Constelação de Virgem.

Retornando à sua vila, encontrou seu pai morto e seu corpo exposto na entrada da vila. Ao se encontrar com Shandar, descobre que havia sido vendida para ele e por se recusar teria sofrido toda a violência a que foi submetida. As ofensas dirigidas a ela por Shandar e por outros moradores da vila a fizeram explodir seu Cosmo de forma violenta, eliminando a todos ali, exceto um jovem chamado Dhalim, que era seu irmão, e a quem tomou como discípulo.

Deixou a vila morta para trás e seguiu viagem para se apresentar a Deusa Athena como sua serva, mas nem tudo estava certo. Ela tinha yaksma (tuberculose), que se agravou muito graças ao aumento de seu Cosmo, com o qual seu corpo despreparado não estava adaptado.

Durante seu caminho, guiou seu discípulo para que este encontrasse sua armadura nas águas do rio Indigna. Ali também foi atacada por Kain de Galeocerdo, um dos soldados de Poseidon, o Deus dos Mares, que estava disposto a eliminar a ambos. Kain só foi detido após a chegada de Augustine de Lusca.

Sucumbiu à sua doença, mas não antes de orientar pela última vez seu discípulo e lhe entregar a Armadura de Virgem. Agora seu corpo repousa ás margens do rio, mas seu espírito não teve descanso. No Submundo, teve a ilusão de estar no Paraíso do Nirvana para só então ter sua aparência física destruída pelas chamas infernais e sua memória pelas águas do Rio do Esquecimento.

Tendo toda e qualquer referência à sua vida anterior apagada, renasce no corpo de um bebê recém-nascido com um novo propósito, servir ao Imperador do Submundo sono nome de Pandora. Nesta sua nova existência ter como missão libertar as tropas do Submundo que estão presas em uma caixa dourada.

Prevendo as ações de Perséfone, Athena selou a alma e o Cosmo de Pandora de forma que ela só poderá realizar sua missão em gerações futuras, quando os Cavaleiros de Athena forem mais fortes e numerosos.

Capítulo 10: Silêncio

O passado. Ano: 1506 a.C. Cidade de Ephyra.
Em torno de Perséfone forma-se uma legião de almas, condenados ao sofrimento eterno nas profundezas do submundo, que uma vez mais caminham sobre a superfície. Suas lamúrias e choro agonizante tomam conta do ambiente, tocando a alma dos vivos, que em toda a cidade sentem uma profunda tristeza, sem saber de onde vem tal sentimento, relembram seus entes queridos.

“Última chance. Me entregue a criança ou morra.”

Pandrosus pensa recua alguns centímetros, mas não tem para onde fugir. Ela não vê mais sente que há mais alguém além de Perséfone ali. Exatamente atrás dela, bloqueando sua fuga.

“Muito bem. Você decidiu seu destino.”

Com um gesto de Perséfone, as almas avançam sobre Pandrosus agarrando-a e não permitindo que se mova. Elas parecem devorar seu Cosmo e sua vida.

“Sofra Amazona. Sofra e junte-se a legião de condenados ao sofrimento eterno.”

A alma e o coração de Pandrosus são tomados por uma dor profunda que a faz desejar estar morta na esperança que tudo aquilo cesse.

“Tola. Acha mesmo que a morta irá suplantar a dor que sente agora. A morte apenas a tornará mais dolorosa ainda.”

Uma voz tenebrosa vem das sombras, de onde surgem duas figuras envoltas em mantos negros.

“Senhora Perséfone, deixe-nos fazê-la sofrer mais.”

“Sim. A agonia dela é tão doce que me faz querer ouvir mais e mais.”

A segunda voz parecer sibilar como uma serpente, demonstrando um desejo quase doentio em ouvir o sofrimento de Pandrosus.

“Então, que seja feita a sua vontade.”

Com o consentimento de Perséfone as duas figuras se revelam. À direita e atrás de Pandrosus estão Giotto de Wrath, a Ira, de cabelos curtos arrepiados ruivos, olhos igualmente rubros e com uma armadura em tons de vermelho, com a aparência de um demônio, e a esquerda, Covar de Envy, a Inveja, com olhos e cabelos longos esverdeados e com uma armadura em tons de verde, com a aparência de uma serpente.

“Os gritos agonizantes dos mortos são a mais gloriosa melodia que se pode ouvir. É delicioso ouvi-los clamando pelo socorro que jamais virá.”

Giotto caminha em direção a Pandrosus, que continua presa pelas almas. Ele passa por ela tocando as almas que assume uma tonalidade rubra e passam a rugir como feras.

“Mas as almas dos que se foram também sentem raiva dos vivos.”

A dor que Pandrosus sente aumenta. Giotto se ajoelha perante Perséfone e lhe beija a mão direita em sinal de devoção. Em seguida olha para trás.

“Raiva por terem morrido enquanto outros continuam vivos. Não entendem por que tiveram de partir enquanto outros continuaram vivos. Principalmente os jovens e os enamorados.”

Ele se levanta e se põem ao lado direito de Perséfone. Entras almas se tornam perceptíveis as faces de pessoas jovens e de casais.

“Eles não entendem por que tiveram de partir quando tinham tanto ainda para viver ou por terem tanto amor para dar à pessoa amada. Por isso têm raiva dos vivos.”

“Sim. Mas também invejam os vivos por isso.”

Covar passa por Pandrosus tocando as almas que assumem uma tonalidade esverdeada.

“Invejam principalmente aqueles que têm uma vida melhor que a sua.”

Covar repete o gesto de Giotto, beijando a mão de Perséfone e se colocando ao seu lado esquerdo. Entre as almas se tornam perceptíveis as vestes e faces maltratadas.

“Eles aqueles que eram mais belos que eles ou com mais posses. Os que eram mais amados do que eles.”

Pandrosus grita em agonia tamanha a dor que sente. Não uma dor física, mas sim psicológica que está ferindo-a diretamente na alma.

“Esse é o castigo para aqueles que desafiam a Rainha do Submundo. Athena foi tola em tentar interferir e enviar você foi seu maior erro. Terei prazer em lhe entregar seu corpo sem vida para ela depois que sua alma tiver sido destroçada.”

Perséfone está certa que a morte se aproxima para Pandrosus, se deliciando tanto com a cena que não percebe o ar se tornando cada vez mais frio, a ponto de cristais de gelo começar a se forma por toda parte.

Os gritos das almas cessam e as mesmas começam a congelar.

“O que? Quem ousa?”

As almas transformadas em gelo começam a se estilhaçar e se fragmentam em centenas de pedaços que se amontoam no chão. A queda de Pandrosus é impedida por uma mulher trajando sua reluzente Armadura Dourada. Seus longos cabelos brancos como a neve balançam com o vento enquanto cristais de gelo flutuam no ar ao seu redor. Seu rosto está oculto por uma máscara branco com detalhes azuis sobre a testa e nos lados.

“Então Athena enviou mais alguém para ajudar.”

A amazona nada responde.

“Bem, isso não importa já que você terá o mesmo destino da outra.”

As almas que haviam se congelado levantam-se novamente e envolvem completamente as duas amazonas.

“Permita-nos complementar seu trabalha Senhora Perséfone.”

Giotto e Covar lançam sobre as almas seu Cosmo que intensifica novamente seus gritos agonizantes.

“Athena foi realmente uma tola. Não sabe que ninguém é imune aos meus poderes e de meus servos?”

Perséfone e seus servos riem. Mas então algo acontece. Eles não ouvem a amazona gritar de dor e então percebem que uma vez mais as almas se congelam, se estilhaçam caem no chão em centenas de pedaços.

“Como isso é possível? Como consegue resistir?”

A amazona nada diz e fazendo brilhar o Cosmo ao redor de seu corpo, faz os estilhaços de gelo formado pelas almas flutuarem no ar, moldando-os para a forma de setas afiadas. O ar a sua frente se enche de centenas destas setas que, ao seu comando, voam em direção a Perséfone. Seus servos rapidamente se põem a sua frente repelem o ataque.

Tempo suficiente para que ela desapareça levando consigo Pandrosus.

“Fugiram como covardes e deixaram a criança para trás.”

Giotto toma a criança deixada para trás em seus braços e a entrega para Perséfone que, ao tomá-la em seus braços, percebe ao de errado.

“Está não é a criança. Quando foi que a trocaram?”

O olhar de Perséfone se enche de ódio e a criança começa a chorar.

“Maldita. Você me paga. Tirem esta criança da minha frente. Ela não tem valor nenhum para mim. Nem viva e nem morta.”

O Palácio de Atenas.
As trevas adentram a sala do trono ocupado por Athena. O vento apaga as piras deixando tudo imerso em trevas. Os ali presentes sentem como se a própria morte estivesse entre eles. Quando são acesas, Perséfone está em frente à Athena com o semblante furioso.

“Você está atrasada Perséfone.”

“O que você fez com a criança? Onde ela está?”

Athena responde a ela com tom de desdém.

“Não sei do que você está falando Perséfone.”

“Quem você pense que sou? Acha que pode me ludibriar assim? Diga logo onde está a criança ou farei com que todos aqui sofram os mais terríveis castigos no submundo.”

Athena não se mostra preocupada com as ameaças.

“Perséfone, esse tipo de coisa não cabe a você e também não lhe cai bem em ar ameaçador.”

“O que? Está me desafiando Athena?”

