Lost Canvas – Gaiden Especial: A Armadura Esquecida
Há exatamente 246 anos, um pouco antes de Tenma se tornar Cavaleiro de Bronze de Pégasus, Athena e todo o Santuário sentiram a perda de um grande cavaleiro, Barnard, que vestia a esquecida Armadura de Ouro de Ofiúco.
Armadura está esquecida porque antes da construção do próprio Santuário, logo quando as primeiras Armaduras, as de Ouro nasceram, eram exatamente treze, mas a armadura de Ofiúco tinha algo diferente, ela carregava uma gigantesca energia dentro de si. Diferente das outras, sua energia era igual à de relâmpagos e ela própria não conseguia conter toda energia dentro de si. Assim os primeiros a tentarem vesti-la morreram. Por esse motivo esta armadura foi rejeitada e passou a ser guardada na sala do Grande Mestre e ninguém mais teve esperanças de trajar e usar seu poder, ninguém a não ser Línio, antigo Cavaleiro de Ouro de Escorpião e mestre de Kardia e Barnard.
Línio treinou Kardia para ser seu sucessor e vestir a Armadura de Escorpião e treinou Barnard para suportar e controlar o poder da Armadura de Ofiúco para poder utilizá-la.
Durante a última prova de Barnard, que era vestir e dominar o poder da Armadura, algo saiu errado. Ele custou a dominar o poder e várias descargas elétricas foram lançadas aos arredores. Kardia se afastou, Línio olhou com tristeza para Barnard e tentou se aproximar para ajudar seu discípulo, mas foi atingido mortalmente pelos raios e não resistiu. Barnard por sua vez ao ver seu mestre morto por sua causa, se culpou e com lágrimas em seus olhos e gritos estridentes saindo de sua garganta, sobrepôs seu cosmo ao da Armadura e a fez controlável.
Mais tarde, Kardia assumiu o posto de Cavaleiro de Escorpião e passou a proteger sua casa correspondente. Como Barnard não tinha casa para proteger, vivia andando pelos arredores em patrulha ou conversando com Kardia, o único que conseguia se aproximar, talvez pelo gênio confiante dele. Também conversava com outros Cavaleiros, mas com certa distância. O que gostava mesmo era assustar os aspirantes a Cavaleiro quando cochilavam em suas rondas noturnas.
Um dia durante o crepúsculo, Sasha passeava acompanhada de Sísifo pelos arredores do Santuário. Ao longe, Barnard os observava com certo ciúme. Ele queria poder passear com Sasha, mas temia machucá-la e se limitava a lhe cumprimentar com certa distância.
Enquanto os observava, sentiu um poderoso cosmo e viu pelo rosto de Sísifo que este também sentira, mas era tarde para fugir. Uma estrela cai em sua frente, surgindo um Espectro:
– Olá querida Athena, eu sou Myu de Borboleta, a Estrela Terrestre Encantada.
Imediatamente, Barnad surge entre eles e grita para Sísifo:
– Leve a Senhorita Sasha para longe!
Sísifo olha com olhar de preocupação para Barnard enquanto segura a mão de Sasha e grita:
– Não! Deixe-me cuidar deste Espectro, você não pode…
– Você não entende?! A nossa prioridade é a proteção de Sasha, que é nossa deusa Athena, por mais que eu queria poder levá-la a salvo para o Santuário, eu não posso correr o risco de feri-la! – exclama Barnard.
Sísifo balança a cabeça como sinal de aprovação e leva Sasha para longe enquanto Myu enfrenta o Cavaleiro de Ofiúco.
– Vai se arrepender por ter se intrometido em uma luta que não lhe pertencia. ”Fios de Seda!” – Com este grito, Myu lança de suas mãos centenas de fios que envolvem o corpo de Barnard. – Fique aí até que eu volte com a cabeça de Athena, então iremos conversar – diz Myu sorridente.
– Pensa mesmo que esses fios fracos vão me deter? Acho melhor prestar mais atenção. – diz Barnard confiante enquanto usa a energia de relâmpagos contida na Armadura para se libertar dos fios de seda criados pelo Espectro.
Com um sorriso no rosto, o Cavaleiro de Ofiúco vai na direção de Myu e usa seu golpe “ Garras do Trovão”! Com isso, vários relâmpagos saem de suas unhas em direção ao inimigo.
Myu usa suas asas para poder desviar do golpe do Cavaleiro, mas tem uma das asas de sua Sapuris arrancada.
O Cavaleiro tenta atacá-lo novamente, mas é impedido pela telecinese de Myu que o paralisa totalmente.Myu ri do cavaleiro e diz:
– Barnard, não é mesmo? Conheço seu mestre, Línio, coitado tenho pena dele. Ele ficou tão decepcionado com você porque não conseguiu controlar a Armadura a tempo.
