Hipermito
. : O Hipermito de Saint Seiya : .
O Hipermito é um texto oficial publicado na revista Cosmo Special da Shueisha, a mesma editora que publicou o mangá de Saint Seiya nos anos 80 e 90. Seu título original é A História das Grandes Guerras Santas e é realmente uma leitura obrigatória para os fãs dos Cavaleiros do Zodíaco. O Hipermito conta as Guerras Santas do passado, desde a criação do Universo e revela as origens das Armaduras e dos Cavaleiros, além dos mistérios relacionados com uma futura Saga de Zeus. Infelizmente, foi publicado apenas no Japão, em edição limitada em 1988 (Cosmo Special) e posteriormente na Monthly Comic Tokumori em 2001.
O Hipermito de Saint Seiya
O INÍCIO: Nascimento do Mundo e a Grande Vontade (Big Will)
No começo dos tempos somente havia o Nada (o Caos). Duas entidades não materializadas apareceram: o Céu (Urano) a a Terra (Gaia). De sua união nasceu a primeira raça: Titãs e Gigantes. Mas desde o começo, os Titãs se sobrepuseram aos Gigantes.
Então veio o Big Bang, criado pelos Titãs (e aparentemente por Cronos, em especial). Foi o nascimento de um Universo em expansão. O Big Bang se espalhou pelo Cosmo dos raios de luz que deram vida a tudo que tocaram. Esses raios de luz eram chamados de Grande Vontade (Big Will, no original). A Grande Vontade corresponde ao Nono Sentido, o sentido supremo que inclui os outros oito. Como se sabe, todo ser humano tem cinco sentidos (visão, audição, tato, paladar e olfato). Eles também possuem um sexto sentido que alguns desenvolvem, a intuição. O Sétimo Sentido, o Cosmo Definitvo (Ultimate Cosmo), torna possível aumentar o nível de poder equivalente aos Cavaleiros de Ouro, e o Oitavo, o Arayashiki, torna possível manter-se vivo no Mundo dos Mortos, e não se tornar um prisioneiro de lá. Shaka (que é a reencarnação de Shakyamuni, o primeiro Buda) foi o primeiro a despertar o Oitavo Sentido, e é por isso que ele é chamado de “homem mais próximo de Deus” (Kami no mottomo chikai otolo). Por último, o Nono Sentido, Grande Vontade (Big Will ou Divine Will), permite a imortalidade do coração, mas não do corpo. É por isso que os deuses são obrigados a reencarnar regularmente (em um ciclo que dura cerca de 250 anos). Qualquer um que consiga despertar o Nono Sentido se tornará uma divindade. Foi o que aconteceu com Buda, que alcançou o Nirvana após anos de meditação, assim como é o caso de Cristo.
Um dia, o Big Will, símbolo do poder espiritual, revelou-se ao mundo.
O Big Will é o poder dos deuses, os humanos não podem compreender sua real natureza.
A ERA DOS DEUSES
Embora a imortalidade do coração esteja assegurada, os deuses só reencarnam com intervalos regulares… Muito rapidamente, as guerras acontecem entre as várias divindades e sua ira se reflete nos homens, que se transformaram em seus mensageiros.
Prometeu está na origem da humanidade. Um dia, andando pela Terra deserta, ele decidiu modelar seres de barro a quem chamaria “homens”. Esses homens foram criados com a imagem de deuses. Esses seres não possuíam vida, e Atena interviu e deu-lhes um coração. Zeus, satisfeito com o presente que sua filha havia oferecido à humanidade, ofereceu a ela a responsabilidade pela Terra e pela proteção daqueles a quem ela tinha dado vida.
Mas a presença de novos seres na Terra deu origem a um sentimento de irritação e hostilidade em outros deuses, e isso levou a muitos conflitos. Uma série de Guerras Santas teve início.
Somente três deuses não possuem forma nem vontade humana, são de natureza espiritual: Gaia (a Terra), Uranos (o Céu) e Pontos (o Oceano).
Zeus, Hades e Poseidon foram os primeiros com forma e vontade humana a alcançar o “Big Will” e a serem adorados como deuses. Eles assumiram o controle da Terra, do Reino dos Mortos e dos Oceanos.
Por seu domínio do “Big Will”, esses deuses ganharam uma alma imortal, porém seus corpos são mortais. Eles, assim, têm que encarnar regularmente (a cada 250 anos em média) e alcançar o “Big Will” de novo. Desta maneira, Saori Kido se tornou Atena somente quando realmente descobriu quem era e quando se tornou madura o suficiente para usar seu Cosmo, justamente antes das batalhas contra o Santuário. Naturalmente você pode ver no mangá que quem revela a identidade de Atena aos Cavaleiros é a própria Saori, não Tatsumi… Mas talvez ela mesma tenha descoberto a verdade muito antes do começo do mangá… Quem sabe?