“Você sabe melhor do que eu a quem cabe determinar o destino das almas dos mortos. Mesmo que queira, você não pode determinar o destino delas.”

“Sua…”

“Já que você quer tanto está criança, aqui está.”

Nike surge detrás do trono carregando a criança e a entrega a Perséfone.

“O que você fez a ela?”

“Eu selei seu Cosmo. Ela não poderá exercer a tarefa para qual você a escolheu. A Caixa Dourada não será aberta”

“Como você sabe sobre isso?”

Por detrás do trono surge Hydria, Amazona de Ouro de Aquário.

“Acho que você já conhece Hydria. Ela tem uma habilidade muito peculiar. Consegue ocultar seu Cosmo e sua presença de qualquer um. Até mesmo de mim.”

“O que?”

“Eu a enviei ao seu Castelo onde ficou observando cada um de seus passos. Depois que você deixou a caixa com a família da criança ela retirou a criança enquanto seus pais dormiam e pôs outra no lugar.”

“Então, quando estive aqui você já estava com a criança?”

“Sim. E prevendo suas ações enviei Pandrosus para roubar a criança já sabendo que você tentaria impedir.”

“Desde o princípio você estava preparada, não é mesmo?”

“Você não achou mesmo que permitiria que formasse seu exército e esperaria você soltá-lo contra mim, não é mesmo?”
Athena pega um cacho de uvas na bandeja ao lado de seu trono enquanto Perséfone a observa. Ela faz seu Cosmo se intensificar e analisa a criança.

“Este selo não é permanente, não é mesmo?”

“Infelizmente não. Ele durará 238 anos. Até lá, mesmo que renasça por várias e várias vezes, sua caixinha ficará fechada.”

Perséfone fica em silêncio e depois desaparece levando a criança.

Longe dali, numa ilha perdida no meio do mar, Perséfone contempla o nascer do sol. Ao seu lado, sobre uma pequena mesa, uma caixa dourada repousa.

“Então, teremos que aguardar 238 anos. Tudo bem. Perdemos esta batalha, mas a guerra está longe de ter um fim. E o tempo, o tempo não é nada para quem tem poder sobre a vida e a morte.”

  • Perfil de Perséfone

Nome: Perséfone
Classificação: Rainha do Submundo
Local de nascimento: Monte Olimpo
Pais: Zeus e Demeter
Cabelos: Loiros
Olhos: Azuis
Pele: Clara
Altura: 1m72cm

Mito de Perséfone:
Quando os sinais de sua beleza e feminilidade começaram a surgir em sua adolescência, foi pedida em casamento por Hades a Zeus que, sem o consentimento de Demeter, aceito e ela levada para o Submundo por Hades deixando sua mãe inconsolável a tal ponto de esta se descuidar de suas tarefas fazendo com que as terras se tornassem estéreis e houve escassez de alimentos.

A própria Perséfone ficou sem ingerir qualquer alimento que lhe fosse oferecido exceto um caroço de romã, o que significava que não havia rejeitado a Hades por completo.

Demeter e Hermes foram ao Submundo buscá-la, mas por ter comido o caroço da romã, foi estabelecido um acordo onde ela deveria passar metade do ano junto a seus pais no Olimpo e a outra metade no Submundo.

Este mito explica o ciclo anual das colheitas.

História:
Hades estava disposto a tomar para si a superfície da Terra e incumbiu Perséfone de colher almas para dar vida às armaduras deste exército, as Súrplices.

Sabendo da necessidade de Athena de encontrar a alma certa para dar vida à Armadura de Virgem, tomou à vida de Sheila, uma jovem pura e casta que, preste a ser violentada, preferiu toma a própria vida a ficar impura.

Antes que Athena toma-se sua alma, Perséfone o fez e propôs um acordo: 108 almas mortais por aquela única alma. Athena aceitou e o acordo foi cumprido por ambas.

Anos mais tarde Perséfone tomou também a alma daquela que foi a primeira a vergar a Armadura de Virgem após sua morte e deu-lhe nova vida e propósito, servir a Hades sob o nome de Pandora.

Perséfone tem sua própria guarda pessoal que personificam os maiores pecados dos homens. Não hesitam em cumprir as ordens de sua Rainha e invariavelmente sempre a acompanham das sombras agindo quando necessário.

Giotto de Wrath, a Ira, e Covar de Envy, a Inveja, agiram para impedir que a criança Pandora fosse levada a mando de Athena, mas foram enganados e a criança foi levada.

Capítulo 11: Trevas

O presente. Ano: 1999.
Yulij narra fatos da história passada da Sagrada Confraria dos Cavaleiros de Athena quando o ar do ambiente começou a se tornar gelado.

“Mestre Kamus!”

Na entrada do auditório, usando sua reluzente Armadura Dourada, está Kamus, o guardião da Décima – primeira casa do Zodíaco, Aquário.

“É bom revê-la também Yulij.”

Em sinal de respeito a amazona de bronze se ajoelha. Kamus desce as escadas até chegar perto do púlpito.

“Quando retornou mestre?”

“Retornei a pouco e soube que estava aqui instruindo os jovens aspirantes a cavaleiro.”

“Crystal retornou com o Senhor? Há muito tempo ele não vem ao Santuário.”

“Infelizmente não. Ele permaneceu na Sibéria para iniciar a instrução de um jovem aspirante a cavaleiro. Foi por isso que viajei até lá.”

“Então futuramente voltará a existir um Cavaleiro de Bronze de Cisne.”

“Se ele passar pelo treinamento.”

“Também soube que os Mestres Albion e Dohko acolheram aspirantes a cavaleiros também.”

“Sua informação está correta.”

“E por que o Senhor não ficou na Sibéria para cuidar do treinamento ao invés de deixar a cargo de Crystal?”

“Como sabe, desde a traição de Aiolos, restaram poucos Cavaleiros de Ouro no Santuário. O Cavaleiro de Áries, Atla, discípulo do Grande Mestre, está em Jamiel, o Cavaleiro de Gêmeos, Saga, está desaparecido juntamente com sua armadura, o Velho Mestre, Dohko de Libra, não possui um sucessor e a Armadura de Sagitário está desaparecida juntamente com Aiolos e por os Cavaleiros de Ouro restantes precisam ficar no Santuário.”

“Que eu me recorde Atla mudou seu nome para Mu.”

“Isso mesmo. Como sempre você está bem informada. Bem, qual a história que estava contando para os aprendizes?”

“Ia começar a lhes contar sobre Sargas.”

“Sargas. Quando era um jovem aprendiz o Velho Mestre Benj contou a história dele. O primeiro Cavaleiro a se levantar contra Athena.”

Um grande silêncio se faz no local.

“Sim. Mas deixe-me contar aos aprendizes o porquê disso para que não pensem que ele foi um traidor como Aiolos.”

Kamus se senta para acompanhar a narrativa de Yulij.

O passado. Ano: 1506 a.C. Norte da África. Ao sul de Chellah, Marrocos.
A noite cai no deserto e junto com as trevas, trás consigo o frio intenso. Para se manter aquecido Sargas acendeu uma fogueira próxima às ruínas. Achou melhor esperar pelo raiar de um novo dia para ali entrar. Tendo a Lua como companhia, enquanto se aquece seu pensamento viaja para longe, para junto de sua filha Seshat.

“Minha busca está perto do fim minha filha. Espere por mim.”

Longe dali, em meio a inúmeras tendas armadas em um oasis, uma jovem de cabelos negros amarrados em uma longa trança e pele queimada de sol está sentada olhando a Lua. Ela anseia pelo retorno seguro de seu pai.

“Reze. Reze minha linda flor do deserto. Reze pelo retorno de seu pai. Só assim você estará livre.”

Na sala entra Ahamud, o responsável por separar pai e filha. Seshat fica em silêncio.

“E caso ele não retorne você se tornará mais uma em meu harém. Há! Há! Há!”

“Ahamud!”

Sargas não pensa só em sua filha. Ele pensa, também, naquele que lhe tomou a vida de esposa e de filha.

Com o tempo Sargas finalmente adormece e, quando o dia amanhece, Sargas penetra nas ruínas antigas, levando consigo uma tocha. Ele passara o dia anterior vasculhando o local e encontrou uma entrada que deveria levá-lo até o interior.

O corredor era estreito e permitia apenas a passagem de uma pessoa e, a medida que avançava, a escuridão começava a tomar o corredor enquanto a luz do dia ficava mais e mais distante. A chama da tocha era a única luz de que Sargas dispunha agora.

Após algum tempo caminhando pelo corredor, chegou ao que parecia ser um grande salão, identificando pelo ele como tal depois de agitar a tocha em várias direções.

Avançando lentamente pelo salão, Sargas não percebe uma pedra sobressaída do chão, tropeça e caí, projetando a tocha que tinha em mãos metros à frente. Sua respiração contra o chão dispersar no ar um pouco de poeira. Cansado, se põem de joelhos, braços soltos ao lado do corpo e a cabeça erguida olhando para o teto.

Sargas se apóia em um pequeno muro para se levantar e sente sua mão tocar uma espécie de líquido. Ele esfrega os dedos e os aproxima do nariz. O aroma lhe é bastante familiar.

“Óleo.”

Sargas pega a tocha no chão e aproximando a tocha do óleo, este se inflama e a chama se propaga pro toda a estrutura revelando o amplo salão e três passagens: uma à sua esquerda, uma à sua direita e uma à sua frente.

“Três passagens. Três escolhas. Duas provavelmente mortais.”