– Meu mestre?- Indaga o cavaleiro – De onde o conhece? Como sabe disso?
– Ora, eu o conheci no Inferno, de onde mais poderia ser? – Diz o Espectro enquanto aprecia o rosto de sofrimento de seu adversário. – Ele ficou tão triste porque te ensinou tudo que sabia e no final… Você o matou.
O rosto de Barnard muda e ele grita enquanto usa seu Cosmo para se livrar da telecinese:
– Não! Meu mestre nunca diria isso! Ele sabe que eu fiz de tudo para conter o poder da Armadura! Você vai se arrepender por ter colocado palavras imundas na boca dele.
O Cavaleiro usa toda sua força e desfere um poderoso soco carregado de eletricidade no rosto de Espectro de Borboleta, que fica com a boca sangrando.
Então o Espectro, realmente furioso, invoca as Fadas, as Borboletas do Mundo dos Mortos e diz:
– Espero que elas sejam agradáveis durante sua viajem para a morte: “Encantamento das Fadas!”
No momento que termina de anunciar seu golpe, Myu repara que Barnard está envolto por uma cápsula de raios e ao elevar seu cosmo, o Cavaleiro expande a cápsula até atingir mortalmente as fadas. O Espectro por sua vez salta para traz, conseguindo se salvar da gigantesca cápsula elétrica que logo é desfeita.
– Nunca subestime um Cavaleiro, pode ser seu último erro. – Diz Barnard pouco antes de cuspir uma grande quantidade de sangue e deixar visível que seu braço direito está agora imóvel. – Ao mesmo tempo em que os raios são mortais para você também são para min, parece que eu não sou tão invulnerável à Armadura de Ofiúco.
O Espectro encara seriamente o Cavaleiro, enquanto ergue um de seus braços e anuncia um novo golpe:
– “Juízo Final!” – Com este poder, vários feixes de luz flexíveis como chicotes, mas afiados como espadas atacam Barnard.
O Cavaleiro fica com boa parte da Armadura destruída e com o corpo totalmente machucado. Ele mesmo não acredita como seu corpo pode sangrar tanto e é nesse momento que relembra seu falecido mestre:
– Mestre, não importa qual seja o preço a pagar, eu irei com certeza deter este Espectro, não só ele como também esta Armadura que fere a todos. Não irei falhar, nem com o senhor, nem com Athena!
O Cavaleiro de Ofiúco concentra todo o seu Cosmo e salta em frente a Myu, que imediatamente invoca novas fadas e afirma que não importa quantas tenha que invocar, pois o Cavaleiro irá morrer.
Mas o Barnard usa outro golpe. Ao socar o chão ele invoca um gigantesco raio seguido por relâmpagos menores que atingem o Espectro enquanto grita:
– “Trovão Imperial!”
Myu urra de dor ao receber toda a potência do golpe de Barnard e espalha uma quantidade absurda de seu sangue pelos ares. Entretanto, ao olhar o adversário repara que este tem seu corpo sangrando cada vez mais e um olho cego. Talvez pela potência que a Armadura exerceu sobre seu corpo.
Myu sorri e fala com sangue em sua boca:
– Saiba que esta será sua última batalha! Se não morrer através de minhas belas fadas, morrerá pelos danos causados por sua Armadura.
O Espectro invoca novas fadas que grudam no corpo de Barnard.
– Você tem razão. A Armadura de Ofiúco não suporta mais seu poder instável e ele não conseguirá manter-se contido por mais tempo. – Afirma o Cavaleiro quase morto.
– “Encantamento das Fadas!” – Insiste o Espectro.
Ao sentir que as fadas o levariam e que sua Armadura de Ouro não suportaria mais, Barnard avança até Myu com o corpo repleto de relâmpagos e o abraça, dizendo:
–Iremos juntos para o Inferno!
O rosto do Cavaleiro é sereno enquanto o de Myu é de completo desespero. Não há mais nada a ser feito, as fadas levam os dois à morte e pode ser visto no local um vestígio de uma grande explosão de raios e a Armadura permanece lá.
A jovem Sasha, a Athena desta era, está em seu templo observando as estrelas e sente desaparecer por completo o Cosmo do Cavaleiro de Ofiúco. Imediatamente ela ajoelha e começa a chorar, lamentando o sacrifício dele. Mas ela levanta seu rosto ao sentir uma suave brisa e depara-se com ele, de pé na sua frente e todo machucado. Ela não aguenta e chora mais desesperadamente.