Julian Solo tornou-se Poseidon somente no penúltimo episódio da série…
(Bom, sobre a Saori tornar-se Atena somente após algum tempo, é algo contestável, já que ela salvou Kanon, através de seu cosmo, quando ainda era recém-nascida)
Não há rastro de Zeus em Saint Seiya, mais talvez essa não seja toda a verdade…Diz a lenda que Zeus desapareceu um dia, deixando a soberania da Terra à Atena. Costuma-se dizer que: “Se entenderá o significado da vida quando se entender as razões da partida”. De qualquer maneira, é óbvio no mangá, mesmo não dito explicitamente, que Zeus reencarnou em Mitsumasa Kido, o fundador da Fundação Graad. Depois de cuidar um pouco de Saori, desapareceu de novo e voltou a reger sobre o céu, como podemos ver quando Saori esta falando com ele no planetário. Além do mais, quem poderia ter sido capaz de seduzir tantas mulheres em tão pouco tempo?
AS GUERRAS SAGRADAS
As Guerras Sagradas são batalhas entre os deuses, e assim também entre os humanos que os veneram. Essas guerras sempre tem como motivo a possessão da Terra, que é de Atena.
O primeiro deus que “enlouqueceu” dentre todos foi Poseidon, deus dos Mares. Determinado totalmente a conquistar o mundo, ele rodeou-se com sete guerreiros extremamente poderosos, cada um representando um dos mares, e os nomeou Generais. Ofereceu aos seus Generais e Marinas armaduras de origem desconhecida (provavelmente criadas pelo próprio Poseidon), chamadas de Escamas (Scales); Os monstros mitológicos como sirenes (bruxa do mar), sereias, krakens, foram inspiradas pelas formas destas armaduras, não o contrário.
Foram feitas de Oricalco (orichalchum), um metal que de acordo com uma lenda Selenia provém de um meteoro vindo das proximidades de Saturno e que se chocou em Atlântida há muito tempo atrás. Qualquer um que utilize armas feitas a partir desse material poder ser invencível…
(O oricalco, segundo Platão, era um metal extremamente resistente, usado na Atlândida.)
A guerra começa. Poseidon envia seus exércitos, e Atena, que odiava a violência, envia jovens cujas únicas armas eram seus punhos e a coragem.
Todos os seus guerreiros morriam um a um e somente jovens garotos ainda estavam dispostos a lutar (em memória deste fato, somente adolescentes estão autorizados a se tornarem Cavaleiros…). Assim, Poseidon rapidamente avançou sem encontrar resistência.
Atena não queria ver seus guerreiros sofrendo e decidiu dar a eles armaduras.
Para essa tarefa, chamou os alquimistas do continente onde viviam os ancestrais de Mu, o qual se localizava no meio do Oceano Pacífico e forjaram estas armaduras. Atena mesma as desenhou, inspirada nas formas que via em cada uma das 88 constelações. Um Cavaleiro assim teria que estar em harmonia com a constelação que inspira sua armadura para estar autorizado a usá-la; Em outras palavras, tem que estar protegido por estrelas de uma constelação, assim como os cavaleiros de ouro precisam ser do mesmo signo de suas armaduras.
Kurumada já havia deixado indicado no mangá que Mu era descendente do povo desse continente desaparecido, chamado Lemúria, ou Terra de Mu segundo alguns. Essa civilização teria conhecimentos muito mais avançados que os nossos.
Estas armaduras não foram feitas de Oricalco, sim de Gamânio (gammanium, dito o metal mais resistente) e de pó de estrelas, o qual contém o “Big Will” e dá vida as armaduras… Mu restaurou duas vezes com este pó as armaduras dos Cavaleiros de Bronze para fazê-los mais fortes. As armaduras tem corações, aptos a reconhecer o valor de um cavaleiro (percebe-se bem isso no caso de Máscara da Morte), a se desenvolverem/mudarem de forma (as de bronze o fazem diversas vezes) mas também a morrer. Portanto, quando uma armadura morre, um cavaleiro deve dar dois terços de seu sangue para ressuscitá-la. Se uma armadura não morresse, mas se ferisse, ela poderia se regenerar sozinha em sua Caixa de Pandora.
Talvez as armaduras de Atena não sejam feitas de Oricalco, mas no mangá Mu usa Oricalco para restaurar as armaduras de Shiryu e Seiya.