Sargas sabe exatamente o que está dizendo. Afinal está habituado a entrar em tumbas e outros locais para roubar seus tesouros. Foi assim que conhecerá sua esposa, uma das esposas de um poderoso chefe tribal, e com ela teve duas filhas, Sheila e Seshat, duas lindas flores do deserto.

“Deve haver alguma inscrição que indique qual a passagem correta.”

Sargas examina as paredes em busca de alguma pista que indique qual é a passagem correta. Os desenhos na parede narram a história de um rei do passado, seu apogeu e sua queda perante seus inimigos e como foi preso no fundo de seu próprio palácio.

“Deve ser esta.”

A inscrição não é muito clara, mas faz referência ao rei ter sido sepultado juntamente com seus tesouros mais preciosos na câmara central. Sargas toma uma tocha em sua mão e segue pelo corredor central sem perceber olhos sinistros que o observam do alto.

Poucos metros após a entrada surgem degraus que levam para baixo e que parecia não ter fim. À medida que descia a luz do salão principal ficava para trás até finalmente desaparecer do alcance de seus olhos enquanto que à sua frente surgia outra luz. Sargas para em frente à enorme porta de pedra. A luz passa através de uma abertura não maior do que a cabeça de uma pessoa.

Sargas examina a porta e as paredes ao lado e à sua direita encontra um pequeno orifício e, dentro dele, um tipo de alavanca. Relutante, coloca sua mão na abertura e aciona a alavanca que faz a enorme porta de pedra se mover. A luz transborda por dês trás da porta à medida que esta se abre fazendo Sargas virar a face para trás, evitando-a.

“Finalmente.”

Quando o brilho se torna menos intenso, Sargas nem esperou que a porta se abrisse por completo e entra. Para sua surpresa não há nenhum tesouro ali, apenas três corpos.

Sargas se desespera, pois o que se pensava ser um tesouro valiosíssimo era, na verdade, a família do rei. Sua esposa e filha.

“Não. Impossível. Não pode ser. Deve haver algo aqui.”

Deixando a tocha cair no chão, ele cai de joelhos e bate com os punhos fechados no chão com toda sua força. De seus olhos correm lágrimas.

“Não pode ser verdade. Ahamud jamais acreditará que não existe tesouro.”

Enquanto fica se recriminando, não percebe que a porta termina por se abrir completamente e, com isso, um novo mecanismo se ativa.

Areia começa a cair do teto. Uma armadilha.

Sargas se joga para fora da sala enquanto pedras caem do teto esmagando tudo o que havia na sala.

O teto do corredor também começa a ceder e Sargas corre escada à cima com o teto cada vez mais e mais baixo. Nos últimos metros ele tem quase que se arrastar e por uma fração de segundos escapa de ser esmagado, ficando apenas um pedaço de suas roupas presa, as quais ele rasga para se livrar.

Sentado no chão ele vê as outras duas passagens laterais também se fechando e também aquela por onde entrou.

“Não.”

Em desespero corre em direção à passagem, mas esta se fecha por completo. Ele agora está preso.

“Deixe-me sair daqui.”

Ele grita e esmurra a rocha e por fim cai de joelhos ainda com as mãos batendo na rocha enquanto que lágrimas escorrem pelo seu rosto.

“Não. Deve haver uma saída.”

Ele se levanta e começa a vasculhar o salão em busca de uma saída que não existe.

O local todo começa a tremer, fazendo com que blocos se desprendam das paredes, revelando vários orifícios e de onde começam a surgir centenas de escorpiões que, aos poucos cobrem o chão. A chama que ilumina o salão começa a se apagar lentamente enquanto Sargas é cercado pelos escorpiões.

Quando tudo é coberto pelas trevas, ouve-se apenas um grito agonizante e uma risada sinistra.

Longe dali, Seshat sente um aperto em seu coração.

“Papai…”

Lágrimas escorrem de seus olhos enquanto cai de joelhos ao chão.

Horas mais tarde, as tendas armadas em meio ao oasis são açoitas por fortes ventos de uma tempestade de areia que se formou sem aviso. Os homens correm e se esforçam para recolher os animais e reforçar as amarras das tendas. As mulheres assustadas se recolhem ao interior das tendas.

A velocidade dos ventos se intensifica mais e mais arrancando palmeiras pela raiz e deslocando pedras de seus lugares. As maiores começam a se partir e se estilhaçar.

“Esta tempestade não é uma tempestade normal.”

Ahamud sabe o que diz. Vivendo a anos no deserto já viu centenas de tempestades e esta não era comum.

Os ventos começaram a concentrar em um único ponto formando um tornado que puxava para si todas as nuvens e atingia o ponto mais alto no céu. As pessoas observam assustadas quando o tornado é tingido por um brilho dourado e em seu interior é possível observar a silhueta de uma pessoa.

O tornado então desaparece e no local onde estava resta apenas um homem trajando uma estranha armadura dourada

“Eu não acredito.”

Dentro de uma das tendas Seshat vê, mas não acredita que aquele seja seu pai e Ahamud mal pode acreditar ao ver surgir na sua frente e de forma tão dramática Sargas.

“Sargas, o que houve com você?

  • Perfil de Andrômeda

Nome: al rās al Mar’ah al Musalsalah (Alpheratz)
Classificação: Cavaleiro de Bronze
Constelação Protetora: Andrômeda
Nascimento: 1º de Abril de 1541 a.C (35 anos)
Signo: Touro
Local de nascimento: Swenet (Assuan), Egito
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Não tem
Olhos: Negros
Pele: Moreno claro
Altura: 1m71cm

Curiosidades:
• Alpheratz é o nome da estrela alfa da Constelação de Andrômeda. Seu nome em árabe significa “cabeça da mulher acorrentada”.
• Em Dendera foi encontrada uma escultura no teto de um templo dedicado a Osíris, o Templo de Hathor, que representava o zodíaco. Entre as constelações presentes é identificada, entre outras, a Constelação de Touro

História:
Em sonho, o faraó Amenhotep I teve visões de perturbadoras onde uma sombra imensa encobria toda a terra do Egito causando morte e destruição.

Seus adivinhos concluíram que estes sonhos se tratavam de um presságio dos Deuses, avisando o faraó de uma ameaça eminente, mas não eram capazes de precisar quando isso ocorreria, o que deixou o faraó muito perturbado.

Estas visões se tornaram constantes, sempre se repetindo, mas uma noite as visões mudaram. Visando do Templo de Hathor uma intensa luz impedia as trevas de causarem devastação e no meio da luz surgiu um homem com roupas de escriba que se livrava dos grilhões que o prendiam e expulsava as trevas.

O faraó entendeu o que esta visão significava e ordenou que fosse procurado em todo o Egito por um escriba que estivesse ou que esteve preso. E por toda a terra do Egito fora iniciada a busca pelo escriba e que durou um ano inteiro até que finalmente o homem, chamado Alpheratz, foi encontrado e trazido à presença do faraó que, então, o enviou para o Templo de Hathor em Dendera.

Alpheratz permaneceu por vários dias ali sem ter encontrado nada que tivesse ligação com as visões do faraó até que, certa noite, ouviu o pranto de uma mulher vindo do interior do templo. Na câmara mais profunda do templo encontrou uma mulher presa a grilhões que lhe implorou para que a libertasse oferecendo a ele uma grande recompensa.

Ele se aproximou e a livrou dos grilhões. Foi então que toda a câmara foi envolvida por uma luz muito forte que quando se dissipou revelou uma escultura onde antes havia a mulher e representava a própria mulher. Esta escultura, que tinha tons de rosa e branco, se desfez em várias partes e cobriu o corpo de Alpheratz. Seu corpo todo foi envolvido pelo brilho do Cosmo que emanava da Armadura.

Agora ele entendia o significado das visões do faraó e aceitou o posto de Cavaleiro de Andrômeda.

  • Perfil de Aquário

Nome: Hydria
Classificação: Amazona de Ouro
Constelação Protetora: Aquário
Nascimento: 10 de Março de 1529 a.C (23 anos)
Signo: Aquário
Local de nascimento: Ilhas Åland no Mar Báltico, atual Finlândia
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Brancos
Olhos: Azuis
Pele: Clara
Altura: 1m69cm

Curiosidades:
• Hydria é o nome comumente dado a estrela Eta da Constelação de Aquário. Seu nome em grego significa “jarro de água”.

História:
Ainda um bebê com poucos dias de vida foi encontrada próximo ao corpo de uma mulher, possivelmente sua mãe, por um grupo de pescadores a alguns metros da praia. A mulher foi sepultada e os poucos pertences que trazia consigo, dentre os quais uma série de manuscritos cuja língua eles não entendiam, foram levados para sua vila juntamente com a criança.

Foi criada como filha do líder da vila e, com o passar do tempo, começaram a se destacar em sua testa dois pequenos sinais circulares, seus cabelos, brancos como a neve, e seus olhos de azul profundo. Foi enquanto ainda era criança que descobriram que ela era surda.

A deficiência não prejudicou seu desenvolvido, pois seus outros sentidos se tornavam cada vez mais apurados à medida que os anos passavam. Mas um de seus sentidos, o Cosmo, quando começou a se manifestar, assustava os demais habitantes e isso fez com que fosse isolada socialmente por todos, situação que se agravou quando seus pais adotivos morreram e o novo líder proibiu que continuasse a morar dentro dos limites da vila, mesmo tendo pouco mais de 11 anos. Ela era uma pária.

