Saint Seiya Omega: Apsu, o deus da Escuridão!
Em Saint Seiya Omega
Medea foi a responsável por invocar a grande escuridão, o poder sagrado que cria e destrói todas as coisas, para derrotar Atena durante a batalha contra Marte e os Quatro Reis Celestiais. Amor de Peixes despertou seu mestre Apsu de dentro do corpo de Kouga, que emanou novamente o Cosmo de Trevas (Escuridão).
Nos mitos
Apsu, ou Abzu, do sumeriano “água distante”, era o nome das águas doces das fontes subterrâneas, com atribuições religiosas nas mitologias da Suméria e Acádia. No épico babilônico Enuma Elish, Apsu, o “procriador dos deuses”, está inerte e sonolento, mas encontra sua paz perturbada pelos deuses mais novos. Então decide destruí-los. Seu neto Enki, escolhido para representar os deuses mais novos, joga um feitiço em Apsu, o colocando em um sono profundo e assim o confina no Submundo. Em seguida, Enki cria seu lar nas profundezas das fontes aquíferas e assume todas as funções de Apsu, incluindo seus poderes fertilizadores como senhor das águas.
No mito e folclore do Oriente Médio e Europa, Abyzou é o nome de uma mulher demônio. Na tradição judaica é identificada com Lilith, para os nativos cristãos do Egito é conhecida como Alabasandria e na cultura bizantina como Gylou, mas em vários textos sobreviventes da antiguidade e da era medieval, ela se diz ter muitos ou inumeráveis nomes.
Embora o nome “Abyzou” pareça ser uma forma corrompida da palavra grega Abyssos (“o abismo”), o grego foi emprestado do assírio Apsu, ou suméria Abzu, o mar indiferenciado de que o mundo era criado no sistema da crença suméria, equivalente à Babilônia Tiamat ou hebraico Tehom no livro de Gênesis. O Mar foi originalmente bi ou assexuado, depois se dividindo em Abzu masculino (água doce) e Tiamat feminino (água salgada). Os demônios do sexo feminino entre os quais Lilith é o mais conhecido, muitas vezes é dito terem vindo do mar primordial. Na Grécia clássica, monstros marinhos do sexo feminino que combinam sedução e letalidade podem também derivar dessa tradição, incluindo as Górgonas (que eram filhas do antigo deus do mar Phorcys), Sereias, Harpias e até mesmo ninfas e nereidas. Na Septuaginta, a versão grega das escrituras hebraicas, a palavra Abyssos é tratada como um substantivo feminino, embora substantivos gregos que terminam em -os são tipicamente masculino. Abyssos é equivalente em sentido à Mesopotâmia Abzu, como o mar escuro caótico antes de Criação. A palavra também aparece nas escrituras cristãs, ocorrendo seis vezes no livro do Apocalipse, onde é convencionalmente traduzido não como “o abismo” (the deep), mas como “o abismo” do inferno (“the bottomless pit” of Hell).
No Antigo Testamento de Salomão, Abyzou (como Obizuth) é descrito como tendo uma “cara esverdeada brilhante, com cabelo desgrenhado de serpente”, o resto do seu corpo é coberto pela escuridão. O orador (Rei Salomão) encontra uma série de demônios, prende e tortura um de cada vez e questiona suas atividades, então ele os pune. Posta à prova, Abyzou diz que ela não dorme, mas vagueia o mundo à procura de mulheres para dar à luz; dada a oportunidade, ela vai estrangular recém-nascidos. Ela afirma também ser a fonte de muitos outros males, incluindo surdez, problemas nos olhos, obstrução da garganta, a loucura e dor no corpo. Salomão ordena que seja acorrentada por seu próprio cabelo e pendurou-a em frente ao Templo em público. O escritor do Testamento parece ter pensando no Gorgoneion, ou o ícone da cabeça da Medusa, o que muitas vezes é adornado em templos gregos e ocasionalmente em sinagogas na antiguidade. A inveja é um tema no Testamento e, durante seu interrogatório pelo rei, Belzebu se afirma que ele inspira inveja entre os seres humanos. Entre a sucessão de demônios amarrados e questionados, a personificação da inveja é descrito sem cabeça e motivado pela necessidade de roubar outra cabeça: “que eu agarre uma cabeça de um homem e coloque em mim mesmo”. Tal como acontece com a inveja de Sísifo para substituir sua cabeça, Abyzou (Obizuth) não pode descansar até que ela roube uma criança a cada noite.