– Não chore, senhorita Sasha. Não me agrada vê-la assim. – diz Barnard enquanto se ajoelha e acaricia o rosto da jovem deusa. – Eu não quero que você e nem as próximas gerações fiquem menos protegidas pela perda de uma Armadura de Ouro, por isso ela ficará com seu poder adormecido na forma de Armadura de Prata, até que surja alguém capaz de trajá-la e despertá-la em sua forma original.
Barnard revela uma urna de prata com a imagem da constelação de Ofiúco e continua a falar com a deusa:
– Pode não ser mais de ouro neste momento, mas esta não irá ferir nenhum amigo – diz enquanto sorri.
O falecido Cavaleiro, com seu polegar limpa as lágrimas do rosto da jovem, pega sua mão e beija seu rosto como um gesto de carinho, antes de desaparecer por completo.
Sasha se levanta e sorri para as estrelas dizendo:
– Muito obrigada por tudo, Barnard, o Cavaleiro de Ouro de Ofiúco.
A constelação da amazona de prata Shina é na verdade Ophiuchus (Ofiúco, Ofiúcus ou Ofídius – Cobra), o Serpentário. Atualmente, é uma constelação do zodíaco, pois após milhares de anos entrou na Eclíptica, o plano da órbita da Terra ao redor do Sol. O genitivo, usado para formar nomes de estrelas, é Ophiuchi.
Representa-se o Serpentário como um homem segurando a Serpente, que fica dividida em duas partes no céu, Serpens Caput (Cabeça da Serpente) e Serpens Cauda (Cauda da Serpente), sendo mesmo assim contadas como uma única constelação. A Cabeça da Serpente fica predominantemente no hemisfério celestial norte, e faz fronteira com Hercules, Corona Borealis, Boötes, Virgo e Libra. A Cauda, mais ao Sul, tem por vizinhas Aquila, Sagittarius e Scutum.
Na mitologia, Serpente é a cobra sendo capturada pelo Serpentário, e assim essas duas constelações estão diretamente ligadas. Originalmente, formavam uma única constelação posteriormente separada. Talvez o fato de Serpentário dividir ao meio a Serpente (em cabeça e cauda) tenha relação ao mito envolvendo as duas constelações: o deus-patrono da medicina, Esculápio, ao morrer fulminado por um raio de Zeus, fora imortalizado pelo próprio nas estrelas em reconhecimento por suas habilidades. Seu nome significa “cortar, extirpar”. A serpente era associada à saúde devido à sua troca de pele, o que representaria renascimento aos gregos; ademais é em seu próprio veneno que se encontra a cura para o mesmo.
Foi descoberto no teto do templo de Dendera um calendário zodiacal com os 12 signos do Zodíaco moderno (de Áries a Peixes) e um 13º signo chamado Ofídius, simbolizado pela cobra. Para eles, esse réptil era considerado símbolo da energia solar e de poder. No Zodíaco de hoje, Ofídius foi retirado, já que para muitos, a serpente é um animal maldito. Basta lembrar que foi ela quem “tentou” Eva no Paraíso, para os judeus e cristãos. Porém, para os egípcios, o calendário de 13 signos significava a perfeição do céu. Era divido em 13 casas com suas correspondências zodiacais, formando um círculo perfeito de 360 graus, já que, este calendário era de 360 dias, simbolizando a harmonia entre o céu e a terra, à noite e o dia e os humanos com os deuses. Para essa cultura milenar, seu país era um espelho do céu e o Nilo equivalia à Via Láctea. De fato, como já foi observada por muitos egiptólogos e investigadores, essa ideia presidia na localização, disposição e orientação dos edifícios sagrados. Em um determinado momento do ano, no verão, em uma específica hora da noite, o Nilo, perto da Grande Pirâmide, está perfeitamente alinhado com a Via Láctea (e as três pirâmides com a Constelação de Orion), como se fosse sua continuação. Quem presenciou esse fenômeno, conta que ficou assombrado diante de tal maravilha. Além do mais, o Nilo é o único rio do mundo que corre de Sul a Norte (comprovado cientificamente). Para os físicos e geólogos, isso é um total mistério, já que todos os rios do planeta correm ao contrário, ou seja, de Norte a Sul. Essa peculiaridade do Nilo só poderia ter sido modificada artificialmente milênios atrás, segundo os científicos. Por quem, por que e como, não se sabe. Os investigadores somente chegaram a uma única conclusão: que se o Nilo não “funcionasse” assim, a cultura egípcia não teria sobrevivido e prosperado, já que dependiam de suas águas para transporte e alimento.
Adorei essa historia…realmente linda =) me emocionou…parabens para os criadores dela =D
Muito obrigado! Agradecemos!