Viveu por muito tempo em um abrigo que ela mesma construiu no bosque próximo, onde passou a aprimorar mais seus sentidos e seu Cosmo, a ponto de desenvolver uma nova habilidade, a capacidade de ‘ouvir’ os pensamentos das pessoas. Foi com esta habilidade que descobriu a existência de uma mulher, a qual todos tratavam como bruxa, morando numa das ilhas menores e que possuía as mesmas marcar que ela na testa.

Partiu em busca desta mulher para descobriu se havia alguma ligação entre elas. Chegando lá, ao ficar frente a frente com a mulher, na verdade uma anciã em idade avançada, esta se pôs de joelhos e chorou não acreditando no que via, principalmente ao ver os manuscritos que Hydria trazia consigo, a filha de sua filha, sua neta.

Com a anciã ela descobriu se descendente dos lemurianos, um povo caçado como animais pelos Deuses e temidos pelos homens comuns. Aprendeu sobre o Cosmo e sobre sua telecinese. Nos anos que se seguiram aprendeu com a ela a dominar plenamente seu Cosmo até o dia em que a anciã morreu e ela passou a viver sozinha novamente. Quando vez 20 anos de idade, sentiu uma presença lhe chamando, guiando-a até a praia, uma imensa geleira surgiu do meio do oceano e no meio das camadas de gelo surgiu uma estátua dourada, que se desfez em dezenas de partes e cobriu seu corpo.

Uma voz sussurrava em sua mente, uma voz conhecida e que a fez entender qual era seu lugar neste mundo, ser a Amazona de Aquário.

  • Cavaleiro de Águia

Nome: Altair
Classificação: Cavaleira de Prata
Constelação Protetora: Águia
Nascimento: 30 de Maio de 1531 a.C (25 anos)
Signo: Gêmeos
Local de nascimento: Eshnunna (atual Tell Asmar), Mesopotâmia (atual Iraque)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanhos
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m76cm

História:
O jovem Altair caçava nas montanhas quando avistou uma águia tão grande quanto jamais havia visto antes voando em direção à encosta da montanha levando uma serpente em seu bico. Depois de um tempo a águia voou para longe do local onde fizera seu ninho.

Altair escalou a encosta e encontrou o ninho da águia com um filhote que brincava com a cobra morta. Entretanto ela não estava morta e preparava para cravar seus dentes no filhote da águia e inocular seu veneno mortal.

Altair tomou seu arco em punhos e disparou uma flecha matando a serpente. Com a serpente morta, ele tomou o filhote em seus braços para levá-lo embora quando, repentinamente, ele ouviu acima dele o bater das asas da águia.

“Por que está levando meu filhote embora?” – chorava a águia.

“Este filhote agora me pertence, pois eu o salvei da serpente que você não matou.”

“Devolva-me filhote e eu o darei grande recompensa, minha aguçada visão e a força de minhas asas. Você se tornará invencível e será chamado pelo meu nome.”

Os anos se passaram e, tanto Altair quanto o filhote de águia cresceram e Altair retornou ao ninho onde encontrou mãe e filhote que desapareceram em uma luz azulada e em seu lugar surgiu a escultura de uma águia. A estátua se desfez em dezenas de pedaços que cobriram o corpo de Altair.

Em seu pensamento ele ouviu novamente a voz da águia que lhe disse para seguir rumo a Ática onde o poder que ela lhe deu seria empregado em prol de um bem maior, pois desse dia em diante ele seria conhecido com Shqipëtar, o filho da águia, o Cavaleiro de Águia.

Curiosidades:
• A história foi adaptada de uma lenda do folclore albanês, ‘O Conto da Águia’, que explica como a Albânia e seu povo receberam seu nome. O jovem da lenda foi eleito rei pelo povo que passou a chamá-lo de Shqipëtar, o filho da águia em albanês (shqipe ou shqiponjë em albanês significa águia) e seu reino passou a ser conhecido como ‘Shqipëria’ ou Terra das Águias, cujo símbolo é uma águia de duas cabeças que representam o norte e o sul.
• Não tenho certeza mais talvez seja esta a origem da inimizade entre Shaina e Marin no mangá clássico.

Mais perfis:
Nome: Karnot
Classificação: Cavaleiro de Prata
Constelação Protetora: Altar
Nascimento: 29 de Setembro de 1539 a.C (33 anos)
Signo: Libra
Local de nascimento: Jämtland County, atual Suécia
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanhos
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m83cm

Curiosidades:
• Karnot é o nome comumente dado a estrela Beta da Constelação de Altar.

História:
Karnot pertencia a uma tribo pagã onde hoje é a Suécia. Com a proximidade do mês de novembro, o blótmónað, ‘mês de sangue’ ou ‘mês do sacrifício’, o sacerdote da tribo deveria escolher entre os membros da tribo aquele que seria oferecido em sacrifício no Hörgr, o altar, para os Deuses. Desta vez o escolhido fora Karnot.

Durante todo o mês de outubro ele fora mantido recluso e sendo bem alimentado para seu sacrifício foi bem recebido pelos Deuses, estando assim com uma aparência bem saudável.

Quando finalmente chegou o dia do sacrifício, o altar foi preparado no bosque sagrado e Karnot foi coberto com vestes brancas e conduzido até o altar onde foi deitado.

O sacerdote tomou em suas mãos uma adaga dourada e após entoar um cântico para que os Deuses aceitassem a oferenda, desferiu o golpe fatal contra Karnot. O que se viu a seguir assustou a todos. A adaga foi detida por uma força entranha, que emitia um brilho ofuscante e que cobriu todo o corpo de Karnot.

Karnot se pôs em pé a estranha energia alterou a forma do altar atrás dele, dando-lhe a forma metálica. Todos os presentes se prostraram de joelhos com medo. Quando Karnot se virou, o altar se desfez em dezenas de parte que se juntaram sobre seu corpo.

Todos entenderam que ali estava a vontade divina, que não desejava que ele fosse um sacrifício, mas sim que servisse aos Deuses e, sendo este o destino que lhe foi decidido, partiu rumo ao sul para servir como o Cavaleiro de Altar.

Nome: Hamal
Classificação: Cavaleiro de Ouro
Constelação Protetora: Áries
Nascimento: 30 de Março de 1526 a.C (20 anos)
Signo: Áries
Local de nascimento: Assur, Assíria (atual Iraque)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanho Escuro
Olhos: Castanhos
Pele: Morena Clara
Altura: 1m72cm

Curiosidades:
• Hamal é o nome comumente dado a estrela Alfa da Constelação de Áries.
• A Antiga Cidade de Assur foi a primeira capital do Império Assírio e hoje suas ruínas são Patrimônio Mundial da UNESCO.

História:
Hamal vivia próximo a cidade de Assur criando carneiros e ovelhas com seus parentes. Um dia lobos atacaram seu rebanho enquanto pastavam e um dos carneiros se desgarrou do rebanho, fugindo para as rochas próximas.

Enquanto os outros pastores espantavam os lobos Hamal foi atrás do carneiro que fugiu. No meio das rochas, seguindo os berros do carneiro, ele encontrou uma pequena gruta atrás de arbustos. Uma pálida luz vinha de dentro da gruta.

Hamal entrou e lá dentro encontrou uma mulher, que usava roupas brancas que lhe cobriam todo o corpo e um manto sobre a cabeça que deixa a mostra apenas seus rosto, e que passava suas mãos pela lã do carneiro.

A mulher passou sua mão sobre a chama da pequena fogueira a sua frente e a levou até o carneiro que começou a brilhar e perante os olhos descrentes de Hamal, adquiriu o brilho do ouro e se transformou, adquirindo a forma de uma escultura.

A estátua se desfez em uma luz dourada e cobriu o corpo de Hamal, protegendo como uma armadura. A mulher lhe disse apenas para partir, pois seu destino não pertencia mais a aquele lugar e, em seguida desapareceu.

Hamal deixou a gruta e partiu para longe para assumir seu papel como Cavaleiro de Áries.

Nome: Sírius
Classificação: Cavaleiro de Prata
Constelação Protetora: Cão Maior
Nascimento: 16 de Agosto de 1531 a.C (25 anos)
Signo: Leão
Local de nascimento: Cynopolis (Hardai), Egito
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Negros
Olhos: Castanhos
Pele: Morena Clara
Altura: 1m76cm

Curiosidades:
• Sirius é o nome comumente dado a estrela Alfa da Constelação de Cão Maior.
• Cynopolis era o nome grego da antiga cidade egípcia de Hardai onde era realizado o culto a Anupet, a versão feminina de Anúbis, e ao próprio Anúbis.

História:
Sirius e seu parceiro Procyon eram saqueadores que roubavam o ouro e tesouros dos templos por todo Egito. Sua agilidade fora do comum e incrível sagacidade que o ajudaram a jamais ser preso. Só não imaginava que essa habilidade se originava em seu Cosmo latente.

Um dia decidiu roubar o Templo de Anúbis em sua cidade natal, mas Procyon preferia não fazê-lo temendo a ira de Anúbis. Ele entrou na calada da noite no templo e recolheu todo o ouro e jóias que conseguiu, mas quando estava para deixar o templo algo aconteceu. Uma sombra emergiu da estátua de Anúbis dando forma ao próprio Deus que estava furioso por seu templo ser violado por um saqueador.