O arcanjo Miguel confronta Abyzou e obriga-a a dizer a ele os 40 nomes que podem controlá-la. Na prática mágico-religiosa, o conhecimento do nome secreto de uma divindade, a força divina, ou demônio oferece poder sobre essa entidade. No Testamento de Salomão, o demônio declara que ela tem dez milhares de nomes e formas e que Rafael é sua antítese. Ela diz que, se o seu nome está escrito em um pedaço de papiro quando uma mulher está prestes a dar à luz, “Eu fugirei deles para o outro mundo”.
Ainda não se sabe ao certo a qual mitologia esse Apsu pertence. Mas pelo episodio 50, percebe-se uma dica. Esta dica esta nos seus hombros: aparecem duas cabeças, uma de touro e a outra de uma “ave de rapina”. Provavelmente esse “Apsu” nada mais é que o deus egípcio Ápis que, com a pronuncia japonesa, nos soa “apsu” devido ao “s” que se torna “su” no idioma niponico. Toda essa contradição que é gerada com o deus mesopotamico Apsu (deus das aguas subterraneas), não existiria com Ápis, deus com forma de Touro, da familia de Ptah, Isis e Osiris, portanto, um deus dos mortos, do submundo, das trevas. Por isso, uma deidade bastante cultuada no Egito faraonico. Enfim, espero que os proximos episodios nos revele essas questões mitologicas.
Jonatas,
Muito boa a sua resposta. De fato pensei também que poderia se tratar de Ápis, porém é complicado quando começam a misturar mitologias (ok, já fizeram isso na Saga de Asgard – mas essa também foi uma saga de fora de cronologia original de Kurumada) e fiquei procurando qual “elo” poderiam estar tentando usar na saga, que “mistura mais” os elementos ao invés de os explicar detalhadamente como nos animes (com muitos episódios) originais.
Apsu é visto como o “Deus da Escuridão”. Esse Deus está por trás de Marte. Porém Hades já foi enfrentado antes, então não poderia ser ele. Astrologicamente (mito astrológico) falando, a explicação da página de Apsu ser uma representação ou um dos nomes de Lilith faz muito mais sentido, pois Lilith na astrologia realmente tem o sentido de “emoções negativas”, “pólo destrutivo da vida” além, claro, das representações da Deusa Gaia (Terra) em seu aspecto sombrio, como aquele que absorve tudo o que chega a ela para poder criar uma nova vida, o lado “destrutivo” da criação.
Para mim, que uso a Astrologia como fonte de conhecimento, a associação entre Apsu e Lilith fez muito sentido. E, claro, lilith tem uma infinidade de nomes, é aquele aspecto negativo que temos todos em nós e não conseguimos superar – o que está sendo bem retratado no Anime com a dominação de Kouga – o personagem principal – pela escuridão. Ainda astrologicamente Lilith (a lua negra, as emoções negativas) só se “equilibra” com as ações da “Lua” propriamente dita, ou seja, ao descobrir do que realmente gostamos, o que valorizamos, o que amamos, o que nos faz bem, descobrimos a nossa fonte de prazer, satisfação e “lugar” nesse mundo, nos considerando como pertencente à ele, deixando de nos sentir “párias” em um universo que, às vezes, não é nada acolhedor. Provavelmente o que irá acontecer com Kouga na saga, descobrir o que valoriza para poder derrotar (ou somente afastar, pois existem coisas que não se podem vencer, apenas acalmar) Apsu.
Abraço,
Paulo
Excelentes observações e teorias. Gostei dos comentários! Obrigado e voltem sempre!
Obrigado Diego. Seu post foi muito bom também.
Abraço.
Não tem de que! Nós que agradecemos seu post.
Paulo,
Mesmo com o episodio 51 as coisas não ficaram tão evidentes. Fenotipicamente o deus Apis (Apsu) possui um touro de um lado dos ombros e uma rapina do outro, além de um corpo feminino com uma cauda. Deus da criação e da escuridão. Ainda acho que combina com o Apis egipcio. Seu comentário ficou muito bom acerca de Lilith, mas ela não era considerada deidade, principalmente da criação. Lilith era uma criatura e não uma criadora. Acho que, pelo episodio 51, mesmo com um corpo feminino (que pode remeter a Isis, talvez), Lilith não seria esse Apis (Apsu) que os niponicos quiseram nos mostrar. Nem no site oficial há uma explicação sobre esse deus. Como Marte (deus romano da guerra) havia substituido o monte de Atenas pela Torre de Babel (em sua pintura mais tradicional), houve essa associação com o Apsu babilonico. Bem, mas pelo que vejo, esse Apsu é ficticio mesmo, não pertencendo a uma mitologia classica. Mas Paulo, quanto a sua fala sobre os significados de Apis possuir Kouga e toda a reflexão que este deveria fazer, faz todo sentido e concordo com ela.
Abraço