Mu e Kiki são os últimos descendentes da gente do antigo continente…Este mítico continente foi absorvido pelos mares faz muito tempo durante outra Guerra Sagrada, na qual se enfrentaram os Cavaleiros e os Titãs, seres que provocaram A Grande Explosão (Big Bang), que provavelmente fez vir à terra a vontade de Hades.
O poder das armaduras dependia de sua categoria (há 12 de Ouro, 24 de Prata, 48 de Bronze e 4 de origem desconhecida que Masami Kurumada não mencionou, nem utilizou no mangá).
Essa contagem é contradita pelo mangá da Saga G, segundo o qual existem 12 armaduras de ouro, 24 de prata e 54 de bronze, ou seja, não há as 4 armaduras de origens desconhecidas.
Atena então cria a Ordem dos Cavaleiros (Athena Holy No). Desde então, ela reencarna na Terra justamente antes do começo de cada Guerra Sagrada para dirigir seus guerreiros, reunidos no Santuário sob às ordens do Mestre (Kyoko, em japonês) o qual executa a vontade da deusa.
Com a ajuda de suas armaduras, os Cavaleiros repelem os Marinas aos mares. Poseidon, cego de raiva, reúne então seus guerreiros em seu templo gigante situado em Atlântida (ou Atlântis).
Atena, decidida a acabar com a Batalha, envia oito de seus Cavaleiros para destruir o templo, os Marinas e mandar todo o continente diretamente às profundezas.
A deusa então encerra a alma de Poseidon em uma ânfora no Pólo Norte e envia alguns Cavaleiros a resguardá-lo. Estes Cavaleiros estabelecem-se lá e, com o tempo, esquecem suas origens e se tornam os Blue Warriors (eles só aparecem no mangá que ademais são protótipos dos guerreiros deuses de Asgard).
Seriam os Blue Warriors guerreiros de Atena? Segundo Camus, eles são guerreiros da mitologia nórdica.
Essa primeira Guerra Sagrada entre Atena e Poseidon foi a primeira de uma série de sete outros confrontos que se seguiram. Na época do segundo levante do Imperador dos Mares, este havia instalado seu Templo sob o Mediterrâneo, perto do Cabo Sounion, onde a deusa aprisionava seus rebeldes. Por isso o Mediterrâneo encontra-se sobre o Pilar Central (Hand Blade Winner).
NASCIMENTO DE UMA LENDA
Depois de sete gerações, Atena constrói o Santuário, constituído de doze templos, as doze casas do zodíaco, defendidas pelos cavaleiros de ouro, perto da cidade de Atenas.
Nisso então segue um período caótico, durante o qual a deusa e seus Cavaleiros tem que confrontar os Gigantes, que haviam sido dominados pelos Titãs no passado (esta guerra contra os Gigantes é chamada de Gigantomaquia). A mesma Atena teve que intervir para derrotar o último e mais poderoso deles, Encélado, que foi encarcerado sob a Sicília. Diz a mesma lenda que: “O Monte Etna é a abertura pela qual Encélado despeja o fogo de sua ira “. Outra lenda posterior diz que o prisioneiro do monte não é Encélado e sim Tífon que havia sido derrotado anteriormente por Zeus.
Gigantomachia é um termo usado para designar batalhas entre os deuses (não necessariamente gregos), pela hegemonia no mundo. No Japão está sendo escrita (não por Kurumada) uma história de Saint Seiya narrando essa guerra.
Depois desta guerra, os Cavaleiros tiveram que lutar com o deus Ares, amigo de Hades. Esta luta foi sem dúvida a mais terrível. Ares dirigiu os seus Berserkers (assim que se chamam seus guerreiros), organizados em quatro legiões (Terror, Fogo, Chamas e Calamidade) a destruir os 58 Cavaleiros ativos neste momento (igual ao número de Cavaleiros na geração de Seiya).
A deusa decidiu, sem outra alternativa, por primeira e última vez antes do começo da série, permitir ao Cavaleiro de Libra utilizar as armas de Oricalco que são parte de sua armadura sagrada… Os Cavaleiros foram então capazes de repelir Ares ao Mundo dos Mortos, o que causou indiretamente o primeiro conflito entre Atena e Hades… Nesse tempo, Hades foi ferido, pelo Cavaleiro de Pégaso, bastante parecido com Seiya.
É interessante notar que as armas de Libra, ao contrário das outras armaduras, foram feitas de Oricalco, o que explica o fato delas conseguirem destruir o esquife de gelo de Camus e os 7 Pilares dos marinas.