Sirius implorou por sua vida e Anúbis propôs um pacto a ele. Em troca de sua vida Sirius passaria o resto de seus dias servindo a Anúbis. Ele retornou para a estátua que se transformou e cobriu o corpo de Sírius formando uma armadura.

Seguindo as ordens de Anúbis, se junto a Procyon e partiu para o norte onde seria conhecido como o Cavaleiro de Cão Maior e Procyon, o Cavaleiro de Cão Menor.

Nome: Procyon
Classificação: Cavaleiro de Bronze
Constelação Protetora: Cão Menor
Nascimento: 18 de Janeiro de 1529 a.C (23 anos)
Signo: Capricórnio
Local de nascimento: Cynopolis (Hardai), Egito
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Negros
Olhos: Castanhos
Pele: Morena Clara
Altura: 1m70cm

Curiosidades:
• Procyon é o nome comumente dado a estrela Alfa da Constelação de Cão Menor.
• Cynopolis era o nome grego da antiga cidade egípcia de Hardai onde era realizado o culto a Anupet, a versão feminina de Anúbis, e ao próprio Anúbis.

História:
Procyon era parceiro de Sirius e eram saqueadores que roubavam o ouro e tesouros dos templos por todo Egito. Sua maior qualidade era pressentir quando havia algum perigo, habilidade que salvo ambos em várias oportunidades.

Quando Sirius decidiu roubar o Templo de Anúbis em sua cidade natal, Procyon preferiu não fazê-lo temendo a ira de Anúbis e, desta vez, Sirius não seguiu o pressentimento dele.

Quando Sirius demorou a voltar, foi até o templo e ao ver a sombra de Anúbis fugiu para não ser alvo de sua ira, mas do lado de fora também fora cercado por Anúbis que o acusara de ajudar Sirius e que sua pena seria a mesma dele.

Das entranhas da terra Anúbis retirou a carcaça de um cão morto que se transformou e cobriu o corpo de Procyon formando uma armadura.

Quando Sirius deixou o templo, partiram para o norte onde seria conhecido como o Cavaleiro de Cão Menor e Sirius, o Cavaleiro de Cão Maior.

Nome: Cecrops
Classificação: Cavaleiro de Ouro
Constelação Protetora: Capricórnio
Nascimento: 21 de Dezembro de 1566 a.C (60 anos)
Signo: Capricórnio
Local de nascimento: Ática, Grécia
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Brancos
Olhos: Pretos
Pele: Clara
Altura: 1m74cm

História:
Cecrops era o líder de uma das doze tribos que habitavam a Ática. Ele reuniu os chefes das outras tribos proponde que se unissem para formar uma nova cidade que fosse capaz de repelir toda e qualquer invasão de povos bárbaros que constantemente atacavam. Ele próprio se colocou como rei desta nova cidade, porém os demais também se achavam capazes de reinar e criou-se um impasse.

Durante as discussões surgiram perante os presentes Athena e Poseidon, ambos reivindicando o padroado desta nova cidade. Não querendo ofender a nenhum dos Deuses, Cecrops e propôs que ambos tivessem templos na cidade, mas sua proposta foi recusada.

Pediu então que lhes oferecessem algo e aquele que lhes dessem o melhor presente seria honrado como patrono da cidade. Reconhecendo a coragem de Cecrops em exigir algo deles, Athena e Poseidon aceitaram seu pedido.

Poseidon lhes ofereceu como presente um fonte de água salgada enquanto Athena lhes ofereceu a oliveira, fonte de óleo, madeira e alimento.

Athena foi escolhida como padroeira da cidade que recebeu o nome de Atenas e Cecrops foi escolhido por ela como seu rei. Athena também nomeou Cecrops como o primeiro cavaleiro da confraria que criaria e lhe entregou a Armadura de Capricórnio. Com o passar do tempo, novos cavaleiros surgiram ao redor do mundo conhecido e Cecrops também foi nomeado o Grande Mestre.

Suas filhas também foram agraciadas por Athena. Herse foi escolhida para ser o avatar humano de Athena e Aglaurus o avatar humano da Deusa Nike, companheira fiel de Athena. Pandrosus foi escolhida para servir a Athena como uma amazona e recebeu a Armadura de Serpente.

Nome: Marj
Classificação: Amazona de Bronze
Constelação Protetora: Cassiopéia
Nascimento: 1 de Setembro de 1523 a.C (17 anos)
Signo: Virgem
Local de nascimento: Joppa (atual Jaffa), Ethiopia (atual Palestina)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Ruivos
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m67cm

Curiosidades:
• Marj é o nome comumente dado a estrela Gama da Constelação de Cassiopéia.

História:
Marj era a filha de um homem muito rico e influente de Joppa. Muito bonita e vaidosa, também era arrogante e fútil e tratava há todos muito mal.

Certo dia chegou à cidade um mercador de tecidos muito rico vindo do oriente e que ali fixou sua moradia. Ele trazia consigo sua filha que, além de muito bonita, também era muito simpática e tratava a todos com muito respeito e cordialidade. Marj não gostou dela.

Seu pai ofereceu um banquete para recepcionar o mercador e sua filha. Durante o banquete tinham todos sua atenção voltada para a jovem recém-chegada deixando Marj em segundo plano, posição a qual ela não estava acostumada. Num momento de raiva ela desejou a morte da jovem e deixou o recinto.

Dias depois a jovem adoeceu e todos os médicos consultados disseram que não havia nada a ser feito para salvá-la e ela veio a falecer em seguida. Marj se isentou de qualquer culpa pelo ocorrido.

Certa noite em que não conseguia dormir, Marj foi até a janela de seu quarto e viu, no meio do jardim, a jovem que havia morrido. Nuvens passaram perante a lua escurecendo tudo e a garota sumiu.

Quando se virou para dentro do quarto, a garota estava ali diante de Marj, trajando um longo manto branco com os cabelos soltos e a pela muito pálida. Marj caiu sentada e não conseguiu se mover. Implorava para que não fizesse nada com ela.

Sem nada dizer a garota se abaixou e toco o rosto de Marj que começou a formigar para, então surgir uma horrível cicatriz e a garota de transformar em uma escultura que empunhava um espelho em sua mão direita que refletia a imagem de Marj.

“Se quiser ser bela novamente e então conhecer a verdadeira beleza, una-se a mim.”

Quando tocou na escultura, esta se desfez em várias partes que então cobriram Marj. Uma máscara cobria-lhe o lado esquerdo da face, ocultando a cicatriz e ela partiu para longe para tornar-se a Amazona de Cassiopéia.

Nome: Alderamin
Classificação: Cavaleiro de Prata
Constelação Protetora: Cepheus
Nascimento: 15 de Maio de 1531 a.C (25 anos)
Signo: Touro
Local de nascimento: Ática, Grécia
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanhos
Olhos: Castanhos
Pele: Morena Clara
Altura: 1m77cm

Curiosidades:
• Alderamin é o nome comumente dado a estrela Alfa da Constelação de Cepheus e em árabe significa “o braço direito”.

História:
Ainda criança Alderamin aprendeu sobre a Deusa Athena que abandonou sua morada no Olimpo para viver entre os mortais e desde então se propôs a servi-la, não importa como. Em sua juventude conseguiu um posto como soldado e pouco a pouco foi se destacando entre os demais e isso não passou despercebido pela Deusa.

Athena convocou o jovem para comparecer perante ela e, sentindo nele um Cosmo latente muito forte e lhe propôs um teste para determinar se ele seria digno de lhe servir. Ela explicou que todo aquele que estivesse disposto a servi-la também deveria estar disposto a morrer por ela e que seu teste iria determinar isso.

No pátio central do palácio seus braços e pernas foram presos por correntes que foram presas a cavalos que, ao sinal de Athena, começaram a puxar. Ou Alderamin lutava por sua vida e manifestava seu Cosmo interior ou morreria ali. E foi o que aconteceu.

A iminência de morrer e a dor intensa que começou a tomar seu corpo despertaram seu Cosmo interior e lhe permitiu romper as correntes que o prendiam. Athena reconheceu a determinação do jovem e lhe entregou uma armadura e com ela ele passou a servi-la como o Cavaleiro de Cepheus.

Nome: Thani
Classificação: Amazona de Prata
Constelação Protetora: Cetus (Baleia)
Nascimento: 25 de Junho de 1528 a.C (22 anos)
Signo: Câncer
Local de nascimento: Ilhas Andamã, Baia de Bengal, Sapta Sindhu (atual Índia)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanhos
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m75cm

Curiosidades:
• Thani (Difda Al Thani) é um dos nomes dado a estrela Beta da Constelação de Cetus (Baleia) e em árabe significa “o braço direito”.

Técnicas:
• Força Explosiva – se valendo de sua força e velocidade, Thani agarra inimigo pelo braço e lança no ar, imobilizando-o com seu Cosmo e impedindo-o de se mover. Durante a queda ela se aproveita da força gravitacional e golpeia o inimigo.

Nome: Rotanen
Classificação: Cavaleiro de Bronze
Constelação Protetora: Golfinho
Nascimento: 15 de Março de 1529 a.C (23 anos)
Signo: Peixes
Local de nascimento: Ilhas Andamã, Baia de Bengal, Sapta Sindhu (atual Índia)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanhos
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m80cm

Curiosidades:
• Rotanen ou Rotanev é o nome dado a estrela Beta da Constelação de Golfinho e trata-se de um trocadilho criado pelo astrônomo Niccolò Cacciatore que escreveu ao contrário o nome latinizado de sua família (Nicolaus Venator – Rotanev).

Técnicas:
• Sonic Spin – se valendo de velocidade e força física, Rotanen faz seu corpo girar como uma broca e atinge seu adversário com as mãos acima da cabeça ou com os pés. Este golpe visa atingir um único ponto com a maior força possível.

Nome: Difda
Classificação: Amazona de Bronze
Constelação Protetora: Peixe Austral
Nascimento: 29 de Julho de 1526 a.C (20 anos)
Signo: Leão
Local de nascimento: Ilhas Andamã, Baia de Bengal, Sapta Sindhu (atual Índia)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Azuis
Olhos: Azuis
Pele: Clara
Altura: 1m64cm

Curiosidades:
• Difda (Difda Al Auwel) é um dos nomes dado a estrela Alfa da Constelação de Peixe Austral.

Técnicas:
• Power Spin – ao contrário do que o nome da técnica indica, o ataque de Difda se faz valer da velocidade para atingir o adversário com vários golpes em seqüência e em vários locais tornando a defesa mais difícil.

História:
Thani, Difda e Rotanen pertenciam à raça dos Lemurianos, um povo mais antigo que a própria raça humana e que por muitas gerações vive para servir aos seus mestres, os Titãs, até o dia em que se iniciou a Grande Guerra, a Titanomaquia. Os Titãs, liderados por Cronos, enfrentaram Zeus e os seus irmãos.

Com a guerra alguns lemurianos que não estavam satisfeitos em servir aos Titãs se puseram ao lado de Zeus, auxiliando-o. Ao final da Titanomaquia, os Titãs e todos aqueles que estiveram a seu lado foram banidos para o Tártaro e os lemurianos remanescentes juraram lealdade a Zeus e seus irmãos.

Por um tempo os lemurianos viveram em seu reino até que a humanidade nasceu e os Deuses voltaram sua atenção para ela e se esqueceram dos lemurianos. Desde o final da Titanomaquia Poseidon e outros Deuses insistiam para que Zeus banisse todos os lemurianos, mas este jamais cedeu. O surgimento da humanidade serviu de pretexto para que Poseidon colocasse em prática seu plano de eliminar todos os lemurianos.

Acusando os lemurianos de terem atacado seus servos, os atlantes, Poseidon lançou um poderoso maremoto que devastou a Lemuria, lançando o continente nas profundezas do oceano. Os lemurianos que sobreviveram se dispersaram pelo mundo e passaram a ser cassados pelo mundo.

Athena percebeu o truque de Poseidon e se pôs contra ele ao localizar uma vila de lemurianos nas Ilhas Andamã. Thani, uma jovem que possuía grande força física e um Cosmo poderoso recebeu a Armadura de Cetus, Difda recebeu a Armadura de Peixe Austral e Rotanen a Armadura de Golfinho e assim combaterem os soldados enviados por Poseidon.

Junto com outra lemuriana, Simmah, deixaram para trás seus lares para se juntar a Athena pra lhe servir e proteger seu povo. Perto de chegar a Atenas, a embarcação foi atacada por Kain de Galeocerdo e o ataque vitimou Thani, Difda e Rotanen.

Capítulo 12: Oferenda

O passado. Ano: 1506 a.C. Atlântida.
Por todo o reino os habitantes comentam sobre o retorno de seu príncipe que esteve ausente por muito tempo.

No Palácio, Yakros repousa sentado no trono de seu pai enquanto serviçais lhe servem néctar e ambrosia. Ele traja um manto branco com um cinto de metal dourado, braceletes nos pulsos e sandálias nos pés.

A sua frente estão aqueles escolhidos para lhe servirem e comandarem as sete áreas que circundam o Palácio.

Isaiah de Leviathan, a Grande Serpente que habita as profundezas, Lahmu de Tiamat, o Demônio Marinho que habita as profundezas, Baliga de Chessie, a Tenebrosa que assombra as profundezas, Kain de Galeocerdo, o Terror que domina as profundezas, Augustine de Lusca, o Monstro Incandescente que inflama as profundezas, Margate de Trunko, a Tempestade Furiosa que agita as profundezas, Derleth de Cthulhu, a Escuridão que domina as profundezas e Homer de Charybdis, o Redemoinho Tenebroso que habita na superfície.

“Senhor Yakros, o que deseja de nós?”

“Isaiah, todos vocês devem retornar a seus domínios e levem consigo as urnas que trouxe comigo. Façam isso e não deixem seus postos em hipótese alguma.”

Todos se levantam de deixam o Palácio sendo acompanhados pelos soldados que carregam as urnas. Na grande escadaria que leva ao Palácio, um soldado se aproxima de Kain e lhe diz algo ao pé do ouvido.

“Baliga, você terá de voltar sozinha para nossos domínios.”

“Aonde você vai Kain?”

“Tenho algo a fazer.”

Kain desaparece em meio a um turbilhão de água. Enquanto continuam a descer a escadaria, o caminho dos Marinas se cruza com o de outra pessoa. Perséfone surge aos pés da escadaria acompanhada por duas pessoas trajando mantos negros que ocultam suas identidades.

Os três se deslocam pela escadaria como se estivessem flutuando sobre ela como fantasmas e param em frente à entrada.

“Fiquem aqui e não permitam que ninguém entre. Eliminem quem tentar.”

Perséfone entra no Palácio e deixa seus acompanhantes de guarda.

Os Marinas ouvem estas palavras, mas não se atrevem a desafiá-las. Sabem exatamente quem eles são e do que são capazes e seguem seu caminho.
Perséfone chega à Sala do Trono onde Yakros a aguarda.

“Lady Perséfone, seja bem-vinda. Vejo pela sua expressão que não parece muito contente.”

“Pequenos contratempos, mas nada com que tenha que se preocupar. Encontrou o que procurava?”

“Sim. Encontrei todos.”

“Então posso levar o preço combinado?”

“Esteja à vontade.”

Perséfone invoca as almas dos mortos que se levantam das sombras por toda a Atlântida. A legião de condenados avança contra todas as pessoas que encontram como uma nuvem de gafanhotos devorando a todos. Gritos de medo são ouvidos por toda parte. Na entrada de seus templos os Marinas vêem a tudo tomados pela perplexidade e impotentes por não poder ajudar seu povo.

“Yakros, o que você fez?”

Augustine não entende qual o sentido desta atitude de Yakros ao permitir que seu povo seja massacrado dessa forma.

Aos pés da escada que leva a seu templo ela vê as pessoas clamando por sua ajuda para em seguida serem completamente consumidas e ela sem nada a fazer exceto seguir as ordens de Yakros.

“Não deixem seus postos sob hipótese alguma.”

Ela espera não se arrepender por obedecer tal ordem. Ela retorna para dentro do templo e para em frente à estátua onde o soldado depositou uma urna. Aos pés da estátua Há uma inscrição.

“SIREN”

Finalmente os gritos de pânico e pedidos de ajuda cessam e resta apenas o silêncio.

“Meus parabéns Yakros. Agora seu pai governará um reino sem súditos.”

“Para um bem maior sacrifícios são necessários. Ele me entenderá.”

“Pelo seu bem espero que sim.”

Perséfone deixa-o sozinho, sumindo junto às sombras. Seus acompanhantes já haviam desaparecido há muito tempo, tendo retornado ao Submundo juntamente com a legião de condenados.

Sargas permanece parado enquanto seu corpo emana o brilho dourado do Cosmo. A sua frente estão Ahamud e uma dezena de pessoas.
“Sargas, não imaginou pelo que você tenha passado, mas onde está meu tesouro.”

“Huh! Huh! Huh!”

“O que é engraçado? Onde está meu tesouro?”

“Eu encontrei algo mais valioso que seu tesouro Ahamud. Eu encontrei poder. E agora voltei para buscar minha filha.”

“Você acha mesmo que entregá-la assim?”

Ahamud acena com as mãos e seus homens empunham adagas, espadas e lanças.

“Entregue-a ou matarei a todos aqui.”

“E como espera fazer isso, estando e desarmado e sozinho?”

Os homens avançam em direção a Sargas, mas têm seus movimentos detidos pelas areias que lhes prendem os pés. Lentamente eles começam a afundar. Sargas caminha em direção a Ahamud.

“Mas como?”

“Eu avisei Ahamud. Agora eu detenho um poder com o qual você jamais sonhou. Liberte-a ou morra.”

Ahamud tenta recuar, mas tem seus movimentos também detidos pela areia e também começa a afundar. Apenas sua cabeça fica para fora da areia.

“Não. Por favor.”

“Agora você implora por sua vida. Espera mesmo que irei poupá-lo?”

“O que vai fazer? Enterrar-me no deserto?”

“Não. Você merece sentir a mesma dor que senti quando tomou a vida de minha Sheila.”

“Eu não fiz isso. Ela mesma se matou.”

“Minha filha preferiu morrer a se entregar a você. Quero que você sofra a mesma dor que sofri.”

Uma aura rubra envolve todo o corpo de Sargas enquanto a areia empurra Ahamud para fora. Pequenas esferas rubras se formam nas pontas dos dedos de Sargas e em seguida atingem o corpo de Ahamud em vários pontos.

“O que você fez? Não sinto…”

Antes que pudesse terminar a frase Ahamud sente seu corpo todo ficar dormente. Lentamente sua visão começa a escurecer. Ele não sente mais cheiros e nem consegue sentir as coisas a sua volta. Sente apenas uma dor insuportável que percorre seu corpo. De sua boca não saem mais nenhuma palavras e nem o menor grunhido.