Quanto ao cavaleiro de Pégaso que feriu Hades, ele é mencionado pelo próprio deus, que diz que Seiya é idêntico ao único homem que o havia ferido.
Foi após essa Batalha que um jovem cavaleiro foi recompensado por sua honestidade perante Atena, sendo dada a ele a legendária espada Excalibur pela deusa e foi elevado a categoria de Cavaleiro de Ouro de Capricórnio.
CALMARIA ANTES DA TEMPESTADE
E os dias pacíficos passaram. Mais adiante, um inferno sobre a Terra, a pequena Ilha da Rainha da Morte, foi descoberta no meio do Oceano Pacífico, na Linha do Equador. Foi o lugar perfeito para que alguns alquimistas rebeldes forjassem os protótipos das armaduras negras. Estas armaduras eram muito poderosas, apesar de não serem reconhecidas oficialmente por Atena. A ilha na verdade era uma parte montanhosa do continente desaparecido de Mu. A ilha se tornou com o tempo o único lugar ao qual iam todos os homens que não tiveram a força e o espírito necessário para se converter em Cavaleiro, porque obter uma armadura ali era possível.
Os alquimistas rebeldes não puderam (não tiveram tempo nem conhecimento, já que seu continente despareceu em curto tempo) produzir algo mais que simples cópias das armaduras de Bronze. Eles se concentraram em produzir cópias da armadura de Fênix, que se dizia ser a mais poderosa entre aquelas que eles conheciam.
Mas é claro que essas cópias da armadura de Fênix não possuem os mesmos poderes da original.
A deusa decidiu então enviar um Cavaleiro à Ilha, para evitar que estas armaduras deixassem esse lugar. Este Cavaleiro teria de ser poderoso, mas ao mesmo tempo não muito importante para não fazer falta ao Santuário, já que teria que viver na Ilha para sempre. Mestres sucessivamente enviaram assim os seus guerreiros mais cruéis à ilha, e eles eram obrigados a usar uma máscara que simbolizava o compromisso com a Ilha. A máscara foi realmente o símbolo da ilha, qualquer um que quisesse sair dali teria que destruir o portador da máscara ou jurar nunca abandonar a ilha. Mas também se podia acabar com aquele que possuía a máscara muito antes!
Guilty, pai adotivo de Esmeralda e mestre de Ikki foi um deles.
Também é preciso dizer que Ikki foi o primeiro homem da história a obter a armadura sagrada de Fênix… Já que ninguém antes dele teve o cosmo suficiente para canalizar a energia de Fênix.
RUMO AO HADES
Em 1743, o príncipe da escuridão regressa a Terra… Hades declara guerra a toda humanidade, só por repugnância a nós. Com 79 armaduras sagradas ativas, (o número mais alto já alcançado, essa guerra foi terrível para os cavaleiros de Atena, sendo que somente dois Cavaleiros sobreviveram a esta terrível batalha: Shion de Áries (outro descendente do povo de Mu), que foi nomeado Mestre posteriormente e Dohko de Libra, futuro mestre de Shiryu. Todos cavaleiros caem perante a violência dos 108 Espectros, ou Estrelas Maléficas de Hades, protegidos por suas escuras Sapuris, de origem desconhecida. Ao final da Batalha, Shion se tornará o novo Grande Mestre (o mesmo que seria morto por Saga 230 anos depois) e Dohko será encarregado de vigiar a torre, situada perto dos Cinco Picos Antigos, no qual haviam sido presas as almas dos 108 Espectros. Para tanto, Atena concedeu-lhe o dom da Misopheta Menos, que simulava o envelhecimento natural quando na verdade ele envelhecia apenas um dia por ano.
Esse número de 79 armaduras é contradito no mangá da Saga de Hades, que diz que 88 cavaleiros lutaram nessa Guerra.
Sobre as “almas dos 108 Espectros”, elas provavelmente são as “Estrelas Maléficas”. Isso quer dizer que os espectros só puderam utilizar todo seu poder quando o selo de Atena se quebrou e as Estrelas Maléficas foram libertadas.
Hades tentará sua vingança somente em 1973… Aguardando pacientemente para reencarnar no corpo de Shun.
Foi Hades quem perverteu a alma de Saga no tempo do Santuário para preparar sua vinda. Um projeto que impediria a ação dos Cavaleiros, sendo este o dia apropriado aos para os Espectros invadirem o Santuário afim de neutralizar Atena. A guerra que se anunciaria tombaria a maior parte dos valentes Cavaleiros, mas eles fizeram de tudo para proteger Atena, com bravura em honra do deus dos deuses.
Revisão e Adaptação: Diego Maryo