“Sinta a dor do veneno do escorpião e morra.”

Em alguns instantes resta apenas um corpo inerte a sua frente. Na entra da tenda está sua filha Seshat. O brilho de seu Cosmo se abranda e desaparece.

“Filha!”

Seshat corre e abraça seu pai com toda a sua força.

“Pai…”

Lágrimas escorrem de seus olhos. Após tanto tempo, Pai e filha estão juntos novamente e juntos, têm um longo caminho a seguir.

Muito longe dali, uma embarcação deixara a pouco o porto de Joppa, na Ethiopia, cruzando as águas do Mesogeios rumo às terras que hoje conhecemos como Grécia. Trás a bordo mulheres e crianças que dividiam entre si o pouco alimento que traziam. Na proa, uma mulher de cabelos esverdeados curtos com seu corpo coberto por um manto esfarrapado e uma máscara com detalhes verdes que lembravam trepadeiras que lhe ocultava a face fitava o horizonte. Sob o manto era possível observar uma armadura dourada.

Na popa do barco um jovem de cabelos castanhos guiava a embarcação sustentando o leme. Um manto esfarrapado lhe cobria o corpo que estava coberto com uma armadura negra.

A direita da embarcação, próxima ao mastro central, estava uma mulher de cabelos azulados que lhe cobriam os ombros. Uma máscara com detalhes em vermelho lhe cobria o rosto enquanto seu corpo era coberto por uma armadura vermelha.

Caminhando em direção a proa, uma mulher de cabelos castanhos curtos e usando uma máscara que cobria parcialmente seu rosto e uma armadura negra.

“Simmah, você acha sensato seguirmos pelo mar? Não seria melhor irmos por terra?”

“Se estivéssemos apenas nós quatro seria. Mas temos muitas pessoas que contam conosco e esta é a melhor opção.”

“E se nos encontrarem?”

“Reze para que cheguemos a terra primeiro Thani.”

“Mas e se nos encontrarem primeiro?”

“Então lutaremos. Recebemos estas armaduras por um motivo. Um motivo que apenas os Deuses podem determinar. Deuses que encontraremos nas terras além-mar.”

Thani olha para trás, receosa de que talvez nem todos terminem esta jornada que iniciaram há tanto tempo.

Quando deixaram seus lares eram mais de uma centena. Agora não são mais do que trinta. Eles vêm sendo caçados e mortos desde muito antes de ela nascer. Quando eram milhares, quando eram uma nação, a Lemuria.

Perfis:
Nome: Alphekka
Classificação: Amazona de Bronze
Constelação Protetora: Coroa Austral
Nascimento: 20 de Maio de 1527 a.C (21 anos)
Signo: Áries
Local de nascimento: Thessália, Grécia
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Castanhos
Olhos: Azuis
Pele: Clara
Altura: 1m74cm

Curiosidades:
• Alphekka é um doso nomes dado a estrela Beta da Constelação de Coroa Austral.
• Esta constelação tem origem no mito de Ariadne, uma ninfa. Apolo se apaixonou por ela após ser atingido por uma das flechas de Eros enquanto que Ariadne foi atingida por uma flecha de chumbo e passou a rejeitar o Deus. Para fugir de tal situação foi transformada em um loureiro e desde então a árvore passou a ser consagrada ao Deus que sempre trazia consigo um ramo de louros.

História:
Alphekka era apaixonada por um jovem e valoroso caçador que, antes de partir para caçada com outros homens, esteve com ela sob um loureiro e lhe confeccionou uma coroa de louros e a chamou de sua rainha. Depois disso ele partiu para nunca mais voltar.

Durante a caçada os homens foram atacados por bárbaros e poucos se salvaram. O amado de Alphekka não foi um deles. Quando os sobreviventes regressaram trazendo consigo os corpos de seus companheiros, ela ficou inconsolável e passou dias e dias chorando sob as folhas do loureiro, molhando com suas lágrimas a coroa que ele lhe havia feito.

Um dia, enquanto estava sob o loureiro, alguns bárbaros apareceram e a cercaram. Prestes a ser atacada, um milagre aconteceu e a coroa de louros começou a brilhar, crescendo e se transformando em metal, ela se desfez em várias partes que cobriram o corpo dela e houve uma grande explosão que eliminou a todos os bárbaros.

Alphekka se viu protegida por uma armadura e ela viu diante dela imagem de seu amado que, abraçando-a, lhe disse para usar aquela armadura para proteger pessoas inocentes como ela e se despediu. Alphekka partiu rumo a Atenas onde passou a servir a Athena como a Amazona de Coroa Austral.

Nome: Arianna
Classificação: Amazona de Prata
Constelação Protetora: Coroa Boreal
Nascimento: 12 de Maio de 1526 a.C (20 anos)
Signo: Touro
Local de nascimento: Kestel, Toros Dağları, Anatólia (atual Turquia)
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Cinza
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m66cm

Curiosidades:
• Arianna é a latinização do nome Ariadne, a ninfa que recebeu de Dionísio uma coroa e que posteriormente deu origem à constelação da Coroa Boreal.
• Kestel é um sitio arqueológico da idade do Bronze onde se encontraram vestígios da mineração de estanho.
• ‘Toros Dağları’ significa ‘Montes Tauros’ em turco. É uma cadeia montanhosa no sul da Turquia.

História:
O pai de Arianna era um artesão que forjava peças de metal. Um dia surgiu uma mulher que lhe pediu que forjasse uma coroa e que está fosse a mais extraordinária coroa já produzida em todo mundo.

Ele trabalhou por quase um mês e finalmente concluiu a coroa. Quando a mulher voltou para buscar a coroa, entregou-a para a filha do artesão, Arianna, que ao tocar a coroa, viu-a se transformar em algo completamente diferente, uma armadura que cobriu completamente o corpo da jovem.

A mulher se apresentou com representante dos Deuses que Arianna foi escolhida também para servi-los. A jovem aceitou o que o destino lhe havia determinado e partiu com a mulher para se tornar a Amazona de Coroa Boreal.

Nome: Gienah
Classificação: Amazona de Prata
Constelação Protetora: Corvo
Nascimento: 17 de Março de 1531 a.C (25 anos)
Signo: Peixes
Local de nascimento: Trikala, Thessalia, Grécia
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Negros
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m66cm

Curiosidades:
• Gienah é o nome comumente dado a estrela Gama da Constelação de Corvo.
• Em diversas culturas o corvo está associado à morte e é comumente colocado em cemitérios ou em campos de batalha devorando os cadáveres dos mortos. Na mitologia escandinava são os responsáveis por levar a alma para o Valhalla Daí vem à expressão “estar no bico do corvo”.

História:
Quando ainda era uma criança Gienah viu seus pais serem mortos por bárbaros e desde então, para sobreviver, ela passou a saquear campos de batalha e vilas que tivessem sido atacadas, tornando-se uma parasita, vendia tudo de valor que encontrava. Com o passar do tempo se viu em companhia de diversas chamas de fogo-fátuo que apenas ela conseguia ver.

Durante um saque a um campo de batalha, deparou-se com Cecrops que, vergando sua Armadura Dourada, lhe fez um convite. Juntar-se a ele e a outros para servir a Athena. Seu destemor quanto à morte seria mais bem aproveitado por ele, que necessitava de ajuda durante a celebração de ritos fúnebres.

Gienah aceitou a oferta de Cecrops e sobre ela surgiu um imenso corpo que se desfez em fachos de luz que tomaram conta do corpo dela e formaram uma armadura negra e cinza e cobriram seu rosto com uma máscara igualmente cinza. A partir dali ela passou a ser a Amazona de Corvo.

Nome: Alkes
Classificação: Cavaleiro de Prata
Constelação Protetora: Cálice
Nascimento: 30 de Junho de 1540 a.C (34 anos)
Signo: Câncer
Local de nascimento: Rio Tarus, Parma, Itália
Local de treinamento: Não aplicável
Cabelos: Negros
Olhos: Castanhos
Pele: Clara
Altura: 1m81cm

Curiosidades:
• Alkes é o nome comumente dado a estrela Alfa da Constelação de Cálice.

História:
Alkes era um curandeiro e feiticeiro que cobrava altas quantias para realizar seus rituais de cura, onde dizia invocar os Deuses que o auxiliavam.

Durante um destes rituais o cálice que utilizava e onde dizia prever o futuro na águia milagrosa lhe mostrou sua própria imagem ao lado de outros homens e mulheres trajando armaduras. Quando tocou nas águas, o ambiente foi inundado por um intenso brilho que, quando se dissipou, revelou Alkes com seu corpo protegido por uma armadura. Exatamente a mesma da visão.

Prevendo isso como um sinal dos Deuses, partiu rumo a Atenas, onde passou a ser o Cavaleiro de Cálice.

Capítulo 13: Declaração de Guerra

O raiar de um novo dia desponta no horizonte que revela a frente o fim de uma longa jornada que se iniciou há muito tempo.

Os raios de Sol tocam suavemente as faces das pessoas a bordo fazendo-as despertar. Seus olhares se enchem de esperança com o fim da longa jornada.

Na proa da embarcação Simmah tem seu manto agitado pelo vento tal e qual um estandarte. Ela finalmente se permite sorrir ao olhar para seus companheiros que estão atrás de si.

Um sorriso que desaparece e deixa lugar a uma expressão espantada ao ver surgir atrás da embarcação diversos vórtices se formando nas águas. O mar calmo se torna agitado e as pessoas ali começam a entrar em pânico.

“Mantenham a calma. Estamos quase em terra. Rotanen mantenha o leme firme. Difda! Thani! Mantenham suas posições.”

Rapidamente ela se dirige à popa da embarcação.

Simmah faz emanar seu cosmo dourado que começa a brilhar intensamente. Thani e Difda fazem o mesmo e os três cosmos criam uma proteção para a embarcação, protegendo-a dos açoites provenientes das águas.

“Huh! Acham mesmo que essa tola barreira irá salvá-los?”

A voz vem de um dos vórtices, de onde surgir Kain de Galeocerdo. Seu cosmo se inflama ao seu redor.

“O tempo de vocês a muito se acabou. Por que insistem em continuar vivos?”

Com o comando de Kain o navio é atingido furiosamente, mas graças à barreira os danos não são graves.

“Agüentem firme. Só mais um pouco.”

Rotanen salta sobre Simmah e, fazendo seu corpo girar a uma velocidade incrível, ataca Kain.

“O que!?

“SONIC SPIN”

Kain é atingido em cheio e cai. Com o apoio fornecido pelo impacto do golpe, Rotanen ganha impulso e sobe aos céus.

“Vão. Eu vou ganhar tempo.”

Simmah acena positivamente com a cabeça e usa seu cosmo para impulsionar a embarcação. Rotanen se prepara para mais um ataque enquanto a embarcação se afasta.

“SONIC SPIN”

Rotanen mira se ataque no ponto onde Kain caiu e avança girando em alta velocidade. Antes que atinja a água um vórtice se forma e detém seu ataque, repelindo-o e fazendo-o voar pelos ares.

“Acha mesmo que um golpe tão fraco pode me ferir? Galeocerdo´s Vortex.”

Kain se levanta das águas e lança seu ataque contra o indefeso Rotanen, que tem sua armadura estilhaçada enquanto seu corpo cai no mar. Seus companheiros nada podem fazer senão observar a tudo.

Em Atenas, soldados deixam o palácio rumo ao porto seguindo ordens de Athena.

A embarcação finalmente atinge a costa e as pessoas a bordo começam a descer auxiliadas pelos soldados que ali chegaram.

Simmah, Thani e Difda, ainda a bordo, saltam para longe para se esquivar de um vórtice que a atinge, partindo ao meio e deixando em meio aos escombros o corpo de Rotanen e Kain, que o chuta.

“Não precisam se preocupar em buscar o corpo de seu amigo. Eu não deixaria que este lixo sujasse a beleza do mar.”

Soldados usando armaduras que simbolizam sua lealdade a Poseidon surgem das águas.

“Acabem com esse lixo lemuriano e com qualquer um que se ponha em seu caminho meus soldados.”

Simmah, Difda e Thani se põem no caminho dos soldados para proteger as pessoas. Os soldados, por sua vez, não se intimidam com as três amazonas a sua frente e avançam ferozmente como uma matilha enfurecida.

Simmah evita facilmente os golpes e derruba os soldados som uma seqüência de socos e chutes.

Thani e Difda passam pelos soldados derrubando-os como se fossem nada, lançando-os contra Kain que, para se esquivar, se torna alvo do golpe de Thani, que o agarra pelo braço e o arremessa para o alto, imobilizando pela força de seu cosmo.

“FORÇA EXPLOSIVA”

Difda que vinha logo atrás salta para atacar, ficando acima dele.

“POWER SPIN”

O ataque de Difda atinge Kain violentamente aumentando a velocidade da queda, o que faz com a violência do impacto com os destroços da embarcação seja maior, gerando um deslocamento de ar.

“Acabamos com ele?”

Difda toca o solo e anda em direção aos destroços para confirmar a derrota do inimigo.

“Cuidado!”

O alerta de Simmah, que ainda estava cuidando dos soldados, não é rápido o suficiente e suas companheiras são atingidas pelos vórtices criados por Kain, que as jogam contra as paredes.

“Suas vagabundas! Acharam mesmo que iriam vencer usando golpes tão fracos.”

Kain se levanta do meio dos escombros com vários arranhões pelo corpo e sua armadura com algumas trincas, conseqüências dos ataques sofridos.

“Pagarão por danificarem a minha armadura.”

As duas se levantam feridas apenas para serem golpeadas novamente pelo ataque de Kain, que as fazem se chocar uma na outra. As armaduras de ambas sofrem vários danos.

Kain faz brilhar seu cosmo com mais intensidade e das águas faz surgir um vórtice imenso, que se eleva até os céus seguindo o movimento da sua mão.

“Morram de uma vez!”

Com o movimento de seu braço o vórtice se curva e desce para golpear as duas amazonas caídas.

“Não!”

Simmah explode seu cosmo e lança para longe os soldados que ainda restavam e corre para tentar deter o ataque, mas era tarde demais. Thani e Difda, muito feridas, não tiveram como sair do caminho e foram atingidas. Quando o vórtice desapareceu, restava apenas uma cratera com os corpos inertes das duas e fragmentos de suas armaduras.

Simmah, se mostrando emocionalmente abalada, cai de joelhos ao chão, derramando lágrimas pela morte de suas companheiras que, acima de tudo, eram suas irmãs.

“Há! Há! Há! Não precisa chorar. Você irá se juntar a elas no outro mundo.”

Kain lança seu ataque contra Simmah que é atingida violentamente por um par de vórtices. Quando ambos somem, Kain vê Simmah ainda de joelhos, porém a sua frente surge alguém, outro cavaleiro que traja uma armadura de tons azulados.

“Você de novo moleque?”

“Eu não sou um moleque. Chamo-me Dhalim, e sou um Cavaleiro a serviço de Athena.”

“Moleque, da última vez vocês só sobreviveram por que Augustine apareceu. Acha que se salvará facilmente agora? Essa amazona atrás de você está desmoronou completamente com a morte das suas companheiras e não irá ajudá-lo.”

Dhalim olha de relance para Simmah que continua caída de joelhos e chorando muito.

“Sei que elas eram importantes para você. Eu também perdi alguém importante para mim, mas não me deixei abalar e segui em frente. Você deve fazer o mesmo por elas.”

Simmah levanta a sua cabeça e olha para ele.

“Sei que você é forte. Eu posso sentir o qual poderoso é seu cosmo, mas deixe esse cara comigo.”

Dhalim voltasse novamente para Kain e caminha em sua direção.

“Você vai me enfrentar? Você não foi capaz disso da última vez e não será agora – Galeocerdo´s Vortex.

O vórtice se eleva sobre Kain e cai sobre Dhalim que não esboçou nenhuma intenção de se esquivar.

“Tão fácil assim? Não passava de outro lixo inútil.”

“Acho que você se enganou.”

Dhalim surge por detrás do vórtice sem um arranhão sequer.

“Impossível! Como evitou meu ataque?”

“Eu te mostro.”

Dhalim faz brilhar seu cosmo que envolve totalmente seu corpo e o vórtice a sua frente, que uma vez mais se eleva aos céus, mas desta fez seu ataque é direcionado contra Kain, que desvia para não ser atingido.

“Não acredito que um lixo como você consegui voltar meu ataque contra mim.”

“Muito simples; Eu posso controlar a água com meu cosmo. E quanto mais forte for meu cosmo, maior será meu controle. Veja.”

Kain é atingido por outro vórtice criado por Dhalim, caindo ao chão e perdendo o elmo de sua armadura.

“Seu inseto insignificante. Como ousa copiar a minha técnica e usá-la contra mim.”

Kain se levanta furioso.

“Vou te mostrar quem tem o cosmo mais poderoso.”

Kain lança um vórtice gigantesco contra Dhalim que desta fez se esquiva.

“Que foi? Seu cosmo não é poderoso o bastante para deter este ataque?”

Dhalim nada responde e se limita apenas a se desviar dos ataques, até que finalmente se vórtice se desfaz.

“O que aconteceu? Meu corpo não se move.”

“Você se descuidou. Colocou tanto Cosmo no seu ataque que isso o enfraqueceu e permitiu que fosse pego pela minha técnica. Você não sabe? Nosso corpo é formado por água também”

Sem perceber Kain usou tanto de seu cosmo em seus ataques que fora capturado pelo cosmo de Dhalim. Ele tenta, mas seu corpo não se move.

“Desde nosso encontro anterior, eu vaguei sozinho pelo deserto até chegar aqui. Durante todo o caminho eu treinei para aprimora meu cosmo e refinar meu controle sobre ele. Agora você verá o resultado disso.”

Dhalim dá as costas para Kain.

“O que pretende fazer?”

O cosmo de Dhalim brilha intensamente encobrindo seu corpo e o de Kain que agoniza de dor. Seu corpo expele seu sangue tingido o solo.

“Você… pode ter-me… vencido… moleque, mas… saiba que… existem guerreiros… mais poderosos que eu…”

Kain morre deixando restos de destruição e morte.

Continuação CLIQUE AQUI.

2 Replies to “Saint Seiya – Crônica das Guerras Mitológicas (versão estendida)”

  1. eu acho que tá um pouco grande, a história está ótima mas, o texto tinha que ser um pouco menor, é cansativo ler esta quantidade de texto.

    espero que me compreenda